A constatação de que um em cada cinco estudantes brasileiros do Ensino Fundamental e três em cada 10 no Ensino Médio estão atrasados na série cursada, conforme dados do Censo Escolar 2010, é um fato preocupante num país com tantas carências a serem enfrentadas na área do aprendizado.
A distorção idade-série é uma das principais causas de desinteresse pelos conteúdos ministrados em sala de aula e uma das razões para os elevados índices de evasão escolar. Por isso, é importante que o Ministério da Educação, em conjunto com organizações da sociedade civil voltadas para avanços na área escolar, busque formas de enfrentar a questão, evitando a continuidade do problema e as consequências para a qualidade do ensino ministrado no país.
No Brasil, em princípio, todo aluno deveria encerrar a primeira etapa de estudo, constituída pelo Ensino Fundamental, até os 14 anos de idade, enquanto a segunda seria concluída aos 17. Mesmo com os esforços empreendidos nos últimos anos, porém, a discrepância entre idade e série cursada vem aumentando. O fenômeno é atribuído pelo MEC ao arrefecimento da progressão continuada, que teria levado a um aumento no número de reprovações.
Em consequência, há picos preocupantes, que não têm como ser tolerados: no 6º ano do Ensino Fundamental, 32% dos alunos estão atrasados e no 1º do Ensino Médio o percentual alcança 37,8%. Colocados em meio a colegas de idade inferior, muitos estudantes acabam se sentindo deslocados.
Esse sentimento faz com que, algumas vezes, acabem se desinteressando pela continuidade dos estudos, criando um problema cujas consequências só tendem a ser percebidas mais à frente – na maioria das vezes, tarde demais.
Entre as metas previstas pelo movimento Todos pela Educação, que se propõe a contribuir para a redução de deficiências no ensino, uma delas prevê que, daqui a pouco mais de uma década, toda criança deva apresentar habilidades básicas de leitura e escrita até os oito anos de idade, no final da 2ª série.
Outra define que, no mesmo espaço de tempo, 95% dos brasileiros de 16 anos já terão completado o Ensino Fundamental, enquanto 90% ou mais dos jovens de 19 anos deverão estar com o Ensino Médio concluído. Se a reversão da defasagem não for acelerada a partir de agora, o país corre o risco de não conseguir alcançar esses indicadores. Todos eles se constituem em pressuposto para sua consolidação como parceiro relevante no cenário internacional.
Um dos desafios do ensino no país é o de se manter atualizado e em condições de continuar atraindo crianças e adolescentes para a sala de aula na idade adequada para cada série. Por isso, conclusões como as divulgadas agora precisam contribuir para o MEC buscar formas de enfrentar a questão, evitando a continuidade do problema e as consequências para o ensino de maneira geral.
Zero Hora (RS) e Jornal de Santa Catarina (SC)
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