segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ciranda de Natal (9)

ILUSÃO DE NATAL

Cresci na doce ilusão,
que existisse papai-noel!
somente aos oito anos,
tive uma decepção cruel!

Pedia todo ano
quando perto estava o natal,
que ele colocasse em meu tamanquinho
uma boneca, na janela do quintal.

Talvez vocês não entendam
porque eu não disse sapatinho,
é que naquele tempo
eu só tinha mesmo um tamanquinho!

E colocava na janela do quintal,
na esperança da boneca ganhar,
porém no dia seguinte
tamanco vazio; a boneca não estava lá.

Então eu criança pensava:
o que fiz de tão errado
para o presente não merecer?
e achava ser castigo,
a boneca não receber.

Um dia, véspera de natal
na venda, vi minha mãe comprar,
uma galinha plástica, pequenina
que a gente apertava, para os ovinhos botar.

E aí no dia seguinte:
no tamanco que botei no quintal,
dentro estava a galinha,
era meu presente de natal!

Só então que compreendi,
que a gente ganhava alguma coisa,
se o pai ou a mãe pudessem comprar,
e que papai Noel não existia,
para nos presentear.
(Vitória Rangel França)


MAIS UM NATAL

Ela sempre achava difícil
Sobreviver a um outro Natal
Era um aperto no peito
Inexplicável
A saudade dos filhos e netos distantes
Aumentava
O rebuliço das compras
A promessa de tempestade
Por causa do calor da estação
Tudo pesava no coração.
Não era tristeza
Não era comiseração
Era um desconforto sem razão
Eu era pequenina e não conseguia entender
A festa tão esperada
A chegada dos que moravam fora
O festival de malas pequenas e grandes... o embolar para dormir
Os presentes... o Papai Noel...
E ela tão desanimada
Reclamando do alvoroço:
- Não estou mais para tanta confusão.
Em algum momento da vida
Minha linda mãe perdera o ânimo
E o Natal também ficou sem sentido para ela
Mas nunca desisti de contagiá-la
Com a minha alegria de mais um nascimento do Menino.
Todos os anos...
Amei a árvore
Fritei as rabanadas
Temperei a carne branca
Cozinhei as castanhas, as preferidas do meu pai
E recebi os dois até muito velhinhos
Em minha sala de jantar
Arrumei a festa
Preparei as rezas e homenagens
Só para ganhar da tristeza da minha mãe.
Hoje já não posso mais
O desânimo dela espantar
Meu Natal fica sempre com menos sentido
Nem meu pai está mais lá.
A saudade me traz
O “não quero nada” da minha mãe
A voz forte do meu pai na hora das orações
E a certeza de que em algum lugar
Eles estão...
A nos proteger, a nos espiar, unindo nossos corações.

(Márcia Luzia Gama de Jesus Pessanha)

TROVAS NATALINAS

Das alturas desce um hino,
doce canto de louvor:
_ É Natal do Deus-Menino,
nosso Rei e Salvador!

Peçamos neste Natal
que a esperança acenda a luz
da paz, com amor fraternal,
louvando a Cristo Jesus!

Que Jesus, todo bondade,
queira unir crentes e ateus
e o Natal da humanidade
retrate a face de Deus!
                                          (
Ruth Farah)


NEVE EM MEU NATAL... 

Ainda guardo, muito viva, uma lembrança
Da minha mãe enfeitando, com algodão,
Um galho seco, alguma planta ou coisa e tal...
Fazendo assim, nos alegrava o coração.
Naquele tempo, tão distante, de criança,
Ela nos dava este presente no Natal. 

Aquele branco, imaginado e nunca visto,
Que recobria aquele galho pequenino,
(Era dezembro... Era verão, quase janeiro),
Virava neve nos meus sonhos de menino.
E mesmo sendo previsível e previsto,
Eu esperava por aquilo o ano inteiro.

Sempre pensei que, em minha vida, eu não veria
Jamais, a neve a me cair sobre a cabeça,
Como num filme ou história infantil...
Mas lembro bem e, talvez, jamais esqueça
De que me punha a imaginar como seria
Eu ver a neve assim, caindo no Brasil.

Mas, dia desses, me dei conta, com surpresa,
Observando meus cabelos, com atenção,
Que a propria vida me deu isto, afinal.
E eu senti enternecer meu coração,
Naquele instante em que tive esta certeza:
Finalmente, eu tenho neve em meu Natal...                                                    
(Wagner Fontenelle Pessôa)

NATAL

Natal é tempo de mudança,
de transformação,
substituindo
o egoísmo pela generosidade,
a indiferença pela atenção,
a ingratidão pelo reconhecimento,
as palavras ao vento por verdades,
o rancor pelo perdão,
a grosseria pelo respeito,
o medo pela confiança,
a falsidade pela sinceridade,
a inveja pela satisfação do outro.

Colocando no lugar
do desânimo - a esperança,
da arrogância - a humildade,
da preguiça - o trabalho,
da dominação - a cooperação,
da tristeza a - alegria,
da  ansiedade - a calma,
do retraimento - a comunicação,
da indelicadeza - a cortesia,
do julgamento cruel - o crítico e construtivo.

Trocando
a tensão por descontração,
a indiscrição por prudência,
a instabilidade de humor por bom humor,
a indecisão por determinação,
a desonestidade por decência,
o pessimismo por otimismo,
a contradição por coerência,
a irresponsabilidade por  compromisso,
o mal pelo bem.

Que troca eu preciso fazer?
                                                    (Heloisa Crespo)

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