No país campeão do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) por dez anos consecutivos, a Finlândia, 80% dos jovens que concluem o ensino médio optam por um curso de educação profissionalizante, chamada de educação vocacional, e não seguem para a universidade.
O curso tem duração de três anos e é oferecido em tempo integral. Os estudantes que querem seguir carreira no ensino técnico podem ainda optar por uma especialização depois de três anos e uma espécie de mestrado após cinco anos da conclusão do ensino técnico. O ensino é público.
“O objetivo desta modalidade de ensino é preparar o jovem para a vida profissional. 80% dos jovens que vão para o ensino vocacional já seguem para o mercado de trabalho”, afirma Matti Haapanen, da delegação da Finlândia, um dos 51 países que participam da 41ª edição da World Skills, em Londres, na Inglaterra. O evento reúne cerca de mil estudantes e termina neste domingo (9).
Algumas escolas, principalmente no sul do país, oferecem as duas modalidades de ensino médio (regular e técnico) concomitantemente. Porém, de acordo com Haapanen, ainda é pequena a porcentagem dos estudantes que optam em fazer ambos os cursos de forma conjunta.
Segundo Haapanen, 15% dos egressos do ensino vocacional optam pelas universidades politécnicas que oferecem o que se assemelham a cursos tecnólogos no Brasil, e os 5% restantes ingressam nas universidades tradicionais. Nestas é o possível seguir carreira acadêmica e cursar doutorado. A grande maioria das instituições de ensino superior do país é pública. Para conquistar uma vaga é necessário passar por um exame rigoroso.
Referência
Para Haapanen, é uma surpresa se manter no topo de avaliações como o Pisa, já que eles não trabalham com nenhum tipo de exame que afere a qualidade do ensino. “Raramente nossos moradores vão estudar em outra cidade”, diz.
Na Finlândia, todos os professores da rede pública têm no mínimo mestrado e a carreira é muito valorizada, inclusive pelos jovens. “Os professores têm uma reputação boa, é cultural. Muitos alunos querem ser professores porque veem a carreira como algo estável, apesar de não ter salários muitos altos.” De acordo com o representante finlandês, os docentes têm autonomia para trabalhar, podem criar seu próprio currículo sem controle do Estado, principalmente no ensino fundamental.
Um professor da rede pública da Finlândia ganha, em média, 40 mil euros por ano. Um médico no mesmo país recebe cerca de o dobro do salário.
Brasil no Pisa
O Pisa é um ranking internacional de ensino elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e divulgado a cada três anos. Em 2009, o programa avaliou 470 mil estudantes. Desse total, 20 mil eram brasileiros. O Brasil ficou com a 53ª colocação entre 65 países.
O Pisa avalia conhecimentos de leitura, matemática e ciências dos adolescentes. O Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), é quem aplica a prova no Brasil.
G1
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