Na tentativa de melhorar tanto a mão de obra no Estado quanto o ensino médio, o governo de SP decidiu integrar aulas regulares de suas escolas a cursos técnicos.
A rede oferecerá duas opções: currículo médio básico totalmente integrado a cursos públicos profissionalizantes; ou cursos técnicos fora do horário de aula, em instituições credenciadas.
Em ambos casos os jovens que optarem pelo modelo receberão diploma de ensino médio e técnico, em áreas como eletrônica, telecomunicações ou gestão, entre outros.
A Folha teve acesso ao teor do programa, que será apresentado nos próximos dias e começará em outubro. Serão 30 mil vagas na opção de cursos fora do horário de aula. O início da modalidade integrada deve ser em 2012.
A meta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é que, até 2014, tenham ensino técnico 30% dos 1,3 milhão de alunos do seu ensino médio.
Responsável por mais de 85% das matrículas do Estado, a rede enfrenta dificuldades nessa etapa. No último Saresp (exame estadual), a nota dos alunos caiu. Além disso, só 62% dos jovens que ingressam no ensino médio se formam.
"O estudante tem baixa autoestima e muitas vezes nem presta vestibular. Se ele não vir possibilidade de inserção no mercado de trabalho, vai desistir da escola", disse o secretário de Educação, Herman Voorwald.
Para fazer o curso técnico, o jovem precisará estar matriculado na escola estadual. A secretaria aposta ainda na possibilidade de as aulas na rede melhorarem. "Os alunos passarão a trazer questões do mundo profissional para a escola", afirma a assessora técnica da pasta Lúcia Lodi, uma das responsáveis pelo programa.
"O ensino médio integrado ao profissionalizante é uma boa iniciativa, mas as aulas precisam ser na mesma escola", afirma Celso Ferreti, pesquisador do Centro de Estudos Educação e Sociedade. "Dificilmente funcionará um currículo em instituições diferentes, com histórias e procedimentos diferentes."
O especialista defende que as aulas sejam concentradas em um período do dia. "Duvido que eles optem por estudar em dois períodos." A união de ensino regular e técnico também é incentivada pelo governo federal, nas gestões Lula e Dilma.
Folha de São Paulo (SP)
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