domingo, 25 de dezembro de 2011

Ciranda de Natal (7)

NATAL
Não Deixes tua noiva, filho de Davi,
Não partas assim, pensativo, em segredo,
Ouve o profeta, despreza o medo,
Pois, Emanuel nascerá por aqui.

Nessas terras, onde um rei que tanto
Investe, com inveja, contra a profecia,
Reis magos avisam que uma estrela-guia
Indica o rumo do casebre santo.

Ao fugires levando tua amada e o menino,
E no Egito aguardares pela voz de Deus,
Pensa que guardas o Rei dos Judeus,
Que, assim, cumprirá sagrado destino.

Salve, Bendita! Eis a saudação:
Bendito é Teu filho que irá nascer!
Tua prima, por certo, vai te receber,
E, do ventre dela, se alegrará João.

Gabriel, o anjo, disse em Nazaré:
“Salve agraciada, o Senhor é contigo!”
Em teu colo manso encontrará abrigo
A Criança que, um dia, norteará a fé.

Não te entristeças: presságios, pavor...
Raquel não querendo ser consolada,
Herodes, a dor, o exílio, a empreitada,
Bendita és, mãe do Salvador!

Menino, vendo-Te assim deitadinho
Em meio à paz que no presépio existe,
Em sonhos quero Te falar, tão triste,
Sobre o que Te espera ao longo do caminho.

Reis, pastores, animais, enfim...
Tua família ao Teu redor, a luz...
Não posso esquecer a morte na cruz
Para salvar a humanidade, por nós, por mim.

Envolto em panos, manjedoura tão linda,
Ao Te olhar, vens e diz-me ao ouvido:
Alegra-te, homem, tudo deve ser cumprido,
Estarei contigo, se me quiseres ainda.

                                                                   (Gildo Henrique)



NATAL

Está chegando o Natal!
Por todos os lados euforia,
luzes, músicas, alegria,
desejos de ser feliz...
E os planos que a gente faz,
falam de amor, de ventura,
já não se tem a amargura,
que às vezes, nós carregamos...
e vejam: que maravilha!
Ao brilho daquela estrela
despimos nosso egoísmo
e até nos outros pensamos...
Tomara que o Natal fique
dentro de mim, de vocês...
E o bem que Jesus nos fez,
dentro de nós justifique...
(Ângela Sarmet Moreira)

O SONHO DO NATAL NA CASA ASSASSINADA
                             “... Era esta a sala... ( Oh! Se me lembro e quanto)”. – Luís Guimarães Jr.

Mesmo morta, cruelmente assassinada ela ainda está de pé. Por estar morta, não pede socorro. Por estar morta, não me olha quando passo por ela, apressadamente, procurando fugir da sensação de contemplá-la morta, quando me vejo mais órfão que nunca...

Lembro-me de que, ao sair todos os dias do seu interior para trabalhar, durante quarenta anos, eu glorificava a Deus por nela ter encontrado refúgio, filho pródigo que fui, após onze anos de louco hedonismo pelas plagas cariocas. No seu interior, o chefe de família encontrava-se com o colegial dos anos 30 e 40, com o liceísta que, no passado, vivia singelamente os valores do Cristianismo, sem nunca deixar de louvar a Deus ao dela sair ou, retornando, ao atravessar a sua porta de entrada.

No Rio de Janeiro, o jovem dos anos 50 perdeu o hábito de rezar pelas inúmeras graças recebidas. Voltando para a sua cidade, a velha Casa acordou-o da longa  letargia. Sim. Foi ela que o despertou, que o fez novamente sentir intensamente, mas o fez com todo o carinho do mundo, pois em suas paredes, já na época salitradas, ecoaram os vagidos da criancinha de 1929.

Inspirada pelo altruísmo dos seus donos, a velha Casa foi abrigo seguro de pessoas que viviam na zona rural e que, por falta de recursos, nela buscavam, como se fosse um hospital, a solução para as enfermidades que as afligiam. Quantas, sob o seu teto, recuperaram a saúde. Alguns, apesar de todos os esforços empreendidos, bafejaram os últimos suspiros. Tudo isso diante dos olhos atônitos do menino estarrecido com as dores do mundo.

Lágrimas, choros convulsos e risos reconfortantes tornaram-se um amálgama inspirador e indestrutível, porque nela celebrávamos cotidianamente o espantoso milagre da vida. Nela o adolescente de tantos anos atrás presenciou, abismado, antes da chegada dos médicos solicitados, com urgência, uma jovem atacada de loucura furiosa recuperar-se com o simples espargir sobre ela a água captada na Gruta de Lourdes, onde Bernadette deparou-se com a pessoa santíssima de Maria. Água trazida da França por um jovem e cético médico – quem sabe o preferido de todos ? – para a Mãe profundamente religiosa.

Assassinaram a Casa, quando a abandonaram os Antão da Silveira, os Ribeiro Rangel, os Ribeiro Abreu, os Costa da Silveira, os Moreira da Silveira, todos esquecidos de que nela foram vividos, num sacrossanto aconchego, os mais doces festejos natalinos. Mas haverá um outro Natal, pois o Milagre de Lourdes, realizado no seu interior, nos dá a Esperança do reencontro. A velha Casa totalmente reconstruída. Teto de ouro... paredes de prata... o mais belo presente do Menino Jesus...
(Fernando da Silveira)

 NATAL DE OUTRORA

Aproxima-se o Natal!
Na casa humilde, Morro do Alemão,
rangendo as engrenagens, passa o velho caminhão,
deixando refrigerantes para a grande  festa.
Dourado líquido e  rótulos com  pinguins
fazem sonhar  a criançada inusitados sabores.

Num sábado qualquer papai arma a Árvore
cercado pelos  anjos de dezembro,
e já não é um sábado qualquer...
Da filharada os olhos infantis neste dia
emitem luminosas faíscas de alegria
como os prismas dos enfeites natalinos.

A antiga geladeira familiar no quintal
agora, sim,  tem sua serventia
(Durante o ano serve para guardar jornal...)
Sobre  cavaletes, a tosca mesa  de madeira,
toalha branca, os pratos com iguarias...
(A que custo, meu  Deus, ninguém sabia)

Chegam os irmãos,  papai prepara a ceia,
pratos e compoteiras de vidro barato
rebrilham as luzes da Noite Especial.
Minha mãe sorri de  amoroso prazer
ao ver reunida a já dispersa prole
na doce e gostosa alegria do Natal...

Grande conversa familiar à mesa:
desfilam causos, confidências, estórias,
assim que  o rubro tom do vinho tinto
vai  passando  às  faces cor-de-rosa.
O patriarca preside a concorrida ceia
filhos e filhas, netos, genros, noras...

Dia seguinte:  com as crianças da casa,
seus velocípedes, carrinhos e  gaitas,
bonecas de   pano,  panelas de lata,
de novo à mesa para o almoço natalino
e sob um pálio de velhas colchas recosidas
para amainar o sol àquela hora...

...vivemos a graça de momentos mágicos
desde então fixados em nossa história
como indelével marca dos Natais de Outrora.
(Renato Alves)

NATAL

Já se pode sentir algo novo no ar
Os sorrisos se alargam, a esperança se renova
É como se uma nova chance aflorasse em nossas vidas.
É tempo de amar mais, beijar mais, abraçar mais...

Tempo de cuidar das pequenas coisas,
De pronunciar palavras carinhosas,
Comprar presentes, se doar,
Perdoar e se perdoar.

Corremos o ano todo para justamente agora
Pararmos para uma reflexão.
É Natal! Chegamos ao final de mais um ano.
Que os sinos da alegria e renovação possam entoar em nossas
Casas, anunciando o nascimento daquEle que sempre reinará
Em todos os séculos: JESUS!
(Rita Rangel)

Nenhum comentário:

Postar um comentário