O editorial do jornal “O Estado de São Paulo”, de 20 de agosto, expôs de modo lúcido uma problemática cada vez mais aguda no campo educacional, que o próprio título explicita muito bem quando afirma que “O MEC não sabe o que fazer”, principalmente em relação às contínuas propostas de mudanças de currículos, que nem os governos estaduais nem municipais querem implementar.
É evidente que tais reformas tem caráter ideológico, cujas diretrizes estão contidas no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), e que vai sendo, aos poucos, implantado no País, em diversos setores, com uma concepção de sociedade bastante anárquica. O fato é que o maior prejudicado em todo este embate ideológico é o aluno, que está cada vez sabendo menos das coisas, e despreparado para lidar com a realidade atual. É certo — como diz o editorial — que “não é lógico, nem viável, que um órgão federal adote diretrizes e políticas uniformes sem amarrar esse ciclo numa camisa-de-força”.
Uma das consequências de todo este imbróglio que vem sendo imposto há já mais de uma década, é a debandada dos melhores professores para outras atividades profissionais. Boas inteligências que entraram no sistema com o sonho de serem educadores, quando perceberam a armadilha de torná-los cobaias e ainda mais ventríloquos de estranhas ideologias, acabaram saindo do sistema e buscando outras alternativas de sobrevivência. Esta é uma triste realidade que vamos constatando em várias regiões do país.
O editorial do Estadão ainda ressalta que “o ensino médio precisa de mudanças radicais, mas o governo não sabe o que fazer. Também não sabe como superar a resistência dos Estados e municípios a inovações pedagógicas. E não quer promover um debate nacional do problema”.
Nessas questões, quer-se inventar a roda, com inovações curriculares que em nada ajuda a melhorar a capacidade criativa e crítica do estudante, muito menos desenvolver os potenciais dos alunos, que não conseguem mais uma visão global das coisas, de tão fragmentada que está à informação. Em vez de adquirir conhecimento e capacidade de pensar, os alunos apenas memorizam informações básicas e desconexas, e não sabem o que fazer com elas nas coisas práticas do dia-a-dia, etc.
Tudo isto confirma que o sistema de ensino está falhando em sua finalidade social, e o Estado tem o dever de buscar corretivos, e meios de aprimorar as boas iniciativas, e dar um rumo que realmente promova as melhorias desejadas em nossa Educação. Cada vez mais vemos profissionais sendo reprovados em exames da categoria, e prevalecendo uma espécie de lógica do improviso, em quase tudo, que compromete a qualidade do ensino e dos serviços prestados no s diversos campos da sociedade.
Precisamos ficar atentos a essa situação e dar a nossa colaboração no processo, não sendo indiferentes ao que aí está. Não podemos ficar passivos e omissos com declarações feitas, por exemplo, por Priscila Cruz, diretora da ONG Todos pela Educação, afirmando que com a fragmentando dos currículos, “hoje o aluno sai (da escola) sabendo nada de tudo”.
Esta é uma realidade que tem que mudar, se quisermos o Brasil próspero e desenvolvido, pois só por um ensino valorizado é que podemos garantir o verdadeiro desenvolvimento do nosso País. Pois o desenvolvimento deve visar o bem das pessoas, a começar pelo investimento educacional, por um sistema de ensino que tenha efetiva qualidade.
Valmor Bolan, doutor em sociologia e Presidente da Conap/MEC, in: Portal Bem Paraná
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