Dia desses, acompanhei um aluno do ensino fundamental no estudo da disciplina de história. O tema era o Oriente Médio e havia muita dúvida acerca do mapa da região de Israel, Palestina, Faixa de Gaza, Jordânia e Cisjordânia.
O local, palco de constantes conflitos, sofreu muitas mudanças. O estudante, tendo em mente diferentes configurações do mapa, queria entender qual era o verdadeiro: o professor lhe apresentara um; o colega lhe mostrara outro.
O garoto, na angústia de entender o que se passava, esqueceu de usar uma ferramenta importante e simples em tal disciplina – a leitura do texto do referido assunto.
Juntos, realizamos a leitura do texto, como se lê um jornal ou revista. Observamos as figuras e as mudanças no mapa. Pois é, professor e colega estavam certos – o mapa apresentado por cada um referia-se a momentos históricos diferentes. Rapidamente sua dúvida foi sanada.
Observo, em vários estudantes, certa resistência ao estudo da história. Não compreendem bem a necessidade dela, sua serventia.
Muitas vezes, seu estudo se restringe a conhecer fatos, características, datas, nomes... Sem a devida compreensão dos acontecimentos, com suas conseqüências para o mundo e o homem. Este é o sentido de estudá-la. Ela é estudada não só por ser a nossa história, mas para ajudar a compreender o homem e o mundo de hoje, numa construção histórica, através do tempo.
Assim, estudá-la torna-se chato, enfadonho e uma mera ‘decoreba’ de datas, nomes, causas e conseqüências. E ponto. O método utilizado acaba sendo o de decorar, em que o aluno repete feito um papagaio todas essas informações sem que lhe faça sentido algum. Se ele se esquece de uma vírgula ou uma palavra, pronto, não se lembra de mais nada. Passada a prova, mal se recorda o que estudou.
Por vezes, iniciam o estudo já se empenhando em gravar as informações, sem nem terem compreensão do assunto. Como se esse fosse constituído de partes alheias entre si. Geralmente, um tema refere-se a um capítulo que é dividido em subtítulos. Mas que fazem parte de um todo.
O ideal é que antes de se afligir e ficar medindo o que terá que decorar (algo que deve ser abandonado), o aluno deve realizar uma leitura do texto como se estivesse lendo uma revista, por exemplo. Uma leitura simples, observando figuras e mapas, tentando apenas compreender aquilo que lê.
Se algo não for entendido, calma. A resposta pode estar mais adiante. Se ainda assim ficar a dúvida, releia o texto. Nem sempre da primeira vez compreendemos tudo.
Hoje, é muito comum o recurso da internet. Pode-se procurar a resposta e enriquecer o estudo com outras informações ou imagens. Por último, discutir o assunto com o colega ou professor é de grande utilidade.
Após a leitura, em que se compreende o tema, já se tem meio caminho andado. É interessante ter em mente a linha do tempo, com os principais acontecimentos – um influencia o outro. Nada acontece por acaso.
Fazendo isso, muito provavelmente o aluno terá realizado um bom estudo. Porém, dirão muitos, existem determinados pontos que parecem necessitar de certa memorização. A memória é fundamental em qualquer processo de aprendizagem.
Memorizar é uma coisa, decorar é outra. Quando se decora, não se pode perde nem a pontuação. A memória está atrelada a compreensão – a chance de que permaneça em nossa mente é maior. Por isso, após a leitura e compreensão do texto todo, aí sim ele pode ser trabalhado em partes.
Cada subtítulo deverá ser lido novamente e o aluno deverá reproduzi-lo oralmente, com suas próprias palavras, e depois verificar se não se esqueceu de nenhuma informação importante. Caso tenha esquecido algo, pode-se repetir o processo para então passar para outro tópico.
Para aqueles que estão prestando vestibular e tem muitas coisas para ver, o ideal é fazer uma boa leitura dos diferentes temas, considerando a linha do tempo e a relação entre eles. O volume que têm é maior – muito diferente de estudar para uma prova do colégio. Leiam e se deliciem com sua leitura. Como se fosse um romance.
O aprendizado da história é fundamental. As escolas precisam mostrar isso para seus alunos, assim como a relação do passado com o presente e futuro. Só assim ela será mais valorizada. E nada de cobrarem ‘decoreba’.
Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga
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