Os temas eram todos fascinantes, daí o sucesso do Congresso Internacional de Educação, realizado em Brasília, com a proposta-compromisso: “Uma agenda urgente”. Iase desde a justiça pela qualidade da Educação até as avaliações externas, passando pela definição das expectativas de aprendizagem, sob a inspiração do movimento brasileiro “Todos pela Educação”, que trouxe renomados especialistas para o encontro, realizado nas instalações do Conselho Nacional de Educação.
Com a convicção de que a nossa Educação “está melhorando, embora em ritmo lento” e a ideia de que “a cultura da avaliação avançou no País”, preocupa os nossos educadores uma série de questões, como a ampliação da jornada escolar, a reformulação da estrutura curricular, a indisciplina, a violência, a falta de foco na aprendizagem e o precário conhecimento dos professores, muitos dos quais não dominam os respectivos conteúdos.
Não é pouca coisa.
Ficou o convencimento muito forte de que é preciso repensar a escola, como se depreende das judiciosas palavras da educadora Malvina Tuttman, que hoje preside o Inep. Para ela, “o que importa é avançar no direito de aprender.” Manifestou sua discordância do relevo dado pela imprensa aos rankings do último Enem: “Só o número alcançado não representa nada. O que importa é valorizar os jovens que fazem as provas, para que alcancem o aperfeiçoamento.”
No debate animado que se seguiu, ouvimos referências à necessidade de continuidade, ao pleito de uma boa Educação para todos e ao cuidado do sistema de não exagerar no número de avaliações, para que elas não substituam horas preciosas de aprendizado com as próprias aulas.
E denúncias incríveis, como a de que somente 11% dos alunos sabem o que deveriam em termos de matemática, levando à existência de uma sociedade elitista e excludente, o que naturalmente não pode deixar os educadores tranquilos.
Sentimos no encontro a falta de referências mais explícitas aos salários dos professores, causa de tantas greves ocorridas ultimamente (como a de mais de 100 dias em Minas Gerais) e ao problema da disciplina nas escolas, o que provoca o terrível e comentado bullying.
Quando concluiu as suas emocionadas considerações, a professora Malvina Tuttman, com a sua grande experiência de escola pública e na reitoria da Uni-Rio, confessou à plateia que gostamos de falar sobre, mas seria melhor falar com (com os professores, com os pais, com os alunos), para que houvesse mais afetividade na aprendizagem.
“Não se pode só interpretar as escalas ou matrizes de referência, pois a avaliação tem um objetivo muito mais amplo.”
Ocorreu-nos, depois de ouvir isso tudo, a sugestão de propor ao Inep que lidere um movimento para que, na programação da televisão educativa, hoje uma realidade nacional, sejam feitos produtos específicos que permitam uma útil troca de experiências entre as escolas brasileiras, como se faz com sucesso hoje na China.
Jornal do Commercio (RJ)
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