domingo, 8 de abril de 2012

A crise da educação



É com tristeza que recentemente tivemos a oportunidade de ler matéria jornalística que retrata a situação de penúria da Escola pública brasileira.
Isso se reflete nos elevadíssimos índices de repetência, que no ensino médio gaúcho alcançam o inacreditável percentual de 21,4%, ensejando um prejuízo de R$ 406 milhões para os cofres públicos.
Tal situação denota uma transição de um sistema educacional que, embora limitado em sua extensão, era modelar, para um aparato Escolar de acesso generalizado, mas que, infelizmente, na melhor das hipóteses, pode-se entender como deficiente.
Basta lembrar o que representava para a formação da elite local o antigo Ginásio Júlio de Castilhos, que durante a primeira metade do século 20 formou a maioria dos próceres de nossa terra.
Para entender as razões dessa transformação, é necessário reconhecer a responsabilidade da sociedade como um todo.
No que diz com o poder público, principalmente após a Constituição Cidadã de 1988, que foi pródiga e irresponsável na concessão de direitos, ele se encontra sufocado e exaurido pelas demandas que diuturnamente lhe são dirigidas.
Basta constatar o gigantismo da Secretaria de Educação, com milhares de Escolas, multidão de professores e milhões de alunos, para reconhecer que infelizmente o aporte financeiro do Estado nessa área é insuficiente.
Enquanto as Escolas militares, que não podem ser utilizadas como parâmetro, eis que constituem uma raridade no país, destinam R$ 14 mil ao ano por aluno, a administração estadual investe R$ 1,7 mil para tal fim. A diferença é gritante.
Na outra ponta do problema, há a efetiva responsabilidade dos educadores.
Muitos deles abandonaram a abnegação e o denodo que dedicavam a sua profissão, para utilizar a cátedra como palanque político e fisiológico.
Chegou-se ao ponto do atrelamento partidário do magistério e do acolhimento de postulações absurdas como aposentadorias extremamente precoces e cedência exagerada de professores para outros órgãos, bem como da manutenção de legislação ultrapassada, tudo em detrimento do ensino.
Frente a essa realidade perversa e sem que exista um comprometimento da sociedade com a Educação, o que não implica um simples aumento de vencimentos, não há luz no fundo do túnel, nem perspectivas alvissareiras para o ensino.
Luiz Alberto T. Flores Lenz, Procurador de Justiça, in: Zero Hora (RS)

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