O mais recente relatório anual de monitoramento da Educação pelo movimento Todos Pela Educação aponta que hoje o maior desafio é oferecer Educação de qualidade a todas as crianças e jovens.
Dados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), por exemplo, comprovam que o desempenho dos alunos defasados no fim do período de alfabetização é ruim (o melhor índice foi de 56,1%) em todas as disciplinas avaliadas: escrita, leitura e matemática. Em meio à divulgação do estudo, dias atrás, o Brasil recebia pesquisador de tecnologia educacional, o indiano Sugata Mitra, professor da Newcastle University (Inglaterra) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
A convite da Fundação Telefônica/Vivo, ele veio ao país para participar da Campus Party e ali contou como comprovou que crianças expostas ao computador rapidamente entendem seu funcionamento, melhorando a leitura, a compreensão e a capacidade de responder a perguntas. E mais: elas ficam com a autoestima mais elevada e mais confiantes, o que as leva a um novo comportamento.
Um questionamento que permeou não só a palestra de Sugata, mas outros debates sobre Educação dentro da Campus Party, foi a respeito do modelo de Educação, que prioriza a capacidade de decorar, ignorando que hoje já existam diversos dispositivos para realizar essa tarefa. Ou seja, ao invés de decorar, os alunos poderiam se ocupar de atividades mais profícuas, como interpretar dados ou criar. Mas, como mudar um modelo que vem sendo seguido há 300 anos e que, cada vez mais, se torna desinteressante para os estudantes?
O movimento Todos Pela Educação direciona para toda a sociedade a responsabilidade de propor políticas que resultem na oferta de uma Educação universalizada e de qualidade. Há uma urgência imposta pelo próprio crescimento econômico, e a certeza de que a Educação é um das ações mais importantes contra a pobreza e a exclusão. A iniciativa privada deve, portanto, se sentir conclamada a participar. Um exemplo de contribuição do setor privado à Educação ocorre em telecomunicações. É Projeto Banda Larga nas Escolas, pelo qual as empresas do setor conectaram com internet em alta velocidade todas as instituições pú- blicas de ensino do Brasil nos tornando um dos únicos países do mundo a atingir este objetivo.
De acordo com a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), só em 2011 foram ativados novos pontos de conexão em 4.506 unidades escolares, o que representa mais de 12 instituições conectadas por dia. O desafio agora é inserir as escolas rurais na era digital. Quanto mais isolada a unidade de ensino, mais a tecnologia pode ajudar na formação dos estudantes e de professores.
Em sua passagem pelo país, Sugata Mitra foi ao Parque Santo Antonio, comunidade periférica da cidade de São Paulo, para uma demonstração de como as crianças conseguem rapidamente usar a tecnologia para aprender. Não é surpresa dizer que a experimentação foi bem-sucedida. A introdução das tecnologias de informação e comunicação nas escolas tem-se mostrado capaz de instigar crianças e jovens a fazer descobertas e a enfrentar desafios que a cada dia se impõem pela intensificação da cultura digital. Chegou a hora de darmos um salto nesta direção e, quem sabe, aproximarmos a escola dos requisitos exigidos pelo mundo contemporâneo.
Françoise Trapenard, Diretora-presidente da Fundação Telefônica, in: Fonte: Brasil Econômico (SP)
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