domingo, 25 de dezembro de 2011

Ciranda de Natal (8)

VINTE CINCO DE DEZEMBRO

Nesse dia eu acordei,
Não olhei presente
Não olhei nada,
Afinal...
Para mim era um dia comum,
Como outro dia qualquer,
Dormira amontoado,
Como dormia e acordava todos os dias,
Eu e mais três irmãos:
- Paco, Tininha e Joca.
A cama era um estrado de colchão duro,
Alguns caixotes de madeira a sustentavam.
Minha mãe dormia numa esteira, na sala,
Com um homem que eu não chamava de pai.
Ele não era bom nem mau,
Acordava cedo, e, às vezes, chegava de noite,
Isto, só quando voltava, não era todo dia.
Mamãe também saía cedo
Carregando uma carrocinha de catar lixo,
Deixava a gente na creche e pegava de tardinha.

O tempo passando e nós crescendo,
Paco não cresceu muito,
Morreu numa arenga com a polícia.
Joca trabalha com mamãe,
Não catam mais lixo,
Compram de uma turma que cata para eles.
A vida melhorou um pouco;
As camas são todas de ferro
E a casa ganhou mais um quarto.
Tininha mora com um sujeito daqui da comunidade,
Ela tem de um tudo...
Ele é o “Gerente da boca” e vive preso,
A casa dela é grande com escada e varanda,
Tem até antena parabólica!
Eu dei pro comércio e fiz um biombo,
Dá pra ajudar a mamãe que anda cansada.
Tenho dois filhos que moram com as mães,
Estudam no colégio de um bairro aqui perto,
Não falta nada de comida e roupa para eles.
Hoje é dia vinte cinco de dezembro,
Fui ao Shopping comprar uns presentes
Para mamãe e os meus filhos
Foi o meu primeiro presente de Natal.
                        (Geraldo Aguiar)


Esqueça o capitalismo
na rua ou televisão.
Natal não é consumismo
é festa de devoção.
                                                                           (Eliana Jimenez)

 CRÔNICA DE NATAL

                        Natal é amor. Amor é Deus. Amor próprio. Amor paterno, filial, fraterno. Amor de todos os amores. Nada maior que a doação do amor.A suprema doação de amor é Deus. Deus tem tudo. A Deus nada falta. Ele não tem necessidade de amor. A necessidade é humana, no dizer de Platão: “filha da pobreza”.

                        O homem é pobre de amor. Essa carência resulta de um desejo universal – ser amado. Todos desejam ser amados: o homem pela mulher, a mulher pelo homem; o mestre pelo discípulo, o discípulo pelo mestre; o marido pela esposa, a esposa pelo marido; os pais pelos filhos, os filhos pelos pais. Todos, amados pelos amigos. Esse amor tem o calor de estima. Ser estimado, ser apreciado, equivale a ser amado. O homem precisa de amor como precisa de alimento e de abrigo. Com efeito, o amor é alimento da vida sentimental e abrigo das satisfações e das insatisfações emocionais. Muitas vezes procuramos certas coisas, não sabemos o quê, mas serve para a vida, como se flutuássemos num vácuo, é a necessidade de ser estimado e apreciado, é a necessidade de ser amado. Precisamos de amor, eis a questão . . .

                        Ser amado sem amar não é uma bênção, mas uma maldição. Não há maldição se não há amor. O amor está morrendo. Esta é a frase dos últimos tempos. É a frase do desestímulo. É a frase da fossa. O homem criou com ela o vácuo social onde vive. Temos um pouco de Nietzche ao afirmarmos que o amor já morreu.

Os homens já não se amam uns aos outros. Eles têm fisionomias tristes. Eles caminham indiferentes no meio da multidão, sentem-se só, perdidos.

                        O amor ao próximo também morreu. Quem é o nosso próximo, senão um carente de amor como nós. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Este derradeiro amor está agonizante. É tarde. Ele padece de um mal incurável, o egoísmo. O amor próprio está moribundo. Para salvá-lo, tem de se fazer com que o homem nasça, com que se liberte da ganga, que assuma um rosto – brada aos céus o prefaciador de Saint-Exupéry. Eu sugiro, não existe outra época melhor na terra dos homens que o Natal para se pedir ao ser que tudo tem, a mesma imagem da criação, para que o homem possa comunicar-se com o homem. Se os homens se abordarem diretamente uns aos outros, o mais certo é não se virem a encontrar. Para se encontrar, precisam de se confundir no mesmo Deus. No Deus Menino. No Deus de todos os amores. No Deus do Natal.
(Evandro Sarmento)

NO ACONCHEGO MACIO
 “São necessários muitos galos para tecer a madrugada”.
Disse João Cabral. Penso que também são necessárias,
Muitas atitudes humano-divinizadas
Para tecer a noite do galo, noite de gala, noite de Natal.

Nasce o menino-Deus, no aconchego macio
De nossa ternura e gratidão.
Radiância de alegria! Estrela-guia,
Farol de nossa conscientização. 

O coro dos anjos canta hosanas
E Drummond também poetiza
“Para acordar os homens
E adormecer as crianças”. 

Há festa no ar e nos corações
Que se propõem a amar
O sino redobra doze badaladas.
É o despertar das consciências. 

Incenso, mirra, prendas caras,
Jóias raras são ofertadas ao menino-rei
Muitas virtudes são oferecidas no altar.
Todos se curvam em humildade e oração. 

Reconhecem a profética missão:
Na manjedoura, dorme Jesus,
Razão iluminada,
Nossa dimensão!
 (Armonia Gimenes de Salvo Domingues)                             

NOITE DE NATAL EM ALTO MAR

Está chegando, do Natal, o lindo dia,
Mexendo com o coração da gente.
Trazendo momentos de alegria
E, também, não esquecendo do presente! 

Outra data, muito longe, a festejar,
Mas que seja só de luz e de calor,
Corações abertos para aceitar,
As esperadas bênçãos do Senhor! 

Na lida de problemas bem complexos,
Tento enxergar o céu pela vigia,
Mas só consigo ver estes reflexos
Do navio, em que me encontro neste dia! 

Na hora da prece e da contrição,
Todos reunidos, alguns só na lembrança...
O que importa, porém, está no coração,
Como sabemos, desde o tempo de criança! 

Cientes disto, nunca estaremos sós,
Pois, sempre, haverá alguém ao nosso lado.
É aquele que jamais descuida de nós:
O aniversariante, querido e esperado!
(Amilton Pinto)
 

NATAL DE ANTIGAMENTE 

Que saudades do Natal de antigamente
quando éramos ainda pinguinhos de gente!
E papai, num momento comovente
dizia pra nós: só pode um presente!! 

Ficávamos então na maior alegria
pensando no quê melhor poderia
trazer para nós, o Papai Noel.

E papai, que de longe tudo assistia
_aquela nossa infantil euforia_
que hoje, eu penso o que ele gostaria
de nos dar um presente de maior valia
que dinheiro nenhum jamais compraria
e isso seria... um pedacinho do céu!

 (Maria Lúcia Fernandes Rocha)

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