Há cada cinco brasileiros, um é analfabeto informal. Estes aceleram o consumo sem noções básicas de matemática, cultura e civilidade.
Verdade seja dita, a baixa renda e a nova classe média, intituladas como classes D, E e C mudaram demais nos últimos 10 anos o cenário econômico do País. Graças a elas, a crise econômica americana do subprime, no Brasil, teve efeito ameno em relação ao resto do globo.
O varejo e a indústria nacional descobriram novas possibilidades, cada vez mais conseguem atender esse novo consumidor de uma maneira customizada, de acordo suas necessidades e aspirações, em detrimento ao velho modelo de adaptar produtos e serviços, fornecidos as classes mais favorecidas.
A nova estrutura econômica passa pela estabilização da moeda, incentivos governamentais, fomento ao crédito e cenário econômico internacional instável.
O consumidor de baixa renda vem se acostumando ao consumo mais regular de produtos antes, altamente supérfluos, como iogurtes, amaciantes de roupa, xampu, entre outros e a serviços como manicure, cabeleireira e entregas em domicílio, além de vislumbrar a possibilidade de aquisição de produtos que não passavam de sonho, em um passado próximo, como carro, celular, televisão de plasma entre outros mimos eletroeletrônicos.
Esse Brasil, consumidor e crescente da baixa renda dos últimos anos, contrasta com outro país vivido por essa mesma baixa renda, que no médio e longo prazo será fator inibidor da pujança de agora.
Segundo o resultado do primeiro levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), para analisar a relação entre os sistemas de ensino e a tecnologia, elaborado com dados de 2009 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as escolas brasileiras não estão equipadas e o Brasil é o último em uma lista de 38 países avaliados em relação ao número de computadores por alunos na escola.
Metade dos alunos no Brasil não tem acesso a computador, porém 53% dos estudantes de 15 anos têm computador em casa, uma melhora significativa para uma taxa de 23% registrada há 10 anos, porém é uma melhora insuficiente se isolarmos a classe A e B do universo pesquisado.
A queda no percentual mostrará a realidade de exposição da baixa renda à informação e tecnologia. O PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2010, realizado pelo IBGE aponta que de cada cinco brasileiros, um é analfabeto informal, isso significa dizer, que a pessoa sabe apenas escrever o nome.
Mais uma vez se levarmos em consideração a exclusão, das classes A e B na pesquisa, temos aumento significativo desse índice, nas camadas mais populares da economia.
A dicotomia entre o País em crescimento do consumidor da baixa renda contrasta com a realidade da falta de informação e principalmente da ausência de qualidade na Educação, infelizmente na gíria popular, durante todos esses anos foram dados alguns peixes para a população, mas nenhuma vara ou técnica de como pescar.
A pergunta que fica é até quando será possível ao mercado expandir sem alicerces e até onde o consumidor de baixa renda conseguirá consumir sem noções básicas de matemática, cultura e civilidade.
Você acha exagero? Então, dê uma olhada nas taxas do cartão de crédito, nos juros do financiamento pessoal e no limite do seu cheque especial.
Jornal do Commercio (RJ)
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