A divulgação, nesta quinta-feira, dos resultados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), exame inédito que verifica a qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano (2ª série), revelando que 56,1% dos estudantes aprenderam o que era esperado em leitura, e 42,8% em matemática, com grande variação entre as diferentes regiões do País e as redes de ensino pública e privada, expôs dados significativos do quadro existente nessa etapa inicial de aprendizagem, sem deixar de apontar,como admitem especialistas, insuficiências nela existentes.
A avaliação foi feita graças a uma parceria do movimento Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro/Ibope,a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sendo as provas feitas no primeiro semestre de 2011, com a participação de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do País.
O Ministério da Educação (MEC) só avalia os estudantes a partir do 5º ano do ensino fundamental e, antes desta fase,o único instrumento que existe para aferir o nível de aprendizagem é a chamada Provinha Brasil, exame que é aplicado pelo próprio professor e cujos resultados não são divulgados, servindo para que ele possa aferir como está o desenvolvimento dos seus alunos.
Por isso mesmo, como afirma a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, “esta iniciativa é importante pelos resultados que expõe,mas também por sua contribuição à construção de uma escala de proficiência em leitura, escrita e matemática para os primeiros anos do Ensino Fundamental”.
Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda,nos últimos anos os governos municipais, estaduais e federal, além das próprias escolas, focaram mais a questão da alfabetização nos primeiros anos do ensino fundamental, quando 56% têm o domínio adequado da leitura, o que pode explicar o resultado inferior em matemática.
“O diagnóstico disse ela deve ser olhado com muito cuidado, e tem que servir para iluminar as nossas políticas.Em relação à matemática, é como se fosse um sinal laranja.O que a gente enxerga é que os nossos programas relacionados à alfabetização e à leitura estão efetivamente dando resultado e, agora, é necessário aprofundar as ações em relação à matemática, especialmente a formação de professores”.
É consensual entre especialistas o reconhecimento de que, para reverter e aprimorar o atual cenário da alfabetização, a melhor estratégia é investir na Educação infantil, ou seja, na creche e na pré-escola, ressaltando, como o fazem, o quanto a Educação infantil tem influência no futuro da criança e em seu desempenho nas etapas subsequentes de aprendizagem.
Este, pois, o desafio que os resultados da Prova ABC colocam nitidamente diante dos educadores, dos órgãos governamentais nesse setor e, de forma mais ampla, da própria sociedade brasileira,por tudo o que o esforço coordenado em prol da elevação da qualidade do ensino representa para o futuro do País, numa época em que as trransformações se aceleram, intensificando avanços e, a um só tempo, exigências cada vez maiores, nos variados campos do conhecimento.
Jornal do Commercio (RJ)
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