O país enfrenta um grande obstáculo na corrida para evitar um apagão de mão de obra: a falta de formação básica, que atrapalha a qualificação dos trabalhadores. Três setores com o problema tiveram de agir para enfrentá-lo.
O Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo), criado para ajudar na formação de mão de obra para o setor, começou a recorrer a cursos de reforço Escolar para os candidatos. Em anos anteriores houve dificuldade no preenchimento das vagas devido a falhas na Educação básica dos candidatos.
O assessor de petróleo e gás da diretoria de relações com o mercado da Firjan (federação das indústrias do Rio), Ziney Dias Marques, relata que muitos dos alunos inscritos nos cursos de formação da área não conseguem acompanhar as aulas.
"O maior problema é a formação básica. Boa parte dos alunos deixa a desejar em português e matemática." O setor de telemarketing e de relacionamento ao cliente pediu ajuda ao governo para enfrentar o problema. Os empresários sugerem desoneração da folha para que possam intensificar cursos de Educação básica.
Em uma sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com construtoras, a baixaEscolaridade foi apontada como a segunda barreira para a capacitação, atrás da rotatividade de emprego.
As construtoras Andrade Gutierrez e Even contrataram uma consultoria pedagógica para oferecer formação básica aos funcionários. "A gente não conseguia fazer com que eles completassem a qualificação", diz Camila Del Guercio, gerente da Andrade Gutierrez, que ofereceu os cursos na obra do Rodoanel.
Cerca de 40% dos trabalhadores formais do setor -quase 1 milhão de operários- não completaram o ensino fundamental, segundo levantamento da Cbic (Câmera Brasileira da Indústria da Construção Civil).
O presidente do Sinduscon-SP (sindicato patronal da construção), Sérgio Watanabe, vê dificuldades também em funcionários com fundamental completo. "Identificam as palavras, mas há problemas de entendimento."
O sindicato encomendou uma didática de reforço em português e matemática ao Sesi (Serviço Social da Indústria) para que os empresários pudessem oferecer aos trabalhadores nos canteiros.
Integrante de uma turma, Floresvaldo Silva, 43, espera não precisar mais pedir ajuda a colegas para cálculos e leitura de instruções nas obras. "A gente que não saber ler é como se fosse cego".
Folha de São Paulo (SP)
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