quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Novo ano letivo: problemas e soluções

Um dos conceitos de avaliação é a análise. Ao se aplicar avaliações no decorrer do ano letivo, o Professor precisa ter claro o que é realmente o ato de avaliar, pois muito mais do que dar uma prova, a avaliação é uma excelente ferramenta para identificar quais ações em sala de aula podem ou não ter continuidade.
Além disso, a avaliação não pode ser apenas tratada como algo destinado somente aos Alunos. Ao aplicar uma avaliação, o Professor também tem a oportunidade de rever conceitos e valores sobre sua prática de profissional comprometido realmente com o bom desenvolvimento de seus Alunos.
É importante também compreendermos que a avaliação não pode ser entendida apenas como a aplicação de provas no final de alguns conteúdos trabalhados. Ela precisa ser desenvolvida em todo o momento da aula, no decorrer do ano letivo. Dessa forma sempre será possível a tomada de decisões no bom direcionamento de esforços que visam ao desenvolvimento acadêmico do Aluno, assim como ao desenvolvimento profissional do Professor.
É interessante refletir e constatar que a avaliação precisa ocorrer no começo, no meio e no fim. Em todas essas fases, as avaliações são diagnósticas, ou seja, servem para diagnosticar o grau de conhecimento dos Alunos, assim como se estão ou não apresentando alguma dificuldade na execução de alguma tarefa ou daquilo que se espera deles. E, não menos importante, as avaliações servem para buscar o porquê de tais dificuldades e suas origens.
No começo, a avaliação serve para diagnosticar o nível de habilidade que um Aluno já tem e, a partir de então, traçar planos para melhor aproveitar o conhecimento prévio e fazê-lo frutificar, de modo que o Aluno siga sem deficiências e impedimentos os seus estudos.
Convém lembrar que não são raras as vezes em que dificuldades de Alunos na sala de aula têm origens no seu convívio social e, também, no âmbito familiar.
As avaliações realizadas no decorrer do ano letivo são excelentes ferramentas para o Professor saber se aquilo que planejou e vem executando está ou não obtendo boas respostas e se está ou não caminhando para atingir os objetivos traçados.
Realizadas no decorrer das práticas em sala de aula, as avaliações fazem o Professor, muitas vezes, pensar num “plano b”, pois não são poucas as situações em que o Aluno obtém melhores ou piores resultados do que se esperava dele. Isso é comum acontecer porque todos os Alunos estão sujeitos a mudanças. Há casos de Alunos que tinham estímulos positivos em casa, como o auxílio de um ente querido, e ao verem-se sem tal estímulo sentem-se dispersos, desmotivados. Como já sabemos, tais fatores influenciam muito o rendimento do Aluno em sala de aula.
As avaliações no final do ano são a prova não apenas dos bons resultados dos Alunos, mas também de seus Professores e equipe pedagógica. Contudo, como estamos frisando, a avaliação final só terá bons resultados se o Professor for sensível à necessidade de estar sempre diagnosticando os impactos de suas ações junto a seus Alunos.
Como percebemos, não é só o aspecto acadêmico que é identificado nos diagnósticos do Professor. Há também como se identificar problemas ou soluções de problemas na vida pessoal e familiar do Aluno ou até mesmo se ele está ou não tendo algum problema com seus colegas em sala de aula. Muitos dos insucessos do Aluno podem ter origens dentro da própria família e/ou estar relacionados ao mau convívio entre colegas na Escola.
Dessa forma, a avaliação diagnóstica, em qualquer etapa, visa ao aperfeiçoamento dos Alunos, Professores e equipe pedagógica e pode, certamente, ter impactos muito positivos na vida acadêmica, familiar e social de cada um de nossos Alunos. Nós, Professores, ao auxiliar na resolução de quaisquer conflitos dessa ordem, teremos um Aluno muito mais aberto para receber e construir seu conhecimento.
Erika de Souza Bueno, coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação e editora do Portal, in: O Popular (GO)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Mostrando a Língua - 73

Bom dia, meus diqueiros!
A dica segue cedo hoje, porque o dia promete...
Como já havia adiantado, atenderei aos diqueiros da 'fila de espera' e , para hoje, separei uma 'consulta' de nosso VILMAR RANGEL sobre o uso do hífen. Já tratamos deste assunto, mas vale a pena retomar.
Vejam, em azul, a proposta:

Perdoe, BB, Mas permita-me insistir na indagação sobre o hífen nas expressões (que ainda encontro) ponto-de-vista, cana-de-açúcar, mão-de-obra e similares.

= = =
[...]
Bjuuuuuusssss
V.

Pois muito bem, Vilmar e meus diqueiros:
Em cana-de-açúcar o hífen está MANTIDO por se tratar de uma espécie botânica. Outros exemplos: fava-de-santo-inácio, quebra-pedra, batata-inglesa, erva-doce, erva-mate, etc.
Esta mesma regra se aplica às espécies zoológicas: bem-te-vi, bem-me-quer, etc.
Os compostos ligados pela preposição passaram a ser compreendidos como locuções ou simples expressões e, de um modo geral, PERDERAM o hífen, embora haja exceções ( são as perigosas, não é?), consideradas consagradas como: cor-de-rosa, arco-da-velha, água-de-colônia, pé-de-meia, queda-d’água, marca-d’água, caixa-d’água.
Assim, ponto de vista e mão de obra também PERDERAM o hífen, como lua de mel,dona de casa, pai de santo, entre outras.
Grande e forte abraço da Edinalda

Notas altas levam alunos da rede pública para estudar no exterior

Do meio da zona da mata pernambucana, Welison Lopes, 16 anos, jamais realizaria o desejo de ver neve. Morador de Nazaré da Mata (PE) e filho de uma dona de casa, ele sonha longe e, na segunda tentativa, conquistou uma vaga em um dos grupos de alunos da rede estadual que embarcou em 25 de janeiro para fazer intercâmbio na Nova Zelândia.
O aluno da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Dom Vieira vai cursar um semestre do 3º ano do ensino médio no Taieri College, na cidade de Dunedin, graças ao Programa Ganhe o Mundo (PGM) mantido pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco (SEE). Ele não será o único: no total, 1,6 mil adolescentes irão embarcar, entre janeiro e fevereiro de 2013, para países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Espanha, Chile, Argentina e Cuba, além da Nova Zelândia.
Estudantes atualmente matriculados no 2º ano do ensino médio da rede estadual poderiam se inscrever até o dia 1º de fevereiro para disputar uma das 1.275 vagas do próximo edital. Os candidatos precisam ter desempenho superior a sete em língua portuguesa e matemática, frequência mínima de 85% nas aulas e ter entre 14 e 17 anos na data do embarque. Eles também devem fazer uma prova de proficiência de um dos idiomas, inglês ou espanhol.
Criado em 2011, o PGM já levou 552 alunos para o exterior. Lá fora, os estudantes têm a oportunidade de viver experiências distantes da sua realidade - desde frequentar aulas regulares com nativos até brincar na neve. A viagem dura um semestre letivo (cerca de cinco meses) e é totalmente bancada pelo governo estadual.
Empresas de intercâmbio contratadas via licitação realizam toda a operação, desde a organização dos documentos para emissão de passaporte e visto até a localização da casa de família onde o aluno ficará hospedado. O pacote geralmente inclui alimentação. Além disso, os intercambistas recebem uma bolsa mensal de R$ 609 (cerca de US$ 300) para ajudar nos gastos diários. A família entra apenas com o incentivo e, depois, a saudade.
Ainda que com o coração apertado, a mãe de Welison, Josivalda Lopes incentivou o filho a tentar uma vaga no programa. Um estímulo importante, já que na primeira edição ele não foi selecionado devido às notas insuficientes nas disciplinas. O menino que sonha em fazer medicina encara a viagem como uma chance para abrir portas e, quem sabe, fazer uma especialização no exterior. Para ele, falar inglês já vai ser uma grande vantagem.
Fonte: Terra

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Grande chance

Mais de quatro mil entre quase 5.600 municípios brasileiros empossaram recentemente prefeitos não reeleitos e, com eles, os respectivos gestores para a pasta da Educação. Os novos secretários assumem em um contexto favorável, de apoio crescente da população à Educação, que se consolida como área prioritária para a concentração de esforços e investimentos de governos, empresas e sociedade.
Alinhada a esse consenso, a aprovação do Plano Nacional de Educação, prevista para este ano, demandará das novas administrações a revisão ou elaboração de planos municipais de Educação de acordo com a realidade local, pautadas pelas metas que serão estabelecidas para os próximos dez anos. Entre elas, a extensão da oferta de Educação integral a 25% dos Alunos das Escolas de Educação básica, como prevê a meta 6 do relatório do PNE.
De acordo com o Censo Escolar 2011, o número de estudantes do Ensino fundamental da rede pública matriculados em tempo integral superou 1,6 milhão e cresceu 33,4% de 2010 a 2011 no Brasil. Apesar do aumento, isso representa 6,4% do total de Alunos que estavam matriculados nesta etapa durante o levantamento. O desafio fica maior se considerarmos toda a Educação básica. O atendimento da meta aliado à oportunidade de romper o atual modelo de quatro horas de aula subaproveitadas exigirá dos novos secretários empenho e criatividade para pensar em estratégias que envolvam um conceito mais amplo para o aprendizado formal. Ampliação do repertório cultural, circulação no território, participação na vida pública, domínio de competências e habilidades para a vida autônoma são requisitos para a sociedade contemporânea. Aliados aos conhecimentos selecionados pela Escola, constituem condição necessária ao desenvolvimento pessoal pleno.
Essa formação abrangente demanda a composição entre diversos sujeitos e espaços, além da Escola. Torna fundamental uma abertura para os arranjos locais, propondo diferentes modalidades na oferta, considerando inclusive que não seria possível, no curto-médio prazo, duplicar o número de Escolas e profissionais da Educação. Assim, o desafio da ampliação da oferta de Educação integral com qualidade pela rede pública prevê uma compreensão mais avançada de gestão participativa. Para desenvolvê-la, é necessário identificar as propostas que já estão em curso nos municípios, mapear espaços ociosos, formar parcerias com ONGs e universidades. É necessário instituir fóruns para pensar conjuntamente as necessidades e tornar a cidade corresponsável pelo projeto de Educação integral.
Os secretários estão diante de um imenso desafio, proporcional à oportunidade. A implantação de planos que prevejam diversas modalidades abre ao Brasil uma chance de equiparar-se aos sistemas de países avançados, promovendo a melhoria da qualidade com a necessária igualdade de oportunidades para todos.
Isabel Santana, gerente de Educação e avaliação da Fundação Itaú Social, in: O Globo (RJ)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Proposta fixa número máximo de alunos por turma

A Câmara analisa projeto que fixa o número máximo de alunos por turma na pré-escola e nos ensinos fundamental e médio. De acordo com a proposta (PL 4731/12), do Senado, o número máximo de alunos por turma não poderá exceder a 25 na pré-escola e nos dois anos iniciais do ensino fundamental, e a 35 alunos nos anos subsequentes do ensino fundamental e no ensino médio.

O projeto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96).

Na opinião do autor, senador Humberto Costa (PT-PE), não se pode tolerar o funcionamento de turmas com 40 ou mais alunos no ensino fundamental e 60 ou mais no ensino médio, além de classes numerosas na pré-escola. Em sua avaliação, isso impede o atendimento individualizado e a avaliação contínua do processo de aprendizagem.

Tramitação: A matéria tramita em caráter conclusivo e será examinada pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

O paradoxo da Educação brasileira


Recente reportagem da Folha de S.Paulo apresenta um quadro bem animador: taxa de desemprego nunca foi tão baixa, sobram vagas e faltam candidatos. Apesar disso, a reportagem avisa que os pequenos negócios estão com dificuldades de contratar funcionários de baixa qualificação, isto é, com escolaridade até o Ensino Médio. Para uma faixa salarial entre 700 e 1200 reais, o maior entrave é atrair os candidatos. Os poucos que se interessam pelas vagas têm formação muito deficitária. Eles têm problemas com contas e dificuldades de escrever corretamente”, coloca uma gerente de Recursos Humanos entrevistada pelo jornal.
Em contrapartida, o Governo de São Paulo deseja implementar medidas especiais de cotas nas universidades estaduais: USP, UNESP e UNICAMP. Consideradas universidades de excelência, inclusive em rankings internacionais, o governo paulista quer inverter o sistema atual e facilitar o acesso para os Alunos que tenham cursado o Ensino médio em colégios públicos.
As famílias de classe média sentem-se penalizadas pelo esforço que fazem para que seus filhos tenham chance de acessar o Ensino superior público de qualidade. E agora a regra do jogo tornou-se outra, aumentando a concorrência para Alunos oriundos da rede particular. Em 2016, das 12 mil vagas oferecidas pela FUVEST, 6000 serão oferecidas para Alunos cotistas.
Se o sistema é meritocracia, porque as cotas? Por que não criar mais Escolas de Ensino médio de excelência? Atraindo os melhores Alunos das Escolas públicas?
Por que no sistema no Ensino médio não há mais esforço para garantir qualidade, haja visto a dificuldade na formação da massa dos estudantes?
Questões sociais e políticas levaram a massificação ao acesso das crianças na Escola, mas isso não garantiu a qualidade.
O papel do governo é garantir essa formação básica, de forma atraente e efetiva, necessária para o ingresso no mercado de trabalho. Se isso fosse feito, não haveria necessidade de políticas de cotas: melhores Alunos acessam as melhores Escolas.
Os outros podem pelo menos garantir que terão opções de acesso ao Ensino superior, como FIES e PRO-UNI, e não apenas as esta-duais e federais.
A discussão das cotas é importante, mas muito mais necessário é o investimento na formação dos jovens que desejam iniciar sua carreira e estão muito mal preparados para enfrentar os desafios atuais. Faltam as bases: comunicação e raciocínio.
Afinal, o que estamos ensinando nas Escolas?
Por onde os nossos jovens irão começar? Como irão desenvolver seu potencial sem o mínimo de condições de competir no mercado de trabalho?
Responder essas questões se torna crucial para que as escolhas sejam feitas pelos diretores de Escola, Professores e a comunidade em geral. Esse é o maior desafio de agora e para frente.
Leticia Bechara, mestre em Educação, in: A Gazeta (AC)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Como identificar um bom professor

 
Vou fazer uma pergunta fácil: você teve algum Professor especial, que fez diferença na sua vida? Se você passou mais de dez anos estudando, aposto que não apenas a resposta foi positiva, como imediatamente lhe veio à mente aquele(a) Professor(a). Agora, uma pergunta mais difícil: você poderia descrever as qualidades desse Professor especial, de forma que seus atributos pudessem ser copiados por todos os outros Professores em atividade?
Uma série de estudos demonstra que um bom Professor exerce influência substancial sobre seus Alunos, não apenas durante o período Escolar mas por toda a vida. Boa Educação melhora a saúde, diminui a criminalidade e aumenta o salário. Eric Hanushek, pesquisador de Stanford, calcula que um Professor que esteja entre os 25% do topo da categoria e que tenha uma turma de trinta Alunos gera, a cada ano, um aumento na massa salarial desses Alunos de quase 500 000 dólares ao longo da vida deles. O problema é que, mesmo que todos saibam intuitivamente quem é um bom Professor, ainda não conseguimos explicar e decompor o seu comportamento de forma que seja possível identificar os bons profissionais, promovê-los e reproduzir a sua atuação.
Os estudos estatísticos, que se valem de dados facilmente quantificáveis, nos trazem alguns bons indícios — por exemplo, a experiência do Professor só importa nos dois a cinco primeiros anos de carreira; Professores que faltam às aulas têm Alunos que aprendem menos; Professores que obtiveram notas melhores em testes padronizados, estudaram em universidades mais competitivas e têm mais habilidade verbal exercem impacto positivo sobre o aprendizado dos Alunos; quanto mais sindicalizados os Professores, mais eles faltam e mais insatisfeitos estão com a carreira; e Professores com expectativas mais altas para seus Alunos também obtêm resultados superiores. Essas são todas variáveis “de fora”; estudos mais recentes começam a entrar na Escola e na sala de aula e tentam explicar os componentes de um bom Professor.
Um estudo lançado em janeiro representa um grande passo à frente (esse e todos os outros estudos citados aqui estão em www.twitter.com/gios-chpe). Patrocinado pela fundação Bill & Melinda Gates, ele conseguiu criar um “mapa da mina” para a identificação de bons Professores, depois de acompanhar milhares de Professores e Alunos em sete distritos Escolares americanos (incluindo Nova York, Dallas e Denver) ao longo de três anos. Normalmente, só cito neste espaço estudos publicados em revistas acadêmicas ou simpósios, que são revisados e criticados por outros acadêmicos, porque é pequena a probabilidade de uma fundação privada reconhecer em um relatório que, “depois de três anos de esforços e milhões de dólares gastos, não encontramos nada de relevante”. Nesse caso, porém, creio que a exceção é justificada, não apenas por se tratar de uma fundação séria, que chamou pesquisadores renomados para o trabalho, mas também por seu design inovador.
Em 2009-2010, o estudo tentou criar instrumentos que identificassem Professores competentes. Chegou a um menu de três itens: observação de Professores em sala de aula, questionários preenchidos pelos Alunos e ganhos dos Alunos em testes padronizados, ou seja, quanto os Alunos daquele determinado Professor ganhavam em aprendizado de um ano a outro nesses testes (equivalentes ao nosso Enem ou Prova Brasil). Fez-se um trabalho cuidadoso para estabelecer quem deveria observar os Professores, quantas vezes e olhando para quais dimensões; como inquirir os Alunos; e no quesito valor agregado, teve-se a precaução de controlar uma série de variáveis dos Alunos (status social, situação familiar etc.) para que se pudesse isolar a qualidade do Professor, não do Aluno.
Mesmo com todos esses cuidados, ainda há muito que não sabemos nem controlamos que pode interferir nos resultados. Pode ser que os melhores Alunos procurem os melhores Professores, ou que os melhores Professores escolham dar aulas para turmas ou séries melhores, e aí o que pareceria o impacto do Professor seria uma complexa interação entre Professores e Alunos que inviabilizaria qualquer análise. (Seria como examinar a eficácia de um médico julgando apenas a taxa de cura dos seus pacientes. Se os casos mais complicados procuram os melhores médicos, ou se os melhores médicos procuram os pacientes mais intratáveis, é provável que os melhores médicos e os piores tenham pacientes com expectativa de vida similar, apesar de terem competências radicalmente distintas.) A fundação então conseguiu fazer o que se faz nas ciências exatas para isolar o efeito de uma variável: no ano seguinte, distribuiu os Professores aleatoriamente. A turma a que cada um ensinaria foi totalmente determinada por sorteio. Mais de 1 000 Professores, atendendo mais de 60 000 Alunos, participaram. E os resultados são fascinantes.
Em primeiro lugar, a performance esperada dos Professores ficou muito próxima da performance real (ambas medidas pelo aprendizado de seus Alunos). Ou seja, os Professores identificados como bons através das observações de seus pares, questionários de Alunos e valor agregado em anos anteriores continuaram, grosso modo, sendo bons Professores ensinando a turmas aleatoriamente escolhidas.
Em segundo lugar, foi possível sofisticar o modelo. Testaram-se quatro variações das ferramentas de avaliação dos Professores, e notou-se que uma das melhores combinações era aquela que dava peso igual (33% a cada um) aos três componentes (performance em teste, observação e questionário de Alunos). Quando alguns Professores reclamam que é reducionismo avaliá-los somente pela performance de seus Alunos em testes, aparentemente têm razão: é melhor adicionar essas duas outras variáveis. Também se testaram vários modelos diferentes de observação Docente, desde aquele em que o Professor é avaliado por seu diretor até versões mais complexas. Os modelos mais confiáveis se mostraram aqueles em que o Professor foi avaliado por pelo menos quatro observadores, em aulas diferentes, sendo dois deles pessoas da administração da Escola (é importante que seja mais de uma para evitar a influência de conflitos/preferências pessoais) e dois, outros Professores, treinados para a tarefa.
Nenhum estudo é definitivo, muito menos um feito por uma fundação, e nada garante que os mesmos achados serão encontrados no Brasil, ainda que normalmente o que apareça nos Estados Unidos também se verifique aqui. Mas, ante o modelo atual, obviamente fracassado, em que o Professor é contratado por concurso no início da carreira e depois fica esquecido em sua sala de aula, fazendo o que bem entender e sendo promovido por nível de estudo e experiência, o horizonte descortinado por essa pesquisa é bem mais promissor. Precisamos encontrar e premiar os bons Professores. E ter ferramentas objetivas e mensuráveis para tirar os maus profissionais da sala de aula. Sem isso, dificilmente sairemos dessa pasmaceira.
Fonte: Revista Veja

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Um terço dos professores não lê livros

Os Professores da Educação básica brasileira (Ensino fundamental e médio) não gostam de ler. Segundo dados do questionário da Prova Brasil 2011, 21% dizem que leem às vezes e 34% nunca entram em contato com um livro. Ou seja, menos da metade tem esse prática. As causas são várias, entre elas a formação deficiente do Docente, que não inclui a leitura como parte importante de seu desempenho profissional; a falta de tempo devido à dupla jornada para compensar os baixos salários; e o pouco incentivo do poder público. Projeto estimula leitura de livros em sala de aula.
A Escola Estadual Dom Orione, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba, é um caso de local onde conviviam vários Professores com diferentes práticas de leitura. Mas, graças um projeto, a situação mudou. Todos os dias, por 25 minutos de manhã e outros 25 à tarde, todos param o que estão fazendo para ler. Não importa quem seja – Aluno, Professor, funcionário ou algum visitante que estiver por lá no momento.
A Professora de Mate­­mática Sônia Soely Mendes passou a ler de meio livro por ano para quatro. Ela, que é Professora há 20 anos, só chegava perto dos que eram da área, literatura nem pensar. Com o tempo livre para ler em horário de aula, a prática hoje é outra. “Passei a escrever mais e melhor. Sem contar que os Alunos começaram a se interessar pelo o que eu lia. A gente passa a ser referência”, conta.
No caso da Professora de Português Sheila Martins Machado, a leitura faz parte da sua vida há muitos anos por causa da sua formação em Letras. Mesmo com pouco tempo livre e com o salário que a carreira oferece, ela consegue estar cercada de livros. “Eu vou muito a sebos, troco com colegas. Dá para ler livros sem gastar muito.”
 
Interação
A partir da literatura, o Professor consegue trazer outro tipo de conhecimento para a sua área, atendendo o conceito de interdisciplinaridade. “A interação com os Alunos é outra, assim como a forma como o Professor dialoga com a ciência, pois aumenta seu repertório. O que lê se torna mais criativo e inovador em sala de aula”, comenta a Professora do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Eliege Pepler.
No primeiro caso, a falta de valorização da leitura é apenas mais um fator da defasagem de qualidade dos cursos de Pedagogia e licenciatura, apontada pelos especialistas como um dos grandes problemas da Educação hoje. Além de um currículo fraco, a carreira não consegue atrair jovens com um bom histórico Escolar.
Quanto ao tempo diário de trabalho, a maioria dos Professores atuam em dois períodos – ou até três – para dobrar o salário. O tempo que eles têm livre geralmente é na própria Escola, a chamada hora-atividade, mas ela é voltada à preparação de aulas e correção de trabalhos e provas. “O ideal seria que dentro dessa hora-atividade existisse mais uma ou duas horinhas para que ele pudesse ler outras coisas que não as relacionadas à sua disciplina. Mas é complicado porque hoje já se faz milagre com o tempo que se tem”, diz a Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Suzete Bonatto.

Influenciador
O principal efeito de um Professor que não lê é a não formação de novos leitores. Ou seja, de Alunos que não vão ter gosto pela leitura nem vão entender a importância dela. De acordo com o escritor e Professor Paulo Venturelli, a leitura fundamental é a literária. É ela que vai desenvolver a inteligência e a sensibilidade, além de mudar a percepção que o Professor tem do mundo e das coisas. “Esse é o problema principal da Educação do Brasil, a falta de leitura. O Professor não sabe o que fazer com o livro e não sabe ensinar o Aluno a usá-lo.”
Por isso, mesmo que a pesquisa mostre que os índices são maiores em outros tipos de leitura, como jornal – 63% leem sempre – e revista – 65% leem sempre –, por exemplo, a leitura literária tem um papel que não pode ser substituído.
Segundo a pesquisa Re­­tratos da Leitura no Brasil 2012, do Instituto Pró-Livro e Ibope, o principal influenciador de leitura de crianças e jovens é o Professor – 45%, superando o papel da mãe, que é de 43%.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Secretaria da Educação de São Paulo oferece aulas de empreendedorismo

 
Estudantes da rede estadual entre o 6º e 9º ano do Ensino Fundamental poderão ter aulas de empreendedorismo. Serão oficinas ministradas por 1.467 educadores no curso “Jovens Empreendedores: Primeiros Passos”.
Os interessados podem procurar a unidade de ensino de sua preferência e podem ser consultadas no site oficial.
A inciativa da oficina tem objetivo de disseminar a cultura empreendedora e promover reflexões e debates sobre plano de negócios.
De acordo com o número de inscritos, o docente monta a turma e decide o horário das atividades, que podem ser realizadas aos sábados, no programa Escola da Família, ou durante a semana no contraturno das aulas regulares.
Para os alunos do 6° ano, a proposta do curso é a oficina “Eco Papelaria”, trabalhará com questões relativas ao meio ambiente. Os estudantes aprenderão a criar produtos com papéis reciclados.
Com o intuito de possibilitar o desenvolvimento do empreendedorismo e criatividade dos alunos, a oficina do 7° ano tem como tema “Artesanato Sustentável”.
Já para os estudantes do 8° ano, a oficina será “Empreendedorismo Social”, para pontencializar a responsabilidade social individual e coletiva dos jovens.
Aos alunos do 9º ano, serão ministradas aulas com o tema “Novas ideias, grandes negócios”.
Fonte: R7

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mostrando a Língua - 72

Salve, meus bons diqueiros!

A dica de hoje pretende ser a resposta a uma boa 'provocação' ( esta palavra está na moda, né?) de nosso diqueiro ERIVELTON. Vejam (os grifos são meus):

Minha querida profe!!Após as eleições ouvi um comentário de um candidato eleito agradecendo quando disse: "eu sou daqui de Campos", ou seria eu sou aqui de Campos?Outra dúvida: Existe uma escola em nossa cidade chamada "Três Pastorinhos". Não deveria ser "Partorzinhos"?
Grande abraço!
Erivelton

Trabalhando por partes, cuidemos da 1ª provocação:
Imaginem Erivelton e meus diqueiros que alguém lhes perguntasse: 'de onde vc é'?
A resposta seria, indiscutivelmente, uma dessas:
...de Campos
...de Ponto de Cacimba
...de Itereré
...de Palmeira dos Índios
...de Ijuí
...do Rio, entre outras possibilidades.
Então, 'fatorando' a construção linguística teremos:
EU SOU DE CAMPOS. ou Eu sou (aqui) de Campos.
Realmente, houve uma sobreposição desnecessária de preposições, uma vez que a necessidade da preposição DE já se cumpre na anteposição à palavra Campos.
Como o registro é coloquial (Eu sou daqui de Campos) e no formal, não se usaria este 'de+ aqui= daqui', o falante está absolvido. Estou curiosa para saber, Erivelton, se foi a fala de um político ou de um jornalista.


Agora, vamos dar atenção à 2ª proposta:

Três Pastorinhos ou Três Pastorzinhos?
Neste caso, coexistem as duas formas, à semelhança de:
colherzinha e colherinha;
florzinha e florinha.
Observem que a origem é o Latim pastore, o feminino é pastora, e o verbo é pastorear.
Então, queridos diqueiros, eles estão certos.
grande abraço, até quarta,
Edinalda

CAPES abre inscrições para 30 mil vagas de formação de professores da educação básica


Estão abertas até o dia 18 de março as pré-inscrições para mais de 30 mil vagas em cursos de licenciatura presencial destinadas a professores da rede pública de educação básica.
O Parfor (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) oferece gratuitamente vagas em cursos de instituições de ensino superior parceiras da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Há turmas nas seguintes categorias:
-Licenciatura: para professores da rede pública que não tenham formação superior ou para os que, mesmo tendo formação, querem fazer o curso para a disciplina em que atuam;
-Segunda licenciatura: para docentes em exercício há pelo menos três anos na rede pública da educação básica que atuam em área distinta de sua formação;
-Formação pedagógica: para professores com formação superior, mas sem licenciatura;
As pré-inscrições devem ser feitas pela Plataforma Freire. Para isso, os professores interessados devem estar cadastrados no Educacenso como docente ou tradutor intérprete de libras.
O cadastro deverá ser validado pelas secretarias de educação estadual ou municipal entre 19 de março e 15 de abril.
Outras informações pelo telefone 0800 61 61 61 opção 7.
Fonte: UOL Educação

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Educação e ascensão profissional

Recente relatório da Unesco forneceu dados que impressionam por demonstrarem a importância de se buscar, a todo custo, investir em Educação. Destacam-se as seguintes informações: um ano extra de Escolaridade aumenta a renda individual em até 10%. Cada ano adicional de Escolaridade aumenta a média anual do PIB em 0,37%. 171 milhões de pessoas poderiam sair da pobreza se todos os estudantes em países de renda baixa deixassem a Escola pelo menos sabendo ler. E basta que uma mãe seja alfabetizada para que as chances de sobrevivência dos filhos aumentem em 50%.
Quem teve origem humilde, mas conseguiu ascensão social, sabe bem dimensionar as oportunidades que a Educação propicia e conhece bem a realidade descrita pela Unesco. É impossível olhar para esses números sem refletir sobre o peso social deles. É impossível não agir para reverter esse quadro.
Os que alcançaram - por meio da Educação - melhores condições de vida costumam se identificar com aqueles que buscam vencer desafios como cansaço e baixas condições econômicas a fim de, após o expediente de trabalho, buscar o desenvolvimento das próprias potencialidades enfrentando uma dupla jornada exaustiva. Essa realidade faz parte da Educação brasileira, pública e privada, e é para mudar esse quadro que precisamos de políticas comprometidas com o resgate de um déficit que tem sempre nos colocado entre os últimos lugares quando se avalia a qualidade da Educação mundial.
Quando presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, busquei parcerias que viabilizassem a Faculdade CDL. O objetivo era empreender um centro de excelência de serviços e apoio ao comércio que fosse mantido pela própria CDL e que pudesse oferecer aos Alunos a oportunidade de formação que muitos buscam, mas poucos têm acesso. Neste fevereiro, atingimos a marca de 250 formandos nos cursos de gestão comercial, marketing e logística e recentemente aprovamos o curso de bacharelado em Administração.
Por ser diretor geral da Faculdade CDL, participo a cada ano da solenidade de formatura dos graduados. Cada um deles justifica a luta depreendida por esse centro de formação voltado àqueles que são vocacionados para o comércio e o empreendedorismo. Aproximadamente 80% dos nossos Alunos já estão empregados antes mesmo de concluírem a graduação. Formamos também pequenos empresários que buscam conhecimento especializado (e prático) para se manter nesse mercado voraz do século XXI e já oferecemos MBA de excelente qualidade.
Às vezes, as pessoas perguntam como a CDL, uma entidade sem fins econômicos e sem recursos públicos, consegue fazer um trabalho dessa grandeza. A resposta é a vontade de fazer do homem, esta supera qualquer desafio. Nosso Aluno nos inspira a buscar recursos e ampliar a oferta de cursos, pois somos conscientes de que a Educação não é apenas o caminho, ela é o próprio caminhar. Por isso não abrimos mão desse sonho. Os 250 novos graduandos iniciaram um ciclo que desejamos ver multiplicado. Muitos outros virão, e que venham, pois a Educação é o porto de passagem daqueles que são incansáveis na busca pelo conhecimento, uma vez que este favorece melhores condições de vida.
O Povo (CE)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A educação e os novos gestores

Em 19 eventos realizados entre outubro e novembro de 2012 no país, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) debateu com os novos gestores os desafios da Educação municipal: mais vagas na Educação infantil e melhor qualidade do Ensino fundamental. No pacto federativo vigente, cabe aos municípios a Educação infantil. Segundo a Constituição Federal, a Educação passa a ser obrigatória dos 4 aos 17 anos, com implementação até 2016, e o 2º Plano Nacional de Educação, ainda em elaboração, fixa a meta de 50% de atendimento em Creche até 2022.
A partir do diagnóstico da realidade e projeção da população até cinco anos, é tarefa dos novos prefeitos planejar a expansão das matrículas na Creche e na Pré-Escola. Em 2012, havia no Brasil 5,6 milhões de crianças de 4 e 5 anos e 4,7 milhões de matrículas na Pré-Escola, em todas as redes de Ensino. Até 2016, serão necessárias mais 618 mil vagas na Pré-Escola. No mesmo ano, eram 10,5 milhões de crianças de até 3 anos e 2,5 milhões de matrículas na Creche. Com menos nascimentos a cada ano, até 2022 será necessário mais 1,9 milhão de vagas na Creche.
Em Minas Gerais, também em 2012, havia 519 mil crianças de 4 e 5 anos e 428 mil matrículas na Pré-Escola. A universalização da Pré-Escola exigirá mais 58 mil vagas até 2016. No mesmo ano, eram 962 mil crianças de até três anos e 229 mil matrículas na Creche. Até 2022, serão necessárias mais 151 mil vagas para chegar a 50% de atendimento em Creche.
Definidas as vagas a ampliar, devem-se alocar recursos e admitir o pessoal necessário. Aí reside o problema, pois o valor por Aluno/ano do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) na Creche corresponde a pouco mais de 50% do custo. Segundo o debate sobre Educação, o outro desafio é melhorar a qualidade do Ensino fundamental, o que implica alfabetizar todas as crianças na idade certa e melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb), com mais aprovação, combatendo a reprovação e o abandono Escolar, e mais aprendizagem.
Para isso são necessários: transporte Escolar e merenda de qualidade, boas condições dos prédios e equipamentos Escolares, ampliação da jornada Escolar, capacitação dos diretores e conselhos Escolares, orientações sobre currículos etc. Entre tais medidas, destaca-se a valorização do magistério. Apesar de reconhecer a necessidade de pagar melhores salários aos Professores, a CNM tem alertado sobre a impossibilidade de pagar o piso nacional, desde 2010 reajustado anualmente acima da inflação e do crescimento da arrecadação municipal. A entidade defende a adoção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor para reajuste do piso dos Professores. Para a CNM, Educação de melhor qualidade exige, da União, mais recursos para a Educação básica pública e, dos municípios, mais gestão com metas e indicadores para os próximos quatro anos.
Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), in: Estado de Minas (MG)

Como os blogs podem melhorar a escrita dos alunos

Os blogs podem ser importantes ferramentas para desenvolver habilidades relacionadas à escrita e comunicação com os alunos. Mas seu uso não se restringe aos textos. O contato com as plataformas permite que os estudantes desenvolvam outras habilidades como diálogo e senso de responsabilidade, ao terem que, por exemplo, responder os comentários ou administrar questões de direitos autorais sobre o que publicam. Para ajudar os educadores sobre o uso dos blogs em sala de aula, Ben Curran, professor e consultor educacional em uma escola em Detroit, nos Estados Unidos, dá dicas, passo a passo, de como criar um blog, usá-lo em classe e até como ampliar seu acesso por meio de hashtags no Twitter, como é o caso da #comments4kids, criada por especialistas para chamar pessoas a comentarem em trabalhos de estudantes de todo mundo.
Segundo Ben Curran, criar um blog, para muitos, é sinônimo de “trabalheira”, mas o especialista garante que vale a pena. “É importante que os alunos tenham seus textos lidos por mais pessoas do que apenas pelo professor. O impacto é imensurável quando eles veem que suas publicações estão sendo lidas por familiares, colegas e pessoas de todo o mundo. É uma forma de fazê-los se atentarem a tudo, desde ao simples hábito da escrita até a escolha de palavras para se comunicar com mais clareza”, afirma o consultor à Education Week.
Segundo ele, outros avanços são bastante claros: os alunos ficam mais cautelosos para escrever, criam o costume de ler e reler os textos antes de enviá-los ou publicá-los, estabelecem uma relação de troca com os colegas compartilhando textos para revisão. “Os meus alunos, por exemplo, passaram a ter conversas mais significativas sobre a escrita, fazem perguntas e observações mais sofisticadas do que faziam antes. Eles se tornaram escritores e passaram a viver ‘vida de escritores’, o objetivo final de qualquer professor”, diz ele que é fundador da Engaging Educators, iniciativa que ajuda professores a se engajarem a partir do uso da tecnologia. Em outras situações, afirma, produzir um blog amplia a abordagem de novos conteúdos em sala de aula, como o uso das mídias sociais, cidadania digital e direitos autorais.
Acompanhe as dicas:

1. Foco no tema
O primeiro passo que o professor precisa ter em mente é a escolha do tema que deseja trabalhar com os estudantes. O ideal é que o tema sirva como apoio a disciplina que esteja ensinando. Os assuntos podem variar, desde diários reflexivos de matemática ou ciências, resenhas de livros ou até mesmo artigos de opinião sobre atualidades. No caso do professor Curran, seus alunos mantêm blogs que estimulam à prática de textos sobre política, como a revolta da Síria, aos conflitos étnicos, como o assassinato do jovem negro Martin Trayvon, 17, que estava desarmado e foi morto no ano passado por um vigia voluntário nos Estados Unidos. Enquanto outra plataforma, permite que os alunos compartilhem cartas que escreverem sobre questões sociais. E ainda, um último blog foi produzido sobre os livros que os alunos estão lendo.

2. Formato e plataformas
Depois de focar em uma temática, é preciso pensar em formatos e plataformas. O professor precisa decidir se quer criar um único blog, onde podem ser abarcados diferentes assuntos ou criar várias plataformas. A vantagem de criar um único blog é o “controle de qualidade” sobre as publicações, já que é o professor o administrador de tudo que é postado. Em contrapartida, isso exigirá mais tempo dele, já que precisará revisar e publicar os textos enviados por e-mails pelos estudantes. Outra opção, é que a criação de blog individuais pelos alunos. Neste caso, cada um tem um nome de usuário e senha individuais, e é responsável por suas próprias postagens. Uma boa opção de plataforma que pode ser adotada é o Blogger. O professor pode criar a plataforma e os alunos, acima de 13 anos, (idade mínima para configurar contas do Google), podem se cadastrar como autores. Dessa forma, o professor tem controle total sobre o conteúdo e os comentários. Outra alternativa é o KidBlog, desenvolvida especialmente para que professores e estudantes criem seus blogs individuais.
Em ambas as plataformas, que são gratuitas, é possível ainda gerenciar o nível de privacidade: ser totalmente privada, ter acesso restrito, ou seja, ser aberta apenas aos colegas de classe, ou ficar disponível para toda a web. Além disso, para garantir a segurança do que é postado, o professor pode ainda se inscrever por e-mail ou RSS para receber notificações automáticas sempre que novas publicações forem postadas.

3. Preparo e prática
Outro aspecto importante é a estruturação do blog (edição, revisão e interação com os leitores) e o preparo dos estudantes em relação ao senso de responsabilidade, já que os trabalhos publicados deixam de ser vistos somente pelo professor, mas por qualquer pessoa do mundo com acesso à internet.

4. Divulgação
A última etapa é divulgação dos blogs. O objetivo é que os professores estimulem seus alunos não somente a ler as publicações dos colegas, mas que comentem uns os textos dos outros. Para atrair leitores para além da sala de aula, um outro professor americano, William Chamberlain, decidiu criar a hashtag #comments4kids, para ampliar o número de leitores dos blogs criados por seus alunos.
Fonte: Portal Porvir

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ensinos fundamental e médio poderão ter aulas de filosofia e sociologia

Proposta em tramitação na Câmara altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - 9.394/96) para incluir nos currículos dos ensinos fundamental e médio as disciplinas de filosofia e sociologia. A medida está prevista no Projeto de Lei 4744/12, do Senado.
A proposta original, do senador Sérgio Souza (PMDB-PR), previa a criação, no ensino fundamental, da disciplina de “Cidadania Moral e Ética” e, no ensino médio, da disciplina de “Ética Social e Política”. Após alterações durante a tramitação no Senado, o texto que chega à Câmara torna obrigatório o ensino de filosofia e sociologia.
O senador cita um levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial, englobando 60 países, que colocou o Brasil na 11ª posição entre os países com maior estabilidade financeira. Por outro lado, o mesmo levantamento mostra o País entre os dez mais corruptos e entre os cinco com pior desempenho em termos de eficiência da Justiça.
“Não tenho dúvidas de que esses e outros problemas cruciais da nossa sociedade somente conseguirão ser superados de maneira definitiva pela implantação de uma política educacional cada vez mais voltada para a formação moral e ética das nossas crianças, refletindo positivamente na formação do caráter dos nossos jovens, preparando-os para o exercício responsável da cidadania”, argumenta.

Tramitação
O projeto precisa ser analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, será votado no Plenário.
Fonte: Agência Câmara

A formação do leitor

A mesma pesquisa Ibope Media Leitores no Brasil destacou também as capitais mineira e gaúcha como as mais bem sucedidas em relação à leitura. Tanto em Belo Horizonte como em Porto Alegre, 41% dos entrevistados contaram um livro devorado no último mês. De acordo com a sondagem, há mais gente lendo nestas cidades que, de modo geral, no País, já que a média nacional de leitores ficou em 33%.
O POVO pediu à diretora do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e escritora gaúcha, Jane Tutikian, para fazer uma reflexão sobre os motivos do destaque porto-alegrense.
O POVO - Que ações foram tomadas, tanto pelo poder público quanto pela própria sociedade, para gerar este cenário positivo em Porto Alegre em relação à leitura e ao livro? Jane Tutikian - A grande explicação está na vontade política e nas ações efetivas decorrentes desta vontade. Existe um esforço do Estado para isso. Por exemplo, desde o final da década de 70 existe um projeto, o Autor Presente, coordenado pelo instituto estadual do livro, que atende as Escolas da rede pública estadual, colocando livros dentro da Escola e levando para lá o escritor para conversar com seus leitores. No âmbito municipal, existe programa semelhante, Adote um escritor, que trabalha toda a comunidade Escolar, da merendeira ao Aluno e que culmina, igualmente, com a presença do escritor. A câmara rio-grandense do livro realiza um trabalho excepcional de incentivo à leitura, com a feira do livro de Porto Alegre (no ano passado, 1 milhão e 700 mil pessoas passaram por lá) e a orientação das feiras dos municípios do interior do Estado. E eu arriscaria dizer que há feiras do livro o ano inteiro, nas diferentes cidades do Rio Grande do Sul. Tudo isso é suficiente? Eu diria que não. Há muito o que ser feito, no Rio Grande do Sul, no Ceará, no Brasil.
OP - Que elementos a senhora acredita serem necessários para que qualquer cidade se torne uma cidade de leitores? Jane - A única possibilidade de se ter uma cidade leitora é criando políticas e ações de leitura e investindo fortemente na formação do leitor. Nosso início, pode ser uma pergunta simples: quem forma o leitor? A família diz que a responsabilidade é toda da Escola; a Escola, por sua vez, diz que a criança deve trazer o hábito/gosto pela leitura de casa. Como é que forma a família, se a família, cada vez mais empobrecida, não lê? Como é que forma a Escola, se o Ensino tecnicista das últimas décadas optou pela compartimentação das disciplinas tirando, com isso, dos Alunos, a visão do todo, a capacidade crítica? Qual a fórmula para se transmitir/despertar paixão por aquilo que não se conhece?

 A dimensão cultural da leitura
E a cidade de Fortaleza com isso tudo? Nossa realidade não é muito distinta em relação à média do Brasil, mas chega a ser mais crítica. A fotografia de nossa cidade em relação ao IDH, Ideb ou a proporção de Analfabetismo não é das mais bonitas. No ranking do IDH, em dados de 2008, somos a 18ª capital com índices de 0,786, distinta de Florianópolis, na terceira posição com 0,875. No caso do Ideb somos a 17ª capital no ranking com 4,2 do 1º ao 5º ano e de 3,5 do 6º ao 9º ano. Os dados são de 2011. Embora tenhamos avançados bem nos últimos cinco anos, ainda estamos abaixo da média nacional que é de 5,0 para os anos iniciais e mais distante ainda de Florianópolis que assume a primeira posição nos anos iniciais com 6,0.
Em se tratando dos quadros de Analfabetismo, Fortaleza é a sétima capital com maior proporção de Analfabetos de 15 anos em diante, com uma taxa de 6,9%, enquanto que a capital catarinense está no topo com apenas 1,9% de Analfabetos nessa mesma faixa etária. E, agora, para borrar mais ainda a nossa fotografia, ocupamos a última posição na pesquisa de hábito de leitura realizada pelo Ibope Media em um ranking de nove capitais. Segundo esta pesquisa, nossa média de leitura de livros é 27% de leitores. Ou seja, sete em cada dez fortalezenses não leram um livro sequer nos últimos 30 dias. Pena que Florianópolis não esteja contemplada nesta pesquisa de hábito de leitura. Minha aposta é que ela superaria Porto Alegre (primeira com 41%), considerando seus índices de IDH, Ideb e a proporção de Analfabetos.
Desculpe-me se amolei você, caro leitor, com todos estes números enfadonhos. Mas nossa conversa passa por estas estatísticas. No entanto, reafirmo que os números sozinhos de leitores ou de livros lidos nos dizem pouco. Daí a importância de relacionarmos os indicadores de leitura e de comportamento leitor com outros indicadores sociais, educativos, culturais e econômicos e, assim, estabelecermos uma abordagem mais ampla. Caso tivéssemos mais caracteres disponíveis para este artigo, certamente poderíamos fazer algumas analogias relacionadas ao consumo cultural e ao perfil de acesso da população brasileira aos bens e serviços culturais e de como isso pode ter impactos nos indicadores de leitura. Em que medida, por exemplo, uma cidade que tem uma rede efetiva de bibliotecas públicas, teatro, museus, cinemas afetam positivamente na formação de leitores.
Por fim, deixo uma boa provocação para os secretários de cultura e de Educação e, quiçá, para o prefeito da cidade. Por que não pensarmos em uma grande e bonita meta de fazermos de Fortaleza, uma cidade de leitores? Por que não construímos com uma ampla participação da sociedade o Plano Municipal de Livro e Leitura, estabelecendo metas que possam alterar esta fotografia que vimos aqui, articulando os programas de acesso ao livro, de promoção da leitura, de formação leitora, de incentivo à criação literária e acadêmica, de fomento para as pequenas editoras e livrarias da cidade? Claro que tudo isso deve partir do reconhecimento, incentivo e da articulação com os projetos de promoção da leitura desenvolvidos por organizações civis da cidade.
Que tal pensarmos também em um grande programa de formação de pais (famílias) e de Professores leitores? O fato é que estou cada vez mais convencido de que a melhoria da qualidade de Educação passa pela formação de leitores cidadãos. Mas não uma formação instrumental e funcional. Falo da dimensão cultural e subjetiva da leitura. Aquela que nos faz mirar o mundo de maneira mais autônoma, crítica e inventiva. Aquela que nos faz capazes de reinventarmos uma cidade. E aí, que tal reinventarmos uma Fortaleza através da leitura plural?
Fonte: O Povo (CE)