A fama do Colégio Bandeirantes, inaugurado em 1934, vai muito além da capital paulista. Não bastasse os nome famosos que estudaram por lá, como o atual ministro da Educação Fernando Haddad, o jurista Ives Gandra, o cardiologista Adib Jatene e o falecido ex-governador Mário Covas, a escola é conhecida como porta de entrada do vestibular mais concorrido do país, a Fuvest. E nem sempre essa fama tem como foco os pontos positivos da escola.
O modelo de ensino, por exemplo, comenta- se, é focado na competição acirrada entre os alunos, com salas divididas por notas, dos melhores para os piores. Quem não se adaptar e repetir o ano é convidado a se retirar. A escola não lida com o fracasso, ela quer os melhores.
Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente e também ex-aluno do colégio, até acha graça de alguns comentários sobre a escola. Mas garante que parte é verdade, como a competição e o ranqueamento por notas no ensino médio.
Outros nem tanto: há mais de uma década a escola deixou de convidar os repetentes à frequentarem outros colégios. Não que ele acredite que o modelo de ensino da escola sirva para todos.
O Band é bastante competitivo, porque será pormeio da competição que os alunos entrarão no ensino superior, defende. Mas hoje estamos aperfeiçoando esta competição, ressalta. Este aperfeiçoamento passa por mudanças estruturais no modelo de ensino da própria escola.
Preocupados com o futuro da Educação, o colégio encomendou um estudo à consultoria Mandalah sobre as macrotendências que vão nortear as mudanças na Educação. E para a surpresa de Aguiar, o colégio certamente não está na primeira sala no quesito quebra de paradigmas da educação.
Sinceramente, achei injusto quando vi alguns tópicos do estudo , explica o diretor, com a indignação de um aluno que não ficou na posição estimada. Temos uma pressão para mudar a sociedade e a Educação tem um papel grande nisso. Temos de ser inovadores, afirma.
Por isso, é com a mesma determinação que exige empenho de seus alunos, que o Band deve promover mudanças internas. Hoje temos um modelo de educação tradicional eficiente e eficaz, mas ainda o professor se posiciona como o detentor do conhecimento e o aluno como receptor, diz.
A Mandalah entrevistou educadores do Brasil e do exterior, jovens casais que começam a pensar em ter um filho, alunos, funcionários e professores do próprio colégio, além de especialistas em políticas de Educação.
O resultado foi um quadro com tendências (ver ao lado) que devem ter um impacto muito significativo sobre a Educação no século XXI, relativas a disciplinas, métricas de avaliação, tecnologia em sala de aula, ambiente físico da escola, capacitação de professores e dinâmicas de ensino.
Aguiar explica que o novo cenário é simples: o professor passa a ser mediador do conhecimento e o aluno é o protagonista de sua aprendizagem. Já a aplicação... Temos de atender melhor às demandas individuais dos alunos, que aprendem de diferentes maneiras. A escola de ensino massificado não nos atende mais, explica.
O colégio aposta que as novas tecnologias vão ajudar. Os tablets, por exemplo, como não são tão invasivos na sala de aula como os computadores, vão facilitar o acesso às informações , diz. O problema é que não adianta só colocar tecnologia na sala: Temos que preparar os professores para trabalhar com ela, ressalta.
Brasil Econômico (SP)
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