As últimas notícias divulgadas pela imprensa nacional sobre o desempenho dos alunos em matemática e português são estarrecedoras.
Apesar de não sabermos, exatamente, calcular os prejuízos sobre a paralisia nas escolas e universidades, greves dos professores, qualidade do ensino, evasão, desigualdades entre escola pública e privada em nosso país, tudo nos leva a crer que mais da metade dos estudantes brasileiros não acompanham o que deveriam saber. Frequentam os bancos escolares sem saber contar as letras.
E o pior: a população brasileira é acometida de total desinteresse e desconhecimento do que está acontecendo na esfera pública. Ela padece do analfabetismo político. Mal sabe ela, que em casos de desvio de verba pública, é a Educação, a saúde, a infra-estrutura quem perde, acentuando o atraso econômico.
Deu na Folha de S. Paulo, que o Brasil resolveu o problema da quantidade (conseguiu universalizar o acesso ao ensino), mas não o da qualidade: 40% dos alunos deixam o ensino fundamental sem entender o que lêem. Vale o mesmo raciocínio para a Universidade.
De acordo com o importante veículo nacional, o Governo Federal praticamente afastou-se do ensino superior de qualidade, limitando-se a financiar as escolas privadas para que aceitem o maior número possível de alunos.
O resultado é que o custo é o mais elevado da América Latina, o triplo do italiano, 19 vezes maior que o francês, conforme os dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Cerca de 70% dos estudantes estão endividados e 65% dos mais pobres interrompem os estudos sufocados por problemas financeiros insuperáveis.
O jornal O Globo publicou a Prova ABC – uma avaliação feita pelo movimento “Todos pela Educação” por meio de parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro/IBOPE – mostrou que 43% dos alunos do terceiro ano do ensino fundamental não tiveram desempenho satisfatório em leitura e 57% não conseguem resolver problemas básicos de matemática, soma ou subtração.
O resultado da Prova ABC leva em conta a mesma escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), responsável por compor a nota do Ideb, que é o principal indicador de qualidade da Educação do país.
E você, meu caro leitor, o que acha disso? Será que emendas parlamentares incluindo novos conteúdos (filosofia, sociologia, artes, música, cultura afro-brasileira, cultura indígena e direitos de crianças e adolescentes) são suficientes para resolver o problema da qualidade da Educação?
Ao que parece, o fato de existirem muitos casos de malversação de recursos públicos, acabou desenhando em nossa sociedade um conceito de mal-estar coletivo, em que sempre olhamos de modo muito cético os rumos que a política educacional, no Brasil, tem tomado.
Esse quadro é muito triste e péssimo para o futuro de nossas crianças. Existe uma sensação de impotência de todos nós. E isso faz com que o Brasil perca competitividade todo dia. Isto porque, não formamos cérebros, não estimulamos a inteligência, não priorizamos a criatividade.
Não criamos novos ITAS, novas EMBRAPAS. Apenas, nos contentamos em montar peças, montar carros, motos, tablets, computadores, ao invés de criar chips, de investirmos na verdadeira revolução educacional e tecnológica.
Vicente Vuolo, in: Diário de Cuiabá (MT)
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