sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Atuar com música é desafio


Partindo do clichê de que a música está presente em momentos marcantes, nos faz relaxar, anima o ambiente, entre outras mil possibilidades, não é todo mundo que a encara como profissão.
Tocar flauta, violão ou teclado, entender um pouco mais sobre o fenômeno musical ao longo da nossa história não são atividades cotidianas na maioria das Escolas pelo Brasil.
Para minimizar essa distância, a lei 11.769 estabelece a obrigatoriedade do ensino de música no Brasil e o prazo para que as Escolas se adaptem às exigências termina este ano. Mas o que esperar do mercado de trabalho?
De acordo com o coordenador do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Dr. Gerardo Viana Júnior, ainda não há mudanças significativas porque os sistemas e as instituições de ensino ainda estão em processo de adaptação.
"No entanto, acreditamos que, em breve, surgirão novas oportunidades de emprego. Atualmente, o mercado ainda se concentra principalmente nas Escolas privadas e nasEscolas especializadas de música", explica Gerardo Viana.

O que esperar do mercado
A média de salário, segundo o coordenador, é a mesma de professores das redes públicas estaduais e municipais. Ele explica que a maioria dos concursos públicos, por exemplo, é para a área de artes em geral.
"Estamos tentando estabelecer canais de diálogo com os sistemas educacionais a fim de esclarecer a necessidade de formular concursos para vagas específicas. É muito complicado imaginar que uma pessoa com formação em Música possa dar aula de teatro ou de dança. Cada linguagem artística tem sua especificidade e precisa ser trabalhada com formação adequada", resume.
Gerardo Viana lembra que as Escolas precisam se adaptar, estabelecer condições necessárias para o funcionamento das aulas de Música. Isso significa comprar materiais didáticos, instrumentos musicais, além de adequar espaços físicos para que as atividades não interfiram no ambiente sonoro da Escola.
Há também a questão cultural. "Normalmente, as pessoas encaram a Escola apenas como um espaço que vai viabilizar uma melhoria de padrões de vida, garantindo um futuro profissional promissor. Essa visão utilitarista faz com que se deixe de lado outros aspectos da formação humana que também devem ser essencialmente trabalhados como a educação da sensibilidade e da sociabilidade".

Sobre a formação
Fortaleza conta com duas Licenciaturas e um curso técnico na área de Música. Na UFC, as seleções registram uma média de 5 candidatos por vaga.
Diferente do que muita gente pensa, não há exame de aptidão. De acordo com o coordenador, essa foi uma escolha estratégica. "Uma vez que não possuímos Escola pública e gratuita de Música em nossa cidade, exigir conhecimentos musicais prévios seria contribuir para uma elitização ainda maior do acesso à linguagem musical".
Atualmente, o curso forma uma média de 12 profissionais por ano, em virtude do número reduzido de professores, o que limita a formação de turmas semestrais.
Diário do Nordeste (CE)

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