Gabi Vitória Chopelly Glaudystton, 30 anos, revelou que sentia medo do ambiente Escolar Estima-se que 80% da população de travestis e transexuais que vivem em Pernambuco abandonaram os estudos. Esse é um dado levantado pela Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans) e que comprova como o preconceito dentro das Escolas confronta um dos principais direitos previstos na Constituição Federal Brasileira, que é o direito à Educação.
A transexual Chopelly Glaudystton, 30 anos, sabe bem o significado da palavra preconceito. Na década de 1990, quando estudava o Ensino médio em uma Escola particular do Recife, ela sentia medo do ambiente Escolar. Chopelly conta que nenhum dos 80 colegas de sala a tratava bem. “Eles não falavam comigo, a não ser que fosse para me ofender. Eu tinha uma fobia tão grande que preferia passar o intervalo sozinha na sala de aula só para não ter que ser constrangida”.
A transexual afirmou que até o porteiro da Escola, que presenciava aquela situação, não ajudava. “Ele apagava a luz da sala só para me deixar no escuro”, relembrou. Situações como essa são constantes até hoje em unidades educacionais. “Como podemos cobrar Educação social das pessoas trans que não tiveram pais e nem Professores para educá-los? Dessa forma, a Escola delas serão as ruas”.
A discussão da homofobia dentro das Escolas é, pela terceira vez, tema do Encontro Estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) pela Diversidade Sexual. O presidente do órgão, Heleno Araújo, afirmou que a promoção desse debate está inclusa nos três eixos que formam o sindicato. “Temos a formação, mobilização e negociação. Nesse encontro, capacitamos os profissionais que atuam na Educação para que eles tenham conhecimento sobre a liberdade sexual”.
O Sintepe subdivide-se em 13 núcleos regionais de forma a alcançar todos os municípios do Estado. Dessa forma, os profissionais, além de se capacitarem, também se transformam em multiplicadores da informação. Para o coordenador de políticas sociais do Sintepe, José Ivo, a intenção é que os seminários promovam ideias para combater esse preconceito pontualmente em cada uma das Escolas. “Nossa ideia é quebrar tabus para que sejam promovidas oficinas, palestras e debates dentro das comunidades Escolares para que exista maior abertura para a comunidade LGBT”, afirmou.
Mundo
A Unesco, no seu relatório de “Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas Escolas” divulga dados da Anistia Internacional. No documento, consta que nos Estados Unidos, estudantes LGBT recebem em média 26 insultos por dia, 80% sofrem “grave isolamento social”, 53% ouvem comentários homofóbicos por parte de Professores e da administração, 28% deixam a Escola antes de obter o diploma (a evasão entre heterossexuais é de 11%), 19% são vítimas de agressão física na Escola. Em 97% dos casos, não se registram intervenções por parte do corpo Docente e, em 40 estados, Professores podem ser demitidos por serem LGBT.
Fonte: Folha de Pernambuco (PE)
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