Ciranda de Natal (1)

PRESENTE DE NATAL
(Antonio Roberto Fernandes, in memorian)

Eu quero de presente no Natal
Uma harpa pra tocar o som do céu,
Um riacho só pra mim
Uma roupa de cetim
Eu quero ter.

Eu quero de presente no Natal
Borboletas, passarinhos, girassóis,
Uma rua sem ladrões,
Uma casa sem portões
Para viver.

Porque a vida é nada,
É sol que vai se por,
Mistura de esperança
E desamor.

Mas o que importa mesmo
Que o bom Noel me dê
É a paz que eu nunca tive
Mas que vive em você.

Pois o Natal é santo
E eu te amo tanto!...


NATAL
(Glória Marreiros, Algarve/Portugal)

Há gente, sem fim, a falar do Natal,
da festa em família, das luzes na rua,
das pratas em fios caindo da lua,
do toque dos sinos, em tons sem igual,

das frases de amor emitindo o sinal
de pôr ilusões na pessoa mais nua
que teme promessas, faminta recua,
com medo de ver e não ter seu aval.

É só uma noite e às vezes um dia,
que a malga fumega de caldo e magia
na palma da mão, que muito sofreu.

Falar do Natal é ter alma e condão,
ser gente que parte e reparte o seu pão
e crê que por isso é que Cristo nasceu.
 

NATAL...
(Diamantino Ferreira, 25 de dezembro de 1950)

Sinos  festivos, repicai, ó sinos!...
Levai a chama da esperança a quantos,
desiludidos dos cruéis destinos,
vagueiam neste mundo, em dor e em prantos!...

Lembrai a todos os sublimes cantos
do bom Jesus, o Deus dos pequeninos:
Falai ao mundo dos fervores santos
na voz mais poderosa: a voz dos hinos!...

Fazei que vejam a bondade apenas;
e, da retina, horripilantes cenas
apagai-lhes da guerra, o horror profundo!

Pregai-lhes a concórdia e o bom senso...
Rendei justiça ao sacrifício imenso
de Quem morreu para salvar o mundo!....