Agora que o governo conseguiu um acordo envolvendo as empresas de telecomunicação no Programa Nacional de Banda Larga (PBBL), é hora de começar a recuperar o tempo perdido no processo de inclusão digital das escolas brasileiras. Essa é, aliás, mais uma falha que o país insiste em varrer para debaixo do tapete da precariedade da Educação.
Em troca do afrouxamento de outras exigências, as empresas vão oferecer acesso à internet em banda larga de pelo menos um megabit por segundo, cobrando não mais do que R$ 35 por mês do consumidor.
Com isso, o mínimo que se espera é que haja uma rápida expansão geográfica da oferta de acesso à rede mundial de computadores, abrindo caminho para programas de inclusão digital de camadas de menor renda da população.
Acoplando essa novidade a programas de compra de computadores a preços acessíveis (por desoneração fiscal e crédito especial), será possível em prazo razoavelmente curto atacar uma das principais causas, segundo especialistas, da baixa inclusão digital da Educação no Brasil.
A segunda tem a ver com a infraestrutura das escolas. Recente pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que as escolas brasileiras ocupam o constrangedor último lugar, entre 38 países pesquisados quanto ao número de computadores por aluno. São 6,25 estudantes por computador, o que equivale a 0,16 aparelho por aluno.
O estudo da OCDE revela que as escolas brasileiras estão muito abaixo da média dos 34 países membros da entidade (o Brasil, e mais três pesquisados não são filiados), que é de 1,69 aluno por computador. A Austrália apresentou a melhor média, com 1,03 aluno por computador, ou seja, quase todo estudante australiano tem acesso ao mundo digital na própria escola.
A média da China, 1,75 aluno por computador, demonstra que esse país emergente tem avançado muito na inclusão digital de suas escolas, uma das características da moderna preparação para a competitividade internacional.
Na América Latina, a Colômbia, segundo o estudo da OCDE, tomou a dianteira nesse processo de inclusão e já conseguiu baixar sua média para 2,85 alunos por computador.
Ter acesso ao computador e à internet em casa, segundo especialistas, é um estímulo poderoso ao interesse dos estudantes por essa disponibilidade na escola, além de permitir a continuidade do estudo e a ampliação do conhecimento. A pesquisa da OCDE constatou que 53,3% dos estudantes brasileiros não têm computador em casa. Portanto, quase metade desse universo está fora do mundo digital, a não ser por visitas esporádicas a lan houses.
Para ter uma ideia da situação brasileira, essa média registrada nos países da OCDE é de apenas 5,7%. Mas é também necessário cuidar do atraso do país em relação a computadores e à internet nas escolas. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) revelam que 9,5 milhões de alunos, um quarto do total, estudam em escolas sem laboratório de informática.
Além disso, segundo dados da OCDE, em 62,5% das escolas brasileiras faltam computadores ou os disponíveis são inadequados. Essa relação não passa de 8% na Coreia do Sul, país que colhe os frutos da revolução na Educação que vem fazendo há quatro décadas. Os coreanos compreenderam há anos que Educação é, cada vez mais, questão de sobrevivência no mundo competitivo.
Estado de Minas (MG)
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