quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Salário bom, ensino ruim


Na semana passada o Governo do Estado concedeu aumento de 5,07% nos subsídios dos profissionais da Educação de Mato Grosso que, antes mesmo do aumento, já ocupavam o sexto lugar, entre os 27 de todo o país, no ranking dos melhores salários.

Em contrapartida, Mato Grosso no Ensino Médio ocupa o 20º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb-2009), que mede a qualidade do ensino.

Não é de hoje que a remuneração do educador é apontada como aspecto primordial para que a qualidade de ensino seja alcançada, sobretudo por líderes sindicais. O argumento parte da premissa de que o professor bem remunerado se mostra mais motivado para trabalhar e para superar carências de estrutura, por exemplo.

Conforme a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), nos últimos quatro anos os trabalhadores da Educação da rede estadual acumularam ganhos reais de 50,35% no salário. Para a secretária adjunta de Políticas Educacionais da Seduc, professora Fátima Resende, a questão salarial é subjetiva.

“Quanto mais uma pessoa ganha, mais ela quer ganhar e a Seduc não tem como impedir o professor de ter outro cargo. Acredito que não é apenas a questão salarial que irá mudar essa realidade. É necessário o compromisso tanto do Estado como do profissional”, argumenta.

O aumento aprovado pela Assembléia Legislativa e sancionado pelo governador Silval Barbosa elevou o piso salarial dos profissionais com nível médio para R$ 1.312 e os de nível superior para R$ 1.968. A jornada em Mato Grosso é de 30 horas/aula (20 em sala e 10 horas/atividade).

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep/MT), Gilmar Soares, argumenta que o pagamento de salários dignos propicia ao professor optar pela dedicação exclusiva a uma escola.

Com isso, sobraria mais tempo para que ele possa planejar, preparar atividades, pesquisar e preencher relatórios, entre outros. “Hoje, a maioria dos profissionais acumula cargos e tem dupla ou tripla jornada”, destaca.

Soares reconhece que a relação entre salário e qualidade de ensino precisa ser analisada ao lado de fatores como a formação e a carreira. Porém, aponta componentes que se referem à estrutura física e pedagógica da escola.

“Meu filho estuda numa unidade pública no Cristo Rei, em Várzea Grande, que ontem estava sem água. Ou seja, o aluno ainda é refém da falta de coisas básicas, que vão impedindo o acesso ao conhecimento”.

Na visão de Fátima Resende, o grande desafio a ser vencido é a evasão escolar, que no Estado é de 30%. “Nossa meta para o ano que vem é reduzir em 10% a evasão escolar”, disse. O Ideb integra fluxos de informação escolar como aprovação, reprovação e evasão.

Para superar as dificuldades, Fátima Resende cita políticas públicas que, segundo ela, vêm propiciando avanços no setor. Entre elas, o Sig Escola, os Programas de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Ensino Médio Inovador.

Neste último, há incentivos ao processo educacional por meio do estímulo às atividades teóricas e práticas apoiadas em laboratórios de ciências, matemática e outras ações nas diferentes áreas do conhecimento.

Nessa modalidade, os estudantes permanecem mais tempo na escola, saindo de 800 horas/aulas para 1,2 mil horas. Em 2012, o programa deverá atingir 34 unidades.

Diário de Cuiabá (MT)

Um comentário:

  1. Façamos algumas considerações: não é apenas o salário que contribui para a má qualidade da educação no Brasil, mas o sistema em si. Afinal, a pressão por resultados não corresponde aos meios (não) oferecidos para tal. Temos salas super lotadas, recursos deficientes, diminuição da carga de aulas das disciplinas para que sobrem porfessores para que não se realizem concursos, falta de cursos de atualização para os profissionais, etc..
    Outra consideração: se salário fosse "gatilho" de bom desempenho políticos não seriam NUNCA corruptos. A grande diferença é que o professor TEM QUE TRABALHAR em vários empregos PARA CONSEGUIR SOBREVIVER. Políticos, em geral, não produzem ao longo do seu mandato, paenas presocupam-se em se beneficiar, e beneficiar seu gruipo de apoio.

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