Um dos maiores problemas enfrentados pelos professores é a falta de interesse dos pais pela vida Escolar dos filhos. Isso não varia com a renda per capita. Há pais com baixo poder aquisitivo que estão sempre atentos às atividades dos pequenos. Sabem dizer não e são respeitados.
Mesmo trabalhando fora, acompanham o passo a passo dos filhos, o rendimento Escolar, o comportamento em sala de aula, as faltas, os amigos, as pesquisas e os deveres de casa. Participam com carinho e atenção, mesmo que mal saibam ler e escrever. Sempre que podem vão à Escola, conversam com os professores e orientadores. São conhecidos e falados nas reuniões do conselho de classe. Dão autoridade para que os professores ajam com energia. Evitam superproteger os filhos sabendo que a Educação entre casa e Escola deve ter continuidade. Educam com a simplicidade de quem pensa que “se filho não precisasse de pai e mãe, nasceria em uma árvore”. Ouvem os professores com respeito, conversam quando discordam e pedem ajuda quando não sabem lidar com alguma situação. São respaldados por um projeto de lei que resguarda os pais necessitados de faltar ao trabalho para participar da reunião na Escola dos filhos.
Há também os professores que conhecem os problemas e, quanto mais experientes, mais conseguem a participação da família na relação com a Escola. Quadro ideal.
Acontece que a cada início do ano letivo professores da rede pública entram em greve. A criançada fica sem rumo. A rotina da casa é alterada. O futuro dos filhos é engessado até que a situação se resolva.
Os profissionais que receberam promessas de melhorias salariais não são atendidos. Alguns titubeiam quando pensam nos alunos. Trabalham com a mente, mas o coração fala mais alto. Certo é que, desde os menores aos mais velhos, todos são prejudicados. Adolescentes que conseguiram o primeiro emprego não poderão ter aulas repostas aos sábados. Quem não pode pagar colégio particular perde. Mesmo que a Educação seja constitucionalmente um dever do Estado.
Ari Cunha, in: Correio Braziliense (DF)
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