Questionado se tem o hábito da
leitura, o escritor Ariano Suassuna disse que não. “Eu tenho a paixão da
leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento”, disse ele. Já
o estudioso Antonio Cândido defende o Direito à Literatura como direito humano,
pois se algo é indispensável para nós, deve ser também indispensável para o
próximo. Moacyr Scliar escreveu que a casa da leitura tem muitas portas, e a
porta do prazer é das mais largas e acolhedoras.
Neste mês, comemora-se o Dia Nacional
do Livro Infantil, em 18 de abril, dia do nascimento de Monteiro Lobato, e o
Dia Mundial do Livro, em 23 de abril, falecimento de Cervantes e de
Shakespeare. Estas datas nos cobram uma reflexão sobre a leitura no país.
A pesquisa Retrato da Leitura no
Brasil, divulgada em março, revelou que o brasileiro está lendo menos. De
acordo com o levantamento, o número de brasileiros considerados leitores –
aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a
pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2
milhões (50%), em 2011.
Além das justificativas das novas
tecnologias, falta de estímulo e alto custo, a indiferença dos brasileiros
pelos livros tem raízes mais profundas. Séculos de escravidão levaram os
líderes do país a negligenciar a Educação. A Escola primária só se tornou
universal na década de 90. As bibliotecas e as livrarias ainda não conseguiram
emplacar. Cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca.
Outro fato importante é que só 26%
dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram-se no nível pleno de
alfabetização, ou seja, têm hoje condição de ler e compreender integralmente um
texto longo. Não é possível pensar que exista um país, com o crescimento do
nosso, que possui uma taxa de 70% de analfabetos funcionais.
Portanto, acredito que, no ano em que
declaramos o educador Paulo Freire patrono da Educação brasileira, temos o
dever de lutar para que homens e mulheres enxerguem o mundo com outros olhos,
sem limitações. Por isso, propus a criação da Frente Parlamentar em Defesa da
Biblioteca Pública na Câmara dos Deputados. O objetivo é destacar o papel
estratégico da Biblioteca Pública na formação intelectual do cidadão. Além
disso, promover debates sobre políticas de criação, modernização e capacitação
técnica dos profissionais, para garantir acesso amplo e irrestrito da sociedade
à leitura.
José Stédile, deputado federal (PSB-RS) e
presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública, IN: Zero Hora
(RS)
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