segunda-feira, 18 de março de 2013

O mercado de trabalho brasileiro sofreu profundas modificações ao longo dos últimos anos. A taxa de desemprego caiu de 13,1%, em abril de 2004, para somente 4,6%, em dezembro de 2012, segundo o IBGE. No mesmo período, a taxa de informalidade, medida pela fração dos empregados sem carteira assinada sobre o total de trabalhadores empregados, sofreu uma redução de 34,1% para 22,7%. Houve, ainda, uma forte elevação no rendimento real dos trabalhadores, que aumentou em 29,3% no mesmo intervalo de tempo.
Essa melhora no mercado de trabalho foi acompanhada por uma elevação gradual da Escolaridade média. Acima de 15 anos de idade, a Escolaridade aumentou de 5,5 anos em 1995 para 7,7 em 2011. Avanço importante, mas boa parte dos brasileiros com 20 anos de idade ainda não tem 11 anos de Escolaridade.
Os dados mostram que não existe uma relação direta entre o aumento da Escolaridade média e a redução da taxa de desemprego ocorrida nos últimos anos. Dito de outra forma, não se pode afirmar que à medida que a Escolaridade aumenta o desemprego cai. Em 2011, a taxa de desemprego para indivíduos que nem mesmo completaram a primeira parte do Ensino fundamental (de 1ª a 4ª série) era de 4,3%, enquanto que para os indivíduos que completaram esse ciclo a taxa era de 6,3%. Entre os grupos por nível de Escolaridade, a taxa de desemprego mais elevada ficou com o grupo com fundamental de 5ª a 8ª séries completas (9,7%). Somente a partir do Ensino médio (7,6%) é que a taxa de desemprego começa a cair, até atingir 3,6% para indivíduos com o Ensino superior completo. É por esta razão que a maior Escolaridade média da população não se reflete em redução imediata da taxa de desemprego. A partir do momento em que elevarmos as matrículas do Ensino médio esses resultados benéficos devem aparecer.
Com relação à taxa de informalidade do mercado de trabalho, existe uma relação favorável entre anos de Escolaridade e o número de trabalhadores sem carteira. Os dados sugerem, portanto, que na medida em que a Escolaridade média da população aumenta, a taxa de informalidade se reduz.
Por último, e não menos importante, a evidência empírica suporta um resultado clássico na literatura econômica: a relação positiva entre nível de Escolaridade e o rendimento do trabalhador. A elevação da Escolaridade média do trabalhador contribui para a elevação do seu salário. Para os trabalhadores com Ensino superior, esse prêmio salarial é de 30% por um ano a mais de Educação.
Os avanços educacionais no país estão contribuindo para a redução da informalidade e para o aumento de renda do trabalho. No que diz respeito à taxa de desemprego, a mesma se reduz somente na população de indivíduos com Ensino médio. Atualmente, apenas metade dos jovens na idade "correta" está no Ensino médio. Logo, parte do desafio é a elevação da taxa de matrícula nesse nível de Ensino para que os ganhos do mercado de trabalho sejam ainda mais significativos.
Fonte: O Globo (RJ)

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