sábado, 24 de setembro de 2011

Escolas públicas são ruins mesmo nas cidades mais ricas, aponta estudo

Cidades ricas têm escolas públicas com mau desempenho em educação, afirma um estudo realizado pelo diretor de educação a distância da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), João Carlos Teatini Clímaco. Em teoria, essas são as cidades com mais recursos para investir na rede de ensino.
Em documento de circulação interna no MEC (Ministério da Educação), Teatini comparou o PIB (Produto Interno Bruto) por habitante das 159 maiores cidades brasileiras (de mais de 150 mil moradores) com a nota dos estudantes em três períodos, na medição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) - 2005, 2007 e 2009.
- O que a gente registra é uma disparidade enorme em municípios muito ricos, com PIB per capita muito elevado, que, no entanto, tem um desempenho de suas escolas e de seus alunos sofrível.
A comparação inclui municípios menores e mais pobres, que se saíram melhor porque o investimento em educação acaba sendo mais bem aproveitado.
- Alguns municípios muito ricos estão investindo em times de futebol, em clubes na liga de vôlei ou basquete e, no entanto, a educação permanece com índices muito baixos. O município rico deveria investir muito mais em educação.

Construir viadutos, mais do que escolas
Para o diretor da Capes, há um problema de cultura política: “o prefeito [de uma cidade grande] se notabiliza por asfaltar ruas, por construir viadutos”.
Segundo ele, a disparidade ocorre inclusive entre os municípios beneficiados com a atual distribuição de royalties do petróleo, como é o caso de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, o terceiro município mais rico em PIB per capita do país.
A nota da cidade no último Ideb (de 2009), na avaliação dos anos iniciais do ensino fundamental, foi 3,2 – abaixo da média nacional de 4,6.
A Secretaria de Educação de Campos dos Goytacazes está realizando esta semana encontro com os diretores das escolas e das creches “para a mobilização em defesa dos royalties”, informa o site da prefeitura. A conta do poder público é que o município possa perder 80% dos seus recursos com a mudança na atual distribuição (R$ 1,4 bilhão anual).

Pré-sal para educação
Para o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a discussão sobre o uso dos royalties do petróleo extraído da camada pré-sal tem que observar os gastos com educação.
- Nós estamos nessa briga do pré-sal. Se nós distribuirmos o dinheiro para prefeitura despreparada, vão fazer calçada de mármore.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse à reportagem que “a melhor maneira de investir os royalties é em educação”.

Professores não conseguem estudar
Além de apontar para o baixo investimento em educação nas cidades ricas, o diretor da Capes reclama que muitos professores não conseguem estudar em cursos dados pelo ministério para concluir o ensino superior obrigatório, porque não conseguem transporte nem liberação das aulas para assistir os cursos.
- Há cidades onde a maior dificuldade é o prefeito liberar uma parte da carga horária dos professores, contratando substitutos, e dando apoio em transportes para o deslocamento [para fazer o curso superior obrigatório].
A Capes encerra nesta quinta-feira, (22), em Brasília, o primeiro Encontro Nacional do Plano Nacional de Formação de Professores de Educação Básica, que já formou 50 mil professores em cursos presenciais e 86 mil em cursos a distância.
R7

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