sábado, 28 de abril de 2012

É difícil aprender inglês na escola

Disciplina obrigatória a partir do 6.º ano do ensino fundamental, o “inglês de colégio” – como é pejorativamente chamado o ensino da língua inglesa nas Escolas regulares – virou sinônimo de conhecimento superficial e insuficiente para se comunicar. Para especialistas, o ensino de língua estrangeira ainda é desvalorizado nas discussões sobre Educação, as condições de trabalho dos profissionais são precárias e os métodos de ensino são meramente burocráticos.
O problema é mais evidente na rede pública, mas um grande número de instituições privadas segue os mesmos padrões, tornando quase obrigatória a matrícula de crianças e adolescentes em cursos de idiomas no contraturno para que dominem uma segunda língua.
A engenheira ambiental Ana Paula Tebaldi, 28 anos, estudou em colégio público e sentiu a necessidade de fazer um curso particular de inglês antes de entrar na faculdade. Ciente da importância do idioma e sem acreditar que o ensino regular daria conta de fazer com que o filho aprendesse inglês, ela já matriculou Artur, 6 anos, em uma Escola privada de inglês. “Quando a instituição trata exclusivamente do ensino de línguas, o aprendizado é melhor”, considera.

Faculdade de Letras não é suficiente para formar bons professores
Embora uma boa estrutura e um sistema de ensino eficaz sejam essenciais para a aprendizagem, a qualidade da aula depende em grande parte da formação do professor. De acordo com o professor Luiz Fernando Schibelbain, para ensinar alguém a falar inglês não basta ter apenas faculdade de Letras. “Quando eu era aluno aprendi teorias sobre a língua, mas não a dar aula de forma comunicativa”, conta. Para ele, as universidades deviam se preocupar em capacitar os acadêmicos a ensinar idiomas de modo menos burocrático.
A fraca capacitação dos professores é confirmada por Marila Hanech, coordenadora do curso de inglês do Centro Europeu. Ela relata que recebe frequentemente na instituição professores de língua estrangeira da rede pública que se matriculam no nível básico, com um conhecimento do idioma muito abaixo do esperado para um profissional da área. 

Comparação com cursos de idiomas realça deficiência
A professora e doutora Clarissa Jordão, do curso de Letras da UFPR, reconhece os problemas do ensino de inglês em Escolas regulares, mas ressalva que a situação é semelhante em outras disciplinas, embora não existam muitas referências de comparação.
“Há vários alunos da rede pública tendo aulas de método Kumon porque não aprendem bem Matemática, mas não se crucifica o professor dessa matéria, só o de Inglês”, diz. Para Clarissa, é a visibilidade dos cursos de idiomas que acaba colocando em evidência a deficiência do ensino de língua estrangeira nas Escolas.
Segundo a professora, a Escola como um todo não modernizou seus métodos, o que faz o conteúdo parecer irrelevante para os alunos. “Hoje, os jovens aprendem muito de inglês nos games e na internet, por exemplo, e isso não é explorado em sala de aula”, lamenta.
No início do mês, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, disse que interessados em participar do programa Ciência Sem-Fronteiras, que concede bolsas de estudo no exterior a estudantes de nível superior, devem agilizar o aprendizado do inglês para facilitar o ingresso nas universidades internacionais. A cobrança contrasta com as condições oferecidas pelo próprio Estado.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)

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