Nos últimos meses, o brasileiro passou a contar com aliados importantes na resolução de crimes: os sistemas de segurança com câmeras. Além de apontar responsáveis pelos atos, eles revelam a triste realidade do crescimento do nível de violência que a nossa gente está experimentando. As imagens nos mostram que não há limite para a maldade. Ela se supera a cada episódio.
Como em 1984, romance do escritor George Orwell, quando uma série de atentados terroristas levaram o Estado a estabelecer sistema de vigilância absoluta denominado Big Brother, o risco de criar uma sociedade totalitária, onde o medo é usado com forma de controle e o Estado passa a tutelar as ações dos cidadãos é iminente.
A vigilância rigorosa, por si só, é suficiente para estabelecer o clima de tranquilidade que todos desejam para o meio em que vivem? É evidente que não.
Mais uma vez voltamos à velha questão da força que transforma qualquer sociedade: a Educação. De nada valem equipamentos de alta tecnologia, armas poderosas, sistemas complicadíssimos se não tivermos pessoal preparado, maduro, educado para pôr tudo isso em funcionamento.
Uma recomendação do Conselho Nacional de Educação, no entanto, nos dá uma visão sombria do futuro que preparamos para a próxima geração.
Ela estabelece que, a partir de 2012, as crianças só vão poder ser matriculadas no ensino fundamental com 6 anos de idade. "É complicado alfabetizar e educar uma criança precocemente", justifica a secretária de Educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda.
É complicado, mas não é impossível e isso está claro quando vemos sociedades que conquistaram qualidade de vida e de desenvolvimento apostando na instrução do povo.
Reprimir o conhecimento nos faz lembrar de artimanhas usadas pela ditadura, quando afastou dos centros das cidades os câmpus universitários para evitar a convivência da classe científica e, por conseguinte, politizada, com a população desinformada, na visão dos dirigentes de então.
Devemos estimular o aprendizado cada vez mais precoce como única esperança de criarmos líderes em conhecimento, que criarão nova sociedade, com olhos para o bem comum. E, assim, as câmeras registrarão o resultado do nosso investimento na Educação.
Correio Braziliense (DF)
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