segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A ressignificação do fazer escolar

por Rogério Carvalho
“É necessário que o que se ensine valha a pena.” (Jean Claude Fourquin)
Diante do advento da pós-modernidade o homem e as suas instituições passaram por diversas transformações que provocaram desconstruções identitárias promovendo, como disse Stuart Hall em seu livro Identidade Cultural na Pós-modernidade (2006), uma “perda de sentido de si mesmo”. Neste contexto, no qual as sociedades se caracterizam pela constante transformação, a escola, consequentemente, encontra-se também vivendo uma crise identitária agravada pelo distanciamento dos métodos e objetivos das políticas educacionais da realidade social, cultural e econômica das comunidades que a circundam.
Como elementos coadjuvantes na construção do saber, nós professores acabamos por experienciar esta falta de significado para a prática pedagógica, seja no que diz respeito ao currículo distanciado da realidade do aluno, seja pela defasagem técnico/metodológica que nos tem sido imposta. E na disputa pela atenção e afeição do aluno a escola tem perdido espaço para os efêmeros, porém sedutores apelos da pós-modernidade. Acontece que a nossa contribuição pode ser ampliada e aprofundada à medida que nos empenharmos em responder as seguintes questões: Para que serve a escola? Qual é objetivo da minha disciplina na formação curricular e educacional do aluno? O que posso fazer para dar significado e brilho para a minha disciplina?
As respostas para tais questionamentos encontram-se muito mais relacionadas às estruturas emocionais que nos movem, do que aos pressupostos teóricos dos intelectuais da educação. O conhecimento sem sabedoria só serve à vaidade. A solução para a crise institucional da escola talvez seja a conjunção do conhecimento e o resgate da emoção, que caracterizaria aqueles que Isabel Alarcão (2010) denomina  professores reflexivos. Estes se relacionam com a realidade escolar dotados de autonomia e autocompreensão, ultrapassando a mera reprodução de conteúdos e fomentando, a partir da sua reação e flexibilidade ante às intempéries do cotidiano escolar, a construção de uma possível realidade  alicerçada em práticas verdadeiras e eficazes, reajustando a escola rumo ao seu objetivo: O auxílio na preparação de indivíduos  conscientes da sua importância histórica e capazes de pensar por si próprios.
A ressignificação do fazer escolar é a busca pelo significado da própria utilidade do conhecimento formal na história da humanidade. Conhecer o quê? Como? E para quê?   
               

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