Economistas e o senso comum quase nunca estão de acordo. Uma exceção a essa regra é que ambos os grupos têm horror à ineficiência do sistema educacional.
O fato de empresas estarem sendo obrigadas a gastar dinheiro com cursos básicos de português e matemática para seus funcionários, a fim de compensar as deficiências da rede de ensino, escancara a distorção do sistema.
Primeiro, pagamos, como sociedade, para construir e manter Escolas públicas. Mas, como seu desempenho é ruim, empresas precisam providenciar uma complementação, pela qual voltamos a pagar coletivamente, sob a forma de produtos e serviços mais caros.
Essa deturpação é percebida por todos, leigos ou especialistas. Os economistas, contudo, têm razões ainda mais profundas para denunciar a Educação ineficiente.
Para um indivíduo prosperar, basta que ele tenha um trabalho. Mas, para a sociedade progredir, é preciso que as pessoas façam seu trabalho, ou seja, que criem bens e serviços pelos quais alguém esteja disposto a pagar.
Evidentemente, quanto mais intelectualmente preparada a força de trabalho estiver, mais eficiente tende a ser sua produção e mais facilmente ela pode ser readaptada para outras funções.
Como explica Bryan Caplan, é aqui que o divórcio entre economistas ortodoxos e o senso comum chega a seu clímax. Enquanto a população vê o desemprego como "destruição de postos de trabalho", especialistas nele veem a "essência do crescimento econômico, a produção de mais com menos".
Exemplo relatado por Michael Cox e Richard Alm pode ser esclarecedor: "Em 1800, era preciso utilizar quase 95 de 100 americanos para alimentar o país. Em 1900, 40%. Hoje, 3%... Os trabalhadores que deixaram de ser necessários nas fazendas foram usados na produção de casas, móveis, roupas, cinema...".
Essa profusão de bens, serviços e inovações gera muito mais riqueza do que a economia de quase subsistência do início do século 19. E quanto mais sofisticada fica a economia mais dependente ela se torna de Educação básica de boa qualidade.
Deixar de resolver essa lacuna traz o duplo fardo de limitar o crescimento e tornar mais traumático o processo de realocação da mão de obra.
Hélio Schwartsman, in: Folha de São Paulo (SP)
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