sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um projeto de incentivo à educação

Incentivar os jovens a estudar e mostrar as dificuldades e necessidades do mercado de trabalho são os principais objetivos do projeto "As vantagens de permanecer na Escola", da Junior Achievement.
A empresa recruta voluntários em grandes instituições e recebe inscrições de interessados, que, posteriormente, são capacitados para participar de dinâmicas e oficinas com estudantes de Escolas da rede estadual de ensino. 
- Os voluntários se cadastram e participam da aplicação das tarefas contando as suas próprias histórias, para mostrar aos jovens como é o mercado de trabalho e incentivar a permanência na Escola - explica a diretora-executiva da Junior Achievement no Rio, Laura Mariani. 
As visitas estão previstas para começar ainda este mês, e a meta é que cinco mil jovens de 25 instituições de ensino participem. Laura Mariani explica ainda que, durante as aulas, é utilizada uma linguagem comum e de fácil assimilação pelos jovens. 
- Os alunos desenvolvem uma metodologia que integra conceitos de empregabilidade, Educação e qualificação por meio de cinco momentos, que incluem um jogo de tabuleiro, análise de gráficos, elaboração de um orçamento, planejamento de carreira e debate. São métodos práticos, e os estudantes passam a entender que a capacitação é fundamental para o mercado de trabalho - afirma Laura. 
Ao final do encontro, os alunos realizam um trabalho em grupo para levantar argumentos e debater a evasão Escolar. 

REQUISITOS: O voluntário deve se relacionar bem com jovens de 15 a18 anos, ter conhecimento ou prática de recursos humanos, administração e afins, curso superior ou estar matriculado pelo menos no 5º período. 

PARTICIPAÇÃO: As atividades abrangem dois dias (até oito horas no total). Um de capacitação e outro de aplicação em sala de aula. 

INSCRIÇÕES: Podem ser feitas pelo site no link "As vantagens de permanecer na Escola". 

PROGRAMA: Dividido em cinco etapas: o jogo das grandes decisões; êxito pessoal; por que permanecer na Escola; elaborando um orçamento e projetando-se para o futuro. São atividades práticas, que despertam a reflexão sobre a importância da Educação.
O Globo (RJ)

Professor, principal agente da reforma

Alcançar bons patamares educacionais no ensino público é uma tarefa que exige investimentos maciços em recursos humanos, infraestrutura e em diversas outras frentes. É preciso que as escolas estejam em bom estado de conservação e que haja material didático disponível e forte suporte para a aprendizagem. Mas, acima de tudo, é preciso que alunos e professores se sintam cada vez mais motivados.
Formatar diretrizes de uma reforma educacional - um verdadeiro Pacto Pela Educação de todos os goianos - que englobe todas essas questões exigiu esforço e, principalmente, a busca de um modelo de gestão educacional inovador.
Foi com essa visão que o governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Educação, reuniu experiências bem sucedidas e definiu ações que servirão de base para uma Educação que permitirá o verdadeiro desenvolvimento das próximas gerações de goianos.
A união de todos no sentido de fortalecermos a escola pública é fundamental para o êxito desse projeto. Nos diálogos com os pais, diretores, alunos e professores é que atingiremos o objetivo de estruturar escolas capazes de atender às demandas de nossos jovens e prepará-los para o futuro, cada vez mais desafiador e exigente. A reforma ampliará as oportunidades dos estudantes ao conhecimento e à capacitação técnica para o trabalho.
São os professores os principais agentes desta mudança. Afinal, eles são os responsáveis diretos pelo ensino. Além de bem preparados para atuar em sala de aula, os professores devem sentir-se estimulados para exercer essa função. Boas condições de trabalho são apenas um dos fatores, mas remuneração compatível com a função é primordial.
Entendendo que a classe docente deve figurar entre as mais valorizadas das profissões é que o Governo de Goiás, após superar as dificuldades financeiras no primeiro semestre, reitera o compromisso de viabilizar, nos próximos meses e o mais rápido possível, o pagamento do piso salarial nacional dos professores - e em um valor maior do que o recomendado pelo Ministério da Educação.
Esta medida visa não somente o cumprimento da legislação federal que estabelece o vencimento mínimo para os professores em R$ 1.187,00. Ela faz parte da concepção deste governo como um todo de promover e incentivar aqueles que optam por esta importante carreira.
É fato que nos países onde a Educação mais avançou nas últimas décadas os docentes tiveram seu devido reconhecimento socioeconômico em comparação com as demais profissões. Assim os estudantes de graduação mais competentes foram atraídos para o magistério. Isso aconteceu em locais como Cingapura, Irlanda e Coreia do Sul, países nos quais o professor ocupa relevante posição social.
O mesmo não acontece no Brasil. Sabemos da importância da docência para o desenvolvimento do nosso país e, por isso, estamos mudando esta realidade em Goiás. Outras medidas já foram colocadas em prática, como o Reconhecer, que concede bônus de até R$ 1,5 mil para os professores mais assíduos, e o respeito ao pagamento do adicional de férias no contracheque de junho.
Essas iniciativas, somadas ao pagamento do piso salarial nacional, vão contribuir para fazer da carreira docente em Goiás um caminho atrativo para os jovens goianos, além de propiciar ao professor efetivo do quadro profissional da Secretaria da Educação condições mais favoráveis ainda ao exercício pleno da carreira do magistério.
Marconi Perillo, governador de Goiás, in: O Popular (GO)

Pobreza racial

Se nenhuma corrente é mais forte que seu elo mais fraco, a sociedade brasileira tem hercúleo desafio pela frente. Trata-se de democratizar as oportunidades para reduzir o hiato existente entre negros e brancos.
Estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentado na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados expõe realidade preocupante. Em 10 anos, negros e pardos tiveram mais acesso à Educação e à saúde. Mas estão distantes dos índices alcançados pelos brancos.
O Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010 exibe um retrato da população no qual os traços revelam contornos desarmoniosos. Nele, os desníveis ganham relevo. Muitas vezes aparecem disfarçados, mas nem por isso invisíveis.
Os aspectos destacados no texto são chave no processo de redução da pobreza, mas, com a evolução lenta, contribuem para perpetuar as condições perversas com as quais o país convive desde a época em que vigorava o regime das Capitanias Hereditárias.
A Educação abre, sem dúvida, a porta da ascensão social. Segundo a Fundação Getulio Vargas, cada ano de estudo significa aumento de 15% no salário do trabalhador. Uma sociedade globalizada como a nossa não tem como fugir a exigências crescentes de sofisticação.
Bons empregos são disputados por profissionais cada vez mais qualificados. Os melhores ganham as vagas. Os outros não têm saída: precisam se conformar com ofertas medíocres, que os obrigam a manter a mediocridade trilhada por seus antecedentes e, com muita probabilidade, a ser continuada por seus descendentes.
É o preço pago pela baixa qualidade do ensino público. Os negros e pardos, parcela mais pobre da população, frequentam as instituições mantidas pelo governo. Os brancos que podem pagar colégios privados estudam mais e melhor. O resultado do Enem divulgado na semana passada deixou claro que continua profundo o abismo que distancia uns dos outros. E o pior é que esse perverso afastamento não se observa só na escola; aprofunda-se ao longo da vida.
Estatísticas, como demonstra o relatório, camuflam realidades particulares. É o caso dos dados da pré-escola. Hoje, 6,4% das crianças com 6 anos estão fora das salas de aula. Desse total, 4,8% são brancas; 7,5%, negras e pardas. A desvantagem se observa nos demais níveis.
É revelador e preocupante o exemplo da taxa de adequação, que avalia se o estudante está na série indicada para a idade. Nada menos de 34% dos jovens de 15 a 17 anos não correspondem ao exigido, estão atrasados em relação à idade. E, desse total, 26,2% são negros e pardos; 20,1%, brancos.
Os dados do relatório, embora sejam inquietantes, apresentam pontos positivos e apontam rumos. As políticas de igualdade racial têm acertos, mas são tímidas demais diante de realidade tão constrangedora e que representa sério desafio a ser enfrentado. Impõe-se aprofundá-las. De um lado, ampliando o leque de ofertas. De outro, melhorando-lhes a qualidade.
Estado de Minas (MG)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Salvas pela educação

O desenvolvimento econômico destrancou os portões e as meninas e mulheres correram para as Escolas em todo o mundo. Hoje, elas são maioria no ensino superior em dois terços dos países e estão em maior quantidade no nível médio em quase metade das nações.
Obtêm melhores notas que os homens em geral, repetem menos o ano, tendem a ter desempenho excepcional em línguas e interpretação de texto e já invadem antigos redutos do sexo masculino, como a matemática e as ciências.
O resultado dessa revolução educacional permitiu às mulheres avançar a passos largos no mercado de trabalho. É o que revela Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial, divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird), em Washington.
Nos últimos 30 anos, houve aumento da participação da mão de obra feminina na geração de riqueza em todas as faixas etárias e em quase todas as regiões do mundo — as exceções foram a Europa Ocidental e a Ásia Central.
O crescimento foi mais rápido na América Latina e no Caribe, em especial no Brasil, onde as mulheres passaram a representar 64% do mercado de trabalho, quase o dobro dos 39% observados em 1980. Na Argentina, a participação, no mesmo período, passou de 39% para 51%.
Tal evolução também se observou, mesmo que em um ritmo um menor, no Oriente Médio e no norte da África. Mas, nessas duas regiões, a representação da mão de obra feminina ainda é pequena, em torno de 26% do total. Já no leste da Ásia e do Pacífico, elas são a maior parcela: 64%. Na África Sub-Saariana: 61%.
Na avaliação dos pesquisadores do Banco Mundial, a maior presença das mulheres no mercado de trabalho tem contribuído para reduzir a lacuna em relação aos homens. Os estudiosos ressaltam que, na América Latina, o avanço médio de 42% da força de trabalho feminina em 10 países deve ser atribuído ao acesso à Educação e a mudanças na estrutura familiar, com a postergação dos casamentos e a decisão de ter menos filhos.

Distorções
Mas, apesar de tanto esforço e dos visíveis avanços, as mulheres ainda ganham menos que os homens na mesma função e ocupam poucos cargos altos nos governos e de chefia nas empresas privadas. Nos países pobres, as melhorias são mais lentas, e elas ainda estão concentradas no trabalho agrícola ou nos afazeres do lar.
A maioria nas Escolas ainda é de meninos, embora as garotas estejam em plena maratona para encurtar a distância. Na África Sub-Saariana, para cada 100 meninos no ensino primário, o número de meninas subiu de 85, em 1999, para 91 em 2008.
Para os técnicos do Bird, o fim das barreiras em relação às mulheres — desde a discriminação no trabalho ao menor acesso ao crédito — resultará em aumento da produtividade da economia em vários países em até 25%, pois as “habilidades e os talentos” delas serão aproveitados de forma mais efetiva.
“Na América Latina, esse ganho de eficiência é estimado entre 4% e 16%”, afirma Ana Revenga, diretora da instituição e coautora do relatório. Ela diz mais: “O desenvolvimento econômico tem aberto as portas e reduzido as desigualdades entre homens e mulheres, particularmente nos países em que a renda da população tem melhorado”.
Porém, de forma geral, as mulheres ao redor do mundo detêm empregos de menor produtividade e que pagam menos. “Elas trabalham em fazendas menores, no caso das que estão na atividade agrícola, dirigem negócios pequenos, atuam mais na informalidade e raramente estão no poder”, destaca o documento do Bird.
Entre os agricultores, as mulheres raramente são donas de terras e suas propriedades são geralmente menores do que as dos homens e valem menos. No Brasil, elas representam apenas 11% dos proprietários. No Quênia, na África, são 5%.

Sinal de alerta
Embora saindo em desvantagem — eram 10,8 milhões em 1970 contra 17,7 milhões de homens — o número de estudantes femininas nas universidades aumentou sete vezes nas últimas quatro décadas nos 96 países pesquisados pelo Banco Mundial e atingiu 80,9 milhões em 2008.
No mesmo período, a quantidade, de homens no ensino superior cresceu apenas quatro vezes, para 77,8 milhões. Além de dominarem os bancos do ensino médio e das universidades, o melhor desempenho das mulheres já acendeu alerta nos países desenvolvidos.
Não à toa, afirma os especialistas da instituição, as economias de renda mais alta estão preocupadas com as notas baixas dos meninos frente às obtidas pelas garotas. Eles assinalam ainda a invasão das mulheres nas universidades ao incremento da demanda no mundo globalizado por empregos de natureza intelectual e não braçal.

Vantagens e desvantagens
A repetição e a taxa de desistência são maiores entre os meninos que entre as meninas, informa o Banco Mundial. Garotos acima de 15 anos ainda mantêm vantagem em relação às garotas na matemática, mas a diferença vem ficando cada vez menor.
Nos Estados Unidos e em Israel, as estudantes femininas obtêm notas melhores nas principais disciplinas, incluindo matemática e ciência. Na França, elas são maioria nas matrículas das grandes Escolas de negócios.
Correio Braziliense (DF)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mostrando a Língua - 29

Olá, diqueiros!
Hoje seguem as respostas das sugestões de dicas de Anastácia e Badô.

DICA 1:
A alteração de CAMPUS para CÂMPUS está gerando uma polêmica digna de muita discussão. A justificativa geral de que:
a) está integrado ao vernáculo português por:
I - uso intenso,
II - uso extenso,
III - não - inclusão de fonema estranho ao vernáculo,
IV - não - infringência da relação gráfico - fonética da língua
b) em sua relação gráfico-fonética, configura caso não apenas semelhante, mas análogo ou igual ao de "bônus", "ônus", "cáctus", "múnus", "húmus", "lúpus" etc.
c) na grafia "campus", obriga a pronúncia como vocábulo oxítono (campús), sob pena de incoerência e de infringência da convenção ortográfica em vigor, já que vocábulo terminado em i ou u, seguidos, ou não, de s, sem grafema ortoépico, soa como oxítono (campús)
AINDA NÃO ME CONVECEU!
Sei que, às vezes, sou teimosa, mas, neste caso, abrigo-me em dois fatos principais:
1-na verdade, não temos em Português, NENHUMA PALAVRA com acento circunflexo no 'a', embora tenhamos paroxítonas em 'us' acentuadas (bônus, ônus, tônus,...)
2- se incomoda à ABL o uso de expressões latinas por brasileiros a que eles chamam de 'latinistas' (devo ser uma delas), eles deveriam assumir este comportamento também em relação ao escudo da própria ABL alterando o AD IMMORTALITATEM para o brasileiríssimo RUMO À IMORTALIDADE, o que acham?
Fiz uma consulta formal à ABL (por isso demorei a postar a dica) e ainda não obtive resposta.
De quaqlquer forma, penso (isso é pessoal) que NADA nos impede de usar a forma latina – campus -, como também de os adeptos da novidade utilizarem o moderno câmpus.
Todos vocês sabem o que penso sobre a evolução de palavras: não compreendo as amarras e interdições, mas, em se tratando de origem, sou mais conservadora (sem medo de ser!).
Assim que chegar a resposta à consulta, encaminho para vocês.

DICA 2:
HIDROSSANITÁRIAS, HIDRO SANITÁRIAS OU HIDRO-SANITÁRIAS?

Pois bem: esta é bem tranquila, porque está no Acordo Ortográfico aprovado por todos os países da CPLP.
Trata-se da regra do hífen que, neste caso, prevê o seguinte:
Se o prefixo terminar em vogal (caso de hidro) e a outra palavra começar por r ou s (caso de sanitárias), dobram-se essas letras. Assim, o correto é HIDROSSANITÁRIAS, ok?
Outros exemplos: minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta.

Grande abraço, até quarta,
Edinalda

Educação no século XXI


 
A Educação é tema recorrente na agenda brasileira e do mundo, uma vez que é evidente que países com os melhores índices têm mais oportunidades e num mundo no qual conhecimento e capital humano são ativos indispensáveis para o progresso de suas sociedades.
No Brasil temos percebido avanços, principalmente se levarmos em conta que grande parte das nossas crianças está na escola. Ou seja, temos escola, mas a qualidade do ensino certamente é algo assustador como demonstrou o Exame Nacional do Ensino Médio.
Essa questão é muito importante para qualquer família porque a única garantia de boa oportunidade para um filho é a boa Educação. Para mim, de família judaica, a Educação sempre foi prioridade número um por conta da herança de perseguições: o único bem que se pode efetivamente levar consigo é o preparo intelectual e profissional, diante da necessidade de imigrar para outro país.
É na Educação que se garante igualdade de oportunidades, de modo que não existe melhor estratégia de combate à desigualdade social do que investimentos no sistema de Educação do país.
Como disse o sociólogo Simon Schwartzman: Saber como gerenciar a escola para que o resultado que se busca seja seu principal objetivo que é educar; dar formação adequada para professores; organizar disciplinas; procurar experiências de outros países. Não há solução fácil. Antes era colocar a criançada na escola; construir escola e chamar professor. Agora é desenvolver inteligências (O Globo, 19/06/2011).
A Educação se torna mais relevante na medida em que se verifica que os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento das pessoas, de modo que é primordial que nesta fase a criança tenha a possibilidade de aprimorar todo seu potencial.
Ou seja, as pessoas privadas de uma boa Educação nos seus primeiros anos de vida, necessariamente terão mais dificuldades do que os outros, além de, na maioria das vezes, também terem de enfrentar questões como os impactos negativos da má alimentação.
Algo importante e incontestável é que o tema está cada vez mais presente na sociedade, como se verifica na grande cobertura da mídia sobre a matéria, demonstrando que mesmo com todas as dificuldades, há na nossa sociedade, clareza quanto à importância estratégica da Educação.
Não há pai neste planeta que não se preocupe com a educação dos filhos. Entretanto, acredito que neste debate há necessidade de se colocar outras questões que já são debatidas em outros países, mas que me parecem ausentes aqui no Brasil.
Refiro-me basicamente a temas como criatividade desenvolvimento de potencialidade neste campo, uma vez que este é um ativo que tende a ser cada vez mais valorizado com as novas economias, a exemplo do que se denomina economia criativa. Que curriculum pode ser desenvolvido para permitir uma visão mais holística da realidade e desenvolvimento de conhecimentos multidisciplinares, com a finalidade de estimular a criatividade das pessoas?
Embora não tenha resposta fácil, creio que o Brasil ganharia muito se incorporasse na educação temas contemporâneos como esse, a exemplo do que já ocorre na Inglaterra. É preciso uma mentalidade aberta que permita incorporar nas discussões recorrentes, novas visões e os conhecimentos que a neurociência tem trazido. Sem enfrentar os desafios do século XXI, estaremos pensando a Educação como modelos educacionais do século XIX.
Brasil Econômico (SP)

América Latina faz esforço por educação

Organizações não governamentais formadas por empresários, educadores e profissionais de diferentes áreas em 13 países da América Latina lançaram esta semana, em Brasília, a Rede Latino-Americana de Organizações da Sociedade Civil pela Educação. Com perfis distintos, as entidades são um retrato da mobilização social para auxiliar o poder público a melhorar a qualidade e o acesso ao ensino. 
Em declaração conjunta, as ONGs dizem que 23 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola no continente. O documento destaca que a situação tampouco é boa para quem está estudando: "A qualidade do aprendizado é muito baixa em todos os níveis e muito desigual entre grupos socioeconômicos e étnicos." 
O lançamento ocorreu no quarto e último dia do congresso internacional "Educação: uma agenda urgente", promovido pela ONG brasileira Todos pela Educação, que integra a rede.
A coordenadora-geral da entidade, Andrea Bergamaschi, disse que o trabalho em cada país deve ir além do ensino. O raciocínio é que a aprendizagem depende muito do que acontece fora das escolas: 
- Para que a gente alcance a qualidade da Educação, dependemos de políticas de saúde, segurança pública e combate à pobreza - afirmou Andrea. 
Com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a rede buscará a troca de experiências. O chefe da Divisão de Educação do BID, Marcelo Cabrol, deu uma dica: a melhoria da qualidade passa por investimentos já na primeira infância: 
- O que não se adquire de habilidades cognitivas aos 8 anos não se adquire mais. 
No Brasil, a matrícula na faixa de 4 a 17 anos passará a ser obrigatória a partir de 2016. Hoje, a exigência é restrita à população de 6 a 14 anos. Em 2009, 91,9% dos brasileiros nessas idades estavam matriculados na escola, segundo o Todos pela Educação. 
O ministro Fernando Haddad acompanhou o lançamento. Ele disse que o continente precisa de um mutirão, pelas próximas décadas, para romper "a inércia que marcou todo o século XX": 
- Temos a convicção de que o intercâmbio das nossas experiências vai nos fazer bem. A América Latina tem uma dívida histórica com a Educação. É um desafio para todos os nossos países. 
Haddad lembrou que o Brasil já promove intercâmbio de professores com os países do Mercosul. O objetivo é ensinar aos docentes espanhol e português, respectivamente. Para o ministro, é importante que o continente avance em conjunto: 
- (O intercâmbio) vai aumentar mais se os sistemas estiverem melhorando juntos. Se houver desnivelamentos, você dificulta o intercâmbio de estudantes e docentes. 
O presidente da ONG Empresários pela Educação, do Peru, José Miguel Morales, cobrou mais clareza dos governantes ao reivindicarem maiores investimentos em Educação. Segundo Morales, em vez de ficar falando em termos de percentuais do Produto Interno Bruto (PIB), os governos deveriam especificar o tipo de ação em que pretendem gastar. 
Além de Brasil, Peru e Argentina, a rede reúne entidades de El Salvador, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e República Dominicana.
O Globo (RJ)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Brasil não forma jovem para mercado globalizado

                                      


Um estudo da consultoria Heidrick & Struggles – uma das maiores do mundo em contratação de executivos – mostra que essa fase dos estudos pode ser um problema para a formação de talentos brasileiros para o mercado internacional.
O Global Index Talent 2011 (Índice Global de Talentos, em inglês), elaborado pela consultoria, coloca a qualidade do ensino fundamental brasileiro na 35.ª posição num ranking de formação de futuros executivos que envolve 60 países.
Nesse ranking, o Brasil fica atrás de qualquer país desenvolvido e mesmo de outros emergentes, como Rússia (27.ª), Argentina (30.ª) e Coreia do Sul (33.ª).
Para especialistas, os números revelam um entrave para um país que avança em seu papel no mercado global. Na pontuação geral, o Brasil é o 42.º, atrás de Venezuela, Colômbia e Arábia Saudita. Experiência passada de mãe para filhos
Formada pela Florida Interna­tional University, nos Estados Unidos, Lucia Koch está oferecendo aos três filhos a oportunidade que teve quando jovem: estudar no exterior. Casada com um alemão, ela diz que teve a opção de criar os filhos no Brasil, onde a família viveu entre 2004 e 2009, ou na Alemanha. A opção acabou sendo pela Europa.

Melhores particulares perdem para a média de Coreia do Sul e China
O economista Gustavo Ioschpe alerta que a deficiência de ensino não é uma exclusividade das escolas públicas. Para ele, os pais precisam abrir os olhos para a formação de seus filhos em colégios particulares.
Ioschpe explica que, na última prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), alunos das escolas particulares do Rio tiraram nota média de 55,5 pontos numa escala até cem. Isso significa que aprenderam metade das habilidades que poderiam.
“Os pais se enganam ao pensar que matricular seus filhos em colégios particulares garante a eles uma boa qualificação para o mercado global”, diz Ioschpe. Dados do Programa Internac­io­nal de Avaliação de Alunos (Pisa), elaborado pela Organi­zação para a Cooperação e o Desen­volvimento Econômico (OCDE) com alunos de 15 anos, comprovam isso.
A nota em leitura dos estudantes dos melhores colégios particulares do Brasil – representados pelos 10% mais ricos – é inferior à de es­tudantes de renda média na Coreia do Sul, Hong Kong e Xan­gai (China).
Segundo a professora Maria Helena Guimarães de Castro, especialista em Educação e professora aposentada da Unicamp, vários fatores explicam a baixa qualidade do ensino particular.
Entre eles, formação ruim de professores, poucas horas de estudo, baixa cobrança de pais sobre os colégios, acomodação dos pedagogos das escolas e métodos pouco estimulantes de ensino.
Sócio das operações brasileiras da Heidrick & Struggles, Dárcio Crespi, um dos principais caçadores de executivos do país, explica que a qualidade do ensino básico deixa profissionais para trás na competição global. “Um ensino fundamental fraco se transforma em um ensino médio pobre e um ensino superior sofrível. É como uma bola de neve”, afirma Crespi.

Contraste
O advogado Maurício dos Santos, sócio de um escritório no Rio, percebeu essa diferença quando fez uma pós-graduação em Abu Dhabi e teve colegas de classe sul-coreanos.
“Os colégios asiáticos são exigentes e cobram muito seus alunos. Eles são diligentes, estudam a fundo. E existe também uma cobrança muito grande dos alunos e pais sobre a qualidade do que é ensinado. Não vejo isso aqui no Brasil”, avalia Santos.
Ele recentemente colocou as duas filhas para estudar em um colégio na Alemanha no período em que foi visitar a família de sua mulher, que é alemã. Ele se disse chocado com a diferença no nível de ensino. “Fiquei impressionado com o que um colégio alemão espera que uma criança de oito anos seja capaz de saber e responder. As escolas particulares de primeira classe no Rio não ficam acima de uma escola média na Alemanha.”
Na pesquisa da consultoria Heidrick & Struggles, o Brasil está melhor que China (39.ª) e Índia (50.ª) no ranking de qualidade do ensino obrigatório. Na verdade, China e Índia formam mais executivos de talento global que o Brasil. Mas como suas populações são muito grandes, esse desempenho acaba diluído.
O sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Es­­­­tu­­­­dos do Trabalho e Socie­dade, ex-presidente do IBGE, diz que nossa tradição escolar não é boa. “Existem exceções entre os colégios, mas a média das instituições está mais preocupada em preparar os alunos para a prova do vestibular.”
Gazeta do Povo (PR)

DIA NACIONAL DO SURDO


26 DE SETEMBRO

A Comunidade Surda Brasileira comemora em 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo, data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação,
saúde, dignidade e cidadania.
A Federação Mundial dos Surdos já celebra o Dia do Surdo internacionalmente a cada 30 de setembro. No Brasil, o dia 26 de setembro é celebrado devido ao fato desta data lembrar a
inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857, com o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES‐Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Toda esta história começou em 26 de setembro de 1857, durante o Império de D. Pedro II, quando

o professor francês Hernest Huet fundou, com o apoio do imperador o Imperial Instituto de Surdos Mudos.
Huet era surdo.
Na época, o Instituto era um asilo, onde só eram aceitos
surdos do sexo masculino.
Eles vinham de todos os pontos do país e muitos
eram abandonados pelas famílias.

Colaboração: Heloisa Crespo

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Revolução educacional

O senador Cristovam Buarque, que marca sua atuação na política brasileira pela defesa da melhoria da educação, tendo ficado conhecido como o candidato "de uma nota só" - coisa que muito o orgulha, aliás - quando se apresentou na disputa pela Presidência da República em 2006, tem uma nova utopia: a ampliação da rede de escolas públicas federais, hoje com cerca de 300 unidades (Pedro II, escolas técnicas, colégios militares, institutos de aplicação).
Elas estão entre as melhores do país, com média melhor do que a das escolas particulares, ao contrário das escolas públicas municipais e estaduais, que estão entre as de mais baixo nível educacional de acordo com o mais recente Enem.
Um fato que gera entusiasmo, ressalta o senador, é ver os resultados das recentes olimpíadas de matemática e, em especial, o desempenho dos alunos das escolas federais. As 300 federais têm a melhor média do Ideb entre todos os segmentos da educação de base.
Ele entregou à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) uma proposta para federalizar a educação no Brasil em um prazo de algumas décadas, ao mesmo tempo em que se melhorariam as escolas municipais e estaduais, durante o processo de substituição do sistema vigente pelo novo sistema federal.
A proposta, que ele chama de Revolução Republicana na Educação, consiste em levar, com qualidade ampliada, essas 300 escolas a todo o território nacional em 20 anos.
"A História nos dá a chance de sermos líderes da construção desse novo Brasil. Os "Cieps do Brizola" falharam ao focar na unidade escolar e na arquitetura, e não na cidade inteira: nos professores, no conteúdo e nos equipamentos", analisa o senador do PDT.
Ao trocar o enfoque na escola por enfoque na cidade, o projeto levará a uma inflexão da educação brasileira, da simples evolução para uma revolução, aposta Buarque.
Os dois movimentos propostos são: (a) fazer uma revolução em cidades pré-escolhidas, as Cidades com Escola Básica Ideal (Cebi); e (b) avançar na qualidade de todo o Sistema Educacional Vigente (SEV).
Todas as escolas do país seriam melhoradas ao mesmo tempo em que todas as escolas de determinadas cidades sofreriam radical revolução: teriam seus professores selecionados pelo governo federal, com carreira nacional; com salários atraentes, com regime especial de formação e exigências específicas de dedicação; os prédios seriam reconstruídos e receberiam os mais modernos equipamentos pedagógicos; todas as crianças teriam ao menos seis horas/dia de atividade escolar.
O senador ressalta que o resultado seria que, de imediato, o ensino nessas cidades teria a qualidade dos países mais avançados. Ele estima que em um período de cerca de 20 anos, as Cebis poderiam chegar a todo o território nacional.
As cidades seriam escolhidas com base em critérios como: (i) tamanho - cidades de porte pequeno; (ii) História - cidades com alguma tradição educacional; (iii) compromisso - cidades cujos prefeitos e governadores apresentem história de compromisso com a educação e vontade de participar do financiamento dessa Revolução Educacional.
A proposta supõe, no primeiro ano, atender 3,5 milhões de crianças em 200 cidades pré-selecionadas, com população média de 70 mil habitantes, a um custo de R$9 mil por aluno, e custo total de R$40,3 bilhões.
Nesse custo, ressalta o estudo do senador, está incluído o salário da carreira nacional de R$9 mil/mês - equivalente ao salário pago em países como Coreia do Sul, Finlândia e Chile - para 120 mil novos professores, além do custo da nova infraestrutura de ponta associada ao ensino de qualidade.
Também os salários dos professores do SEV seriam aumentados, passando dos atuais R$1.527 para R$4.000, com um novo regime de formação e dedicação e gastos com infraestrutura capazes de disseminar o horário integral em todas as cidades, a um custo adicional de R$118,7 bilhões.
Nos anos posteriores ocorreria a ampliação das Cebis, substituindo a cobertura do SEV até a revolução chegar a todas as cidades, todas as escolas, todas as crianças do Brasil.
Na medida em que aumentam o número de alunos e o custo para as Cebis, o sistema tradicional iria sendo encolhido, até zerar.
O custo da Revolução Republicana na Educação, daqui a 20 anos - no seu último ano de implementação, quando todo o novo sistema de educação básica tiver substituído o sistema tradicional vigente -, será de 6,4% do PIB, assumindo o crescimento do PIB em 3% ao ano nesse período, o que Buarque considera "conservador".
Descontando os gastos atuais com a educação de base (3,04% do PIB), o custo líquido da revolução será de 3,36% do PIB. O custo total dessa revolução (incluindo os gastos com o ensino superior) seria de apenas 7,1% do PIB, "perfeitamente dentro das possibilidades da economia brasileira", na avaliação de Buarque.
O peso dos custos será bastante menor ao longo dos anos, ressalta o senador, se levarmos em conta o impacto da educação sobre a taxa de crescimento do PIB, como também a redução quase automática nos custos dos programas sociais.
"Nossa evolução é mais lenta do que o aumento nas exigências, e a consequência é o aumento na brecha educacional que hoje caracteriza um verdadeiro apagão intelectual, em um país que tem a 7ª economia mundial", adverte o senador.
Para ele, "quando a educação é distribuída desigualmente, ela termina sendo o berço da desigualdade".
Por isso, a continuidade de um Brasil "democrático, justo, eficiente, com presença internacional vai depender de um salto na educação brasileira, como fizeram no passado os países hoje desenvolvidos e países como Coreia do Sul, Irlanda, Espanha, Cingapura e outros que, há poucos anos, estavam atrás do Brasil e hoje nos superam, em muito, na renda per capita, na equidade, na produção de bens de alta tecnologia".
O Globo (RJ)

Enem: o leite, o creme e a manteiga

Após a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as análises começaram a aparecer. De forma quase automática, os holofotes se dirigiram para as escolas campeãs, e as sombras para outras tantas rebaixadas à segunda ou terceira divisão do campeonato.
Analisados, os dados divulgados podem responder perguntas. Então, que perguntas fazer? A primeira, que todos fazem, dado o movimento dos holofotes, é: o que as campeãs têm em comum?
De uma forma bem simplória, queremos ver o que fazem, fazer igual e, seguindo a receita, conquistar um resultado melhor. Podemos ter escolas só com rapazes. Que tal uma jornada de estudo que vai das 7h30 às 16h30, inclusive aos sábados pela manhã, sem que haja reclamação por parte dos alunos?
Também acatar a proibição do uso de adornos como piercings? Cumprir tudo isso garante alguma coisa? A receita é longa. Não faz parte da solução a importação de modelos.
Alguns imputam toda a conta às diferenças socioeconômicas. É verdade, mas essa é uma parte ou o início da história que vem sendo contada desde meados da década de 1960, quando James S. Coleman e seus colegas apresentaram os resultados de uma das maiores pesquisas já realizada nos Estados Unidos sobre oportunidades educacionais.
As relações encontradas não eram as que se esperavam. As variações entre as escolas quanto a seu financiamento, equipamentos e currículos também não pareciam explicar a variação no desempenho dos alunos, mas as diferenças socioeconômicas eram as responsáveis pelas diferenças no desempenho deles.
Essa conclusão parecia explicar tudo, mas o relatório Coleman foi o prenúncio de uma série de pesquisas que vieram desde então esmiuçando esse universo complexo, composto de diversas variáveis. Não existe um único fator que dê conta de explicar bons resultados. Não se trata, como o senso comum insiste em pensar, de: “Eu pago e volto no final para buscar o produto”.
Um fator que iguala e nos chama a atenção é a alta seletividade das escolas campeãs. Morei no interior de Minas e recebia o leite integral vindo direto da fazenda. Com a nata eu fazia manteiga. Algumas vezes não dava o ponto: se não coava direito e caía leite, a receita desandava, como se dizia no interior.
Dessa forma, não adiantava bater. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos isso o que acontece no Brasil. Há muitas escolas que só trabalham com a nata e tantas outras somente com leite, e todas precisam dar conta de fazer manteiga.
Ora, quando se tem a seu favor um alunado previamente selecionado (crème de la crème, a elite escolar); uma elite socioeconômica; estudantes com capital cultural herdado da família; um ambiente familiar rico em informações, livros; pais que valorizam os estudos; professores capacitados e bem remunerados; alunos com acesso aos bens culturais, entre outros diferenciais, me pergunto se não é injusto tributar à escola todo o mérito.
E aquelas escolas e seus professores que lidam com alunos carentes de grande parte desses diferenciais e ainda amargam as sombras da segunda e terceira divisão?
Acredito que, por tudo isso, cada escola, cada família e cada aluno, deve olhar realisticamente para suas possibilidades e limitações antes de atirar a primeira pedra.
Não temos como mensurar e lançar em um ranking aquilo que muitas escolas agregam aos alunos em termos de formação humana ampla. Enfim, estamos falando de uma Educação vista em complexidade, que foge de uma análise meramente quantitativa.

Estado de Minas (MG)

domingo, 25 de setembro de 2011

Flores e poesia são aliadas de professora na alfabetização

Em um pequeno jardim, com flores de A a Z, estudantes entram em contato com a natureza e também com as palavras e as letras. Esse despertar para o aprendizado da leitura e da escrita tem início com o plantio das mudas, pelos próprios alunos da Escola Municipal Hermann Müller, no distrito de Pirabeiraba, área rural de Joinville (SC). No local, plaquinhas de madeira exibem poesias de Roseana Murray, autora de obras infantis.
“Do A, de alamanda, ao Z, de zínia, para olhar, cheirar, comer e sentir as diferentes texturas, com mudas a partir de sementes trazidas pelas crianças e pais, e uma plaquinha identificando a letra e a espécie.” Assim é o jardim encantado, criado pela pedagoga Silvane Aparecida da Silva. Há oito anos ela dirige a escola, que tem 64 estudantes matriculados em turmas do primeiro ao sexto ano do ensino fundamental.
Pós-graduada em ecologia e em gestão escolar, Silvane foi a responsável pela revitalização da escola, que encontrou “definhando, triste e desarticulada”, com apenas 26 alunos.
Após uma série de medidas, que tiveram início com a retirada do lixo e a colocação de grama e canteiros onde antes havia pedras, ela conseguiu que os alunos passassem a viver, na prática, o conceito de “comunidade de vida”.
Uma delicada colmeia, bem ao lado da porta principal da escola, pouco acima do chão, serve de exemplo. Os alunos passam todos os dias pelo local, mas sempre guardam distância segura. “Eles observam, admiram, contornam e seguem; em que outro lugar que concentre crianças tal cena duraria?”, avalia a diretora.
Entre as árvores do bosque de leitura ao ar livre, os alunos podem ler, sentados em bancos sob as árvores frutíferas que eles mesmos plantaram. Ali ficam os chamados restaurantes da canção. São casas com comida para os pássaros, livres. “Tem aluno que vai para casa e solta os passarinhos das gaiolas, ou que sai de um rodeio chorando”, diz Silvane. “Eles sabem que nós somos só um fio da teia.”
Vantagem
Como a escola é pequena, os alunos são agrupados do primeiro ao terceiro ano e do quarto ao sexto, em turmas multisseriadas. Assim, a professora alfabetizadora Marciane Seefeld Gonçalves atende, além de alunos do primeiro ano, os de segundo e do terceiro.
Pedagoga, com pós-graduação em séries iniciais da educação infantil e gestão escolar, ela considera possível conseguir bons índices de aprendizado em turmas que reúnem estudantes de diversas idades e níveis de conhecimento.
“Organizando o tempo didático, propondo atividades coletivas, a interação entre alunos de diferentes níveis, antes considerada um obstáculo, transformou-se em vantagem pedagógica”, destaca.
A escola tem ainda sala de leitura, com livros atualizados, especialmente de poesia, e almofadas para os alunos lerem no chão. Todos os anos, em novembro, a escola promove o evento Café, Flor e Poesia. Em 2010, o encontro teve a participação de Roseana Murray, que pode ver seus poemas espalhados pelo jardim.
Portal do MEC