sexta-feira, 22 de julho de 2011

O hábito da leitura

Diante das discussões sobre o uso do português correto, aparece a necessidade da leitura para a formação de qualquer cidadão. A revolução tecnológica nos trouxe grandes avanços e novos hábitos, principalmente para uma geração jovem cada vez mais impaciente. Tanto os estudantes de ensino médio e superior quanto profissionais precisam ler mais.
Enfim, por que é necessário ler? Seria por causa de uma mera necessidade profissional e acadêmica? Quais os benefícios que o hábito da leitura pode trazer?
Estamos vivendo uma época de constante evolução tecnológica. A cada dia são lançados novos equipamentos que tornam nossa vida mais fácil e prática. O computador e os celulares têm sido os grandes personagens dessa revolução na comunicação. E isto é muito bom. Em relação à leitura, a tecnologia nos possibilita ler livros em computadores e tablets. Mas será que as pessoas que compram esses equipamentos estão realmente lendo mais?
O que há na verdade é muito modismo na questão dos tablets e a presença de um consumismo exagerado de tecnologia que já se observa há anos. Uma coisa é a revolução tecnológica e outra o hábito da leitura. Desnecessário dizer que apenas uma parcela muito pequena da população tem acesso aos tablets e mesmo que os tenha adquirido, não se sabe o quanto o usarão para ler livros.
A leitura é um hábito e tem a ver com a cultura, com a Educação e com a formação do indivíduo na família. Se foi incentivada pelos pais desde o início e é estimulada a intensificar esse hábito na Escola, aí sim, essa pessoa continuará a ler.
Por que se lê pouco? Talvez a falta de paciência seja a grande vilã dessa situação. Temos também a falta de Educação e a falta de tempo. Este mundo imediatista de hoje nos obriga a fazer tudo muito rápido. Valoriza-se mais ir a festas, bares, à academia, passear, ficar à toa dentre outras coisas. O resultado: as pessoas lêem menos, falam errado, não se comunicam corretamente e existem até aquelas que desprezam a leitura.
Como reverter esse quadro? Há que se dedicar um tempo do dia e alguns dias da semana para as leituras. A pessoa tem de gostar, tem de querer e não ter isso como uma obrigação imposta por um professor, pelo pai ou pelo chefe. Será que as famílias estão preocupadas com isso? E as empresas e Escolas?
Por que se deve ler? Por que se deve escrever bem o português e não se deve falar errado a nossa língua? Na sociedade em que vivemos criou-se o hábito de falar errado e isto se tornou coisa comum.
Pessoas de alto poder aquisitivo falam errado nas ruas convivendo com pessoas simples que também falam errado. Patrões e empregados falam errado e ninguém parece se incomodar com isso. Quem está errado? Quem está certo? E por que se deve falar certo? A culpa é de quem? Das Escolas, das famílias?

Muitos pais que trabalham o dia inteiro deixam seus filhos na Escola e de lá saem filhos falando errado e muitas vezes não há uma preocupação em corrigir os erros. Quando viram adolescentes, continuam falando errado. Ao entrarem na faculdade, continuam com este hábito.
Iniciando o processo educacional em casa, desnecessário dizer que a paciência dos pais em ensinar e corrigir constantemente suas crianças tem de ser grande. Deve haver um estímulo para que a criança leia muitos livros. Este hábito, se criado, continuará na adolescência e depois na universidade. A leitura de livros torna-se necessidade.
Lendo mais, escreve-se melhor. Para se produzir qualquer texto deve-se ler diversos livros, revistas, jornais e artigos antes, para que a mente se abasteça de ideias e uma opinião seja formada. Leitura e escrita se tornam então duas atividades que se completam mutuamente.
Qualquer profissional liberal terá de lidar sempre em sua carreira com a linguagem escrita e falada. Vai se deparar com textos que terá de ler e produzir, seja em que área for. Em muitos casos gastará a maior parte do seu tempo utilizando a linguagem falada, ouvindo e falando, participando de reuniões e dando orientações, esclarecimentos e entrevistas.
Logo após, terá de escrever memorandos, contratos, e-mails, relatórios, resumos, artigos, ensaios, cartas, trabalhos científicos, resenhas, etc. Enfim, há uma necessidade enorme de se comunicar bem.
Por que então essa minha cisma em querer que todos falem e escrevam corretamente? Porque uma nação desenvolvida se faz de pessoas que leem, estudam e escrevem corretamente. A sociedade pede que médicos, advogados, professores, padres, pastores, porteiros, taxistas, vendedores, enfim, que todos deem o exemplo.
A cidade será melhor vista por turistas, empresários, profissionais. Teremos melhores professores, melhores alunos, cidadãos mais cultos e mais educados. Todos vão ganhar com isso. Deste esforço sairão artigos interessantes em jornais e revistas, livros bem escritos, projetos de lei melhores, roteiros de filmes bem elaborados, trabalhos acadêmicos mais concisos e por aí vai.
Aproveito para lembrar a todos a atualíssima citação de Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros". Isto nunca vai mudar. Tal situação me faz lembrar também uma frase de um grande professor de inglês que tive, Paulo Kol, que preocupado em ensinar a língua inglesa, citou a necessidade de a pessoa falar bem primeiro a língua do país onde ela vive.
Ele assim disse certa vez: "Estando no Brasil, deve-se primeiro falar corretamente o português". Deve haver uma dedicação à leitura. Só assim se adquirirá o hábito. Que a leitura se torne um compromisso com você mesmo. Que não seja uma obrigação, mas um prazer.
Paulo Granato de Araújo, in: O Popular (GO)

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