Cada vez menos citado na prática, o velho conceito de que é o aluno quem faz a escola começa a ser desfeito também no plano teórico. Levantamento com base na revisão de quase 200 artigos científicos nacionais e internacionais sobre Educação, reunidos em único estudo chamado Caminhos para Melhorar o Aprendizado, demonstra que alunos dos melhores professores aprendem 68% mais do que os colegas orientados pelos docentes de menor competência.
A quantidade de alunos por sala, o apoio e a estrutura física também são importantes sob o ponto de vista dos resultados. Mas a constatação, embasada pelo estudo, de que uma boa escola e um bom professor são indispensáveis para o aprendizado do aluno é que precisa motivar uma reflexão por parte do poder público e de todos os envolvidos na definição de políticas educacionais.
Realizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Instituto Ayrton Senna e movimento Todos pela Educação, a iniciativa pode contribuir para a valorização dos educadores e, em consequência, para a qualificação do ensino país.
Um aspecto interessante é que o trabalho ajuda a desfazer também a ideia de que o ambiente familiar é sempre vital para o aprendizado. As conclusões nessa área tendem a se encaminhar para um fato tido como incontestável: a qualidade do professor é o que realmente conta sob o ponto de vista dos resultados alcançados por crianças e jovens.
O levantamento, voltado para a Educação básica – que vai da fase de alfabetização, por volta dos 6 anos, até a conclusão do Ensino Médio, aos 17 –, contribui para desmontar outros mitos. Um deles é que a Educação continuada do professor é fundamental para o seu desempenho em sala de aula. Como sabem bem os próprios alunos e pais, nem sempre os melhores educadores são os que têm a titulação acadêmica mais vasta.
Da mesma forma, nada garante que os profissionais de carreira longa sejam os melhores. Tempo de serviço pode não dizer muito se deixar de ser aproveitado para atividades que contribuam para o aperfeiçoamento profissional e mesmo pessoal, favorecendo uma melhor relação com os alunos.
Certamente, de nada adianta uma vantagem como a de contar com professores habilitados se as condições físicas não forem adequadas. Os responsáveis pelas políticas educacionais devem perseguir uma combinação adequada entre professores aptos a ensinar e um ambiente favorável na escola.
É nesse sentido que os resultados do projeto Caminhos para Melhorar o Aprendizado pode dar uma contribuição importante para a qualificação do ensino. O país não pode mais continuar perdendo tempo nesta área, pois é decisiva para definir em que condições passará a figurar entre as economias mais importantes do planeta.
Jornal Zero Hora (RS) e Jornal de Santa Catarina (SC)
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