Na recente 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Educação permeou vários debates e propostas. Mas, apesar do esforço do governo e pesquisadores, dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram o Brasil como o oitavo pior país no ranking de analfabetismo no mundo. São 14 milhões de adultos brasileiros analfabetos. No mundo são 67 milhões.
Ocupamos a 7ª posição entre as potências econômicas, mas segundo a Unesco, ocupamos o 88º lugar em Educação. Temos cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais. Só um em cada quatro brasileiros de 15 a 64 anos pode ser considerado plenamente alfabetizado. A proporção de pessoas que não sabem ler ou escrever no Brasil é maior que a média na América Latina e no Caribe.
Segundo o Ipea, 98% das crianças brasileiras de 7 a 14 anos hoje estão na Escolas. Isso é fantástico, mas conter a evasão e oferecer ensino de qualidade é o desafio. O Brasil investe R$ 1.900 por ano em cada estudante do ensino básico e R$ 13 mil em cada estudante do ensino superior.
Em sete anos, o número de matrículas na Educação superior aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. Grande investimento, mas quais são os grandes impactos de pesquisas e grandes projetos socialmente importantes das universidades? Temos uma rede pública de ensino superior excepcional e é fundamental que ocorram grandes retornos sociais para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
Apesar dos grandes investimentos, infelizmente no último censo Times Higher Education, nenhuma universidade brasileira foi incluída nas 100 melhores do mundo.
Com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), o governo promete R$ 1 bi e criar mais 200 Escolas técnicas até 2014. Desse total, R$ 700 milhões vão para bolsas de estudo e R$ 300 milhões para financiamento estudantil.
Com isso, o governo espera reduzir um problema crônico para o crescimento dos serviços e da indústria nacional: a falta de mão de obra qualificada. Projeto ambicioso que contribuirá para o emprego e inclusão de milhões de brasileiros, mas que precisa ter excelente gestão do gasto público.
Educadores do Brasil, Índia, Coreia do Sul, Estados Unidos e Argentina se reuniram recentemente em Brasília e debateram o papel da Educação na promoção do desenvolvimento e no combate às desigualdades sociais. É de fundamental importância que a Educação seja efetivamente vista como inclusão social e qualidade de vida do povo.
Uma recente pesquisa da Associação dos magistrados do Brasil, Justiça em números – novos ângulos, de Maria Tereza Sadek, revela a relação direta entre nível de Escolaridade e busca dos direitos na Justiça. A autora comenta que a alfabetização implica maior conhecimento dos direitos e as pessoas procuram mais a Justiça. Nos estados mais pobres, com maior número de analfabetos, há menor procura pela Justiça.
Segundo o presidente da AMB, as pessoas mais esclarecidas reivindicam mais os seus direitos e têm noção de cidadania. Um bom projeto nacional de Educação necessariamente tem que incluir conhecimentos de direitos humanos e cidadania.
Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa 30 bilhões de dólares por ano. Quanto custa no Brasil a falta de civilidade e cidadania? E o que isso tem a ver com Educação de qualidade?
Além do desenvolvimento, crescimento econômico, melhoria da vida dos cidadãos, uma Educação de qualidade terá grande impacto também na redução de violências e na criação de atitudes cidadãs.
O indivíduo bem alfabetizado é um cidadão sábio, crítico e se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação – menos criminalidade e maior qualidade da vida. É essa importante cadeia qualitativa da Educação, que diferencia uma grande nação. Educação de qualidade para todos em todos os níveis de Escolarização é preciso.
Estado de Minas (MG)
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