O desempenho das escolas de Ensino Médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), foi classificado pelo movimento Todos pela Educação como “uma verdadeira crise do modelo de ensino atual”. Apesar de a média geral ter sido atingida, ficando em 3,7 pontos (em uma escala que vai até 10), o indicador caiu em relação a 2009 em nove estados: Acre, Pará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. Acontece que temos uma crise por duas razões: primeiro porque esta etapa acaba recebendo o acúmulo das deficiências das etapas anteriores, ou seja, o aluno chega com muitas lacunas de aprendizagem. Em segundo lugar, ocorre um problema de estrutura. Temos um Ensino Médio com 14 disciplinas obrigatórias, não se consegue aprofundar em tema nenhum, a fragmentação é enorme, segundo especialistas em educação. Educação, então, requer muito trabalho, tanto na cidade como no meio rural. O Rio Grande do Sul, há décadas, não tem uma solução definitiva para a questão, governo após governo.
Porém, o governo federal lançou o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo), a fim de formar professores, educar jovens e adultos e garantir práticas pedagógicas para reduzir as distorções no cenário educacional do campo. A iniciativa dará uma grande contribuição para que o Brasil resgate uma dívida histórica, uma vez que não temos uma política específica de educação para os jovens do meio rural. Em questão de vida pessoal e dos governantes, temos duas tragédias. Uma delas é não se conseguir o anseio de uma realização, de um desejo de fazer coisas acontecerem. A outra poderá ser, justamente, o fato de alcançarmos um objetivo. O Ministério da Educação informa que, nos últimos cinco anos, foram fechadas 13.691 escolas no campo. Ora, isso é um escândalo, ainda que, em um ou outro caso, existam motivos que justifiquem a medida. Acontece que muitas prefeituras querem reduzir os custos no setor, um erro crasso e com prejuízos irreversíveis à boa formação das novas gerações. Parte do fenômeno é decorrente da própria urbanização, mas a outra é uma redução de custo. O prefeito põe uma condução que vai buscar os alunos mais longe e economiza recursos, mas é uma economia que sai caro para o Brasil. Essas crianças são muito sobrecarregadas, às vezes andando mais de 100 quilômetros para estudar.
O Pronacampo garantirá o acesso de 1,9 milhão de estudantes a bibliotecas, implantando ensino integral em mais de 10 mil escolas, promovendo a formação continuada para mais de 10 mil professores, com 120 mil bolsas de formação profissional no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Também disponibilizará recursos para a construção de 3 mil escolas e aquisição de 8 mil ônibus escolares. Os pequenos agricultores e os assentados, uma população pobre, mas produtiva no campo, serão assistidos. No meio rural, 23,18% da população com mais de 15 anos é analfabeta, e 50,95% não concluiu o Ensino Fundamental. O fato é que nem dinheiro nem sucesso aproximam-se, mesmo remotamente, da sensação que um empresário ou um político tem quando fazem algo de bom para o seu País.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)
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