O economista Gustavo Ioschpe fez uma sugestão que pode virar lei federal: obrigar escolas públicas a afixar na porta sua nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
É o mais importante indicador de qualidade da Educação, que dá, de zero a dez, uma média para cada escola baseada na taxa de aprovação de alunos e em testes de português e de matemática.
Além do baixo custo, a ideia tem o mérito de estimular o debate sobre como fazer com que os milhões gastos com avaliações educacionais revertam em melhoria da qualidade. Uma vez escancarando o Ideb, supõe-se que pais vão se mobilizar para cobrar melhor ensino.
Mas há um cuidado a ser tomado. Estudos comprovam que o principal fator a explicar o desempenho do aluno é extraescolar: as características dos pais, especialmente renda e Educação. Escolas que atendem crianças mais ricas, em geral, têm médias maiores não necessariamente por seus méritos, mas pelo perfil do aluno.
O Ideb é um indicador inteligente por combinar aprovação e desempenho, sinalizando que é preciso melhorar o aprendizado sem elevar a repetência. Mas falta-lhe uma ponderação que considere o perfil de aluno atendido.
Neste debate, poderíamos olhar para o exemplo da cidade de Nova York, administrada pelo bilionário Michael Bloomberg, e que talvez mais longe foi com a ideia de que é preciso avaliar e cobrar resultados. A avaliação, lá, compara cada unidade levando em conta o resultado de outras com perfil semelhante de alunos.
Escolas que atendem alunos mais pobres no Brasil deveriam ser as de maior investimento e com melhores professores. Infelizmente, não é o que acontece. Mas isto não é desculpa para que deixemos de exigir um mínimo de qualidade. Apenas é preciso ser justo e cobrar o possível, sem esperar milagres.
Antonio Gois, in: Folha de São Paulo (SP)
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