terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lei e consciência: ambas a serviço da educação

Se atentarmos para a prática escolar vigente, encontraremos uma carência generalizada de atividades didáticas voltadas para a exploração educativa das novas tecnologias. – Helena S. Côrtes
Não é mais novidade que estamos diante de um novo público, os chamados alunos da Era Digital. Além disso, é sabido que o uso da tecnologia, por si só, não promove a melhoria do ensino e da aprendizagem. No entanto, é importante que educadores comprometidos com a educação, diante de um panorama mediado pelas novas TICs, compreendam que conceber a si mesmos e aos alunos como usuários críticos e criativos dos recursos tecnológicos, pode, de fato, encaminhar a qualificação da educação escolar.
Primeiro dia (Fevereiro/2011) dedicado ao planejamento na escola X: Bem, tomando como referências turmas do 6º Ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino (na qual leciono), eu resolvi pensar em uma prática que buscasse fazer uso (em sala de aula) de recursos tecnológicos que os alunos já utilizam com certa destreza. A ‘Velha Máxima’ de levar em consideração a realidade do educando. Pensei em fazer um levantamento, em sala mesmo, para saber quais são os aparelhos eletrônicos que eles possuem, ou mesmo, têm contato diariamente. Como eu já supunha, o celular ganhou disparado.
Ao comentar com uma colega sobre tal ideia, ela me disse – “Você vai permitir que os alunos utilizem o celular em sala de aula? É proibido o uso de celular e outros equipamentos eletrônicos nas aulas – Lei nº 4. 734, de 04 de janeiro de 2008.” Fiquei surpreso com o espanto e o apontamento feito pela colega. Ora, ao lançar mão de uma expressão facial que parecia me reprimir de forma contundente, eu me senti como se estivesse prestes a cometer um ato ilícito. E o tom de voz? Quanta ignorância! Engraçado é perceber que vários professores se mostram indiferentes quando alguma proposta nova lhes é apresentada. Ela não quis nem ouvir de que modo a prática seria desenvolvida. Sendo assim, coube-me dar uma checada na tal lei. Só para maiores esclarecimentos. Vejamos:

Art. 1.º Fica proibido o uso de telefone celular, games, ipod, mp3, equipamento eletrônico e similar em sala de aula.
Parágrafo único. Quando a aula for aplicada fora da sala específica, aplica-se o princípio desta Lei.

Concordo plenamente que haja necessidade de se criar leis sócio-educativas com o intuito de gerar novos comportamentos. Todavia, cabe ao professor (enquanto autoridade máxima em sala de aula) impor regras e mostrar aos alunos o quão inapropriado é o uso de tais aparelhos durante a explanação de conteúdo, o desenvolvimento de atividades que não requerem o uso destes, a apresentação de trabalhos por parte dos colegas etc. Agora, não podemos de forma alguma negligenciar o fato de que os nossos alunos atualmente utilizam com desenvoltura diversos aparelhos eletrônicos, chegando até mesmo a devotar grande parte da atenção a estes. Então, por que não fazer uso destes recursos em sala de aula? Seríamos considerados contraventores por conta disto? Bem, o simples fato de mencionarmos que a aula será com o uso de recursos tecnológicos causa empolgação e interesse nos alunos. Um grande fator motivador a nosso favor.
Como professor de língua inglesa, minha intenção nos primeiros dias de aula é mostrar aos alunos o quanto o inglês está presente no cotidiano deles. Foi o que eu fiz. Entrei na sala e disse-lhes que haverá a oportunidade de utilizarmos aparelhos eletrônicos em sala (em especial o celular). Resultado: EMPOLGAÇÃO TOTAL! Bem, segundo Edward J. Valauskas e Monica Ertel, os alunos não precisam necessariamente saber o que você pretende ensinar para aprender.
O objetivo de minha prática será criar um banco de imagens com fotos de letreiros de pontos comerciais diversos cujo nome seja em inglês, para não só ensinar sobre vocabulários em língua inglesa, mas também mostrá-los o quão presente estão tais palavras em nosso cotidiano. Para tanto, os alunos terão que usar os celulares com câmera para tirar fotos destes letreiros no caminho casa-escola/escola-casa. Tenho certeza de que se eu dissesse que nossa atividade seria sobre palavras e/ou expressões no idioma alvo, presentes no nosso dia a dia, talvez eles não tivessem ficado tão motivados e empolgados para trabalhar ou aprender. Assim, eu omiti esse fato, mencionando que usaremos aparelhos eletrônicos em sala de aula, deixando bem claro que tudo será muito bem direcionado e supervisionado por mim. Afinal de contas, para levar o educando a obter sucesso ao final da prática a ser desenvolvida é preciso planejamento e supervisão.
Bem, caso no decorrer algum aluno tente burlar minha autoridade e faça uso de aparelhos eletrônicos de modo indevido em sala, basta eu recorrer à lei (Rs Rs). O importante é ter sempre a consciência tranquila de ter feito a coisa certa em prol do processo ensino-aprendizagem e dos meus educandos.
Prof. Carlos Fabiano de Souza     

6 comentários:

  1. Muito oportuno este tema! Aliás, eu desconhecia a tal lei. Nunca tive problemas com alunos relacionados ao uso de eletrônicos em sala. Como bem disse você, eu uso a minha "autoridade máxima" quando necessário. Gostei, inclusive, da sua iniciativa e vou colocar em prática em minhas aulas de Português. Quem sabe pedir aos alunos que fotografem as transgressões gramatacias encontradas no dia a dia. Vai ser uma festa, você há de convir! Muito bom! Abrçs!

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  2. Eu, como professora de História, lanço mão do celular como recurso didático, além de outras tecnologias. Temos que inovar.

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  3. Perfeito! Será realmente muito bom Erivelton. Aliás, você poderia sugerir também aos alunos uma atividade do tipo: transferências de arquivos através da tecnologia 'Bluetooth'. Esta prática estabelecerá uma maior interação entre eles, objetivando que cada aluno, ou mesmo grupo que fotografou transgressões gramaticais, peça aos colegas que enviem um SMS (em resposta ao arquivo recebido) com a correção segundo a norma culta da língua, ou ainda uma breve explicação acerca do 'erro' cometido. Assim, a aprendizagem ocerrerá de modo colaborativo, fazendo com que os 'peers' atuem ativamente durante o desenvolvimento da prática.

    Apenas uma dica!

    Abraço =]

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  4. Parabéns Sorella! A propósito, concordo plenamente quando você afirma que temos que inovar. Permito-me completar que é preciso que o verbo 'inovar' materialize-se efetivamente em nossas práticas de ensino. E como pensar em INOVAÇÃO sem levarmos em consideração as novas TICs? Lembro-me do apontamento feito por Philippe Perrenoud em seu livro "Novas Competências para Ensinar" quando diz: '[...] A escola não pode ignorar o que se passa no mundo. Ora, as novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC ou NTIC) transformam espetacularmente não só nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar.'

    Sendo assim, educadores comprometidos com o processo ensino-aprendizagem, diante de salas de aulas repletas de alunos da Era Digital, devem lançar mão de recursos tecnológicos de modo consciente e responsável em suas práticas.

    Abçs =]

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  5. Perfeito caro colega. Ignorar as novas tecnologia é comodismo e burrice, usá-las a nosso favor é desafiador. Parabéns
    Sylvia Paes
    prof. de História

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  6. Infelizmente, estamos precisando inovar urgentemente em outros setores tbe. Confira em http://refletiacao.blogspot.com/

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