Ir além da soma, da subtração, da multiplicação ou da divisão e tentar aplicar o raciocínio em situações do dia a dia são ensinamentos do francês Gérard Vergnaud. Acostumado a pisar em solo gaúcho para transmitir conhecimento a professores, ele esteve na Capital para uma rodada de Estudos Matemáticos.
Promovido pelo Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), o encontro teve a participação de 120 professores. Atentos, todos queriam entender os esquemas de pensamento necessários para ensinar e aprender matemática.
– Não há receitas, é preciso fazer com que os alunos se perguntem e, com a ajuda do professor, esclareçam as dúvidas sobre o conteúdo. Se eu não me faço perguntas, não tenho respostas – comenta Vergnaud.
Essas perguntas vão depender da competência e dos limites que cada idade automaticamente impõe. Para o pesquisador, o professor deve mostrar aos alunos os conceitos envolvidos em cada situação matemática, e não só a forma de resolver o problema. Exemplificar as contas de forma material seria uma das saídas para introduzir a teoria.
– Uma das ideias falsas é de que as crianças não sabem fazer algo, daí ensinamos e elas passam a saber. Mas não é verdade, elas já sabem e, quando ensinamos muito bem, passam a ter um longo caminho a percorrer – defende.
O desenvolvimento do aluno a longo prazo é outra bandeira que Vergnaud levanta. Segundo ele, ninguém constrói um conhecimento de imediato e acabado. O aluno precisa ver um sentido no que é ensinado.
O pesquisador explica que nas primeiras séries é mais fácil aceitar os ensinamentos matemáticos. Porém, no ensino médio, a rejeição do aluno à disciplina ocorre porque o conteúdo é difícil, muito formal e porque não vê utilidade e aplicabilidade com o mundo real.
Para Esther Pillar Grossi, presidente do Geempa que coordenou o encontro ao lado de Gérard Vergnaud, as visitas do pesquisador francês são sempre proveitosas:
– Ele vem para nos ensinar conceitos novos e importantes.
Jornal Zero Hora (RS)
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