quinta-feira, 10 de março de 2011

Escolas como exemplo...

Há escolas que têm servido de exemplo para todas as demais. Elas só aparecem durante um curto período do ano e têm enchido os olhos não só de brasileiros, mas principalmente de estrangeiros. Estou falando das escolas de samba.
Apesar de toda pompa, não é só de samba no pé que vive uma escola – é preciso suar muito até chegar à avenida. Quem assiste às empolgantes apresentações, mal sabe o trabalho que dá organizar tudo: são necessários meses de antecedência para escolher o tema, o enredo e as coreografias, fabricar fantasias e enfeites e ensaiar bateria, passistas e foliões.
O desfile de cada escola é um trabalho quase que totalmente da comunidade. Muita gente trabalha duro, e quase o ano inteiro, para que o espetáculo de apenas uma noite saia conforme o previsto e traga o tão esperado campeonato.
Definido o enredo (a criação e a apresentação artística de um tema ou conceito) e escolhido o samba (a música que irá cantar o enredo proposto) é chegada a hora de colocar em prática o que foi proposto pelo carnavalesco e a direção de carnaval.
Nos barracões, a confecção das alegorias dita o ritmo dos carpinteiros, serralheiros, escultores e artesões... Nos ateliês, costureiras, bordadeiras e figurinistas dão forma às fantasias que darão asas aos sonhos dos foliões... E nas quadras e nas ruas, os componentes ensaiam exaustivamente para encontrar a perfeição entre a harmonia (o entrosamento entre o ritmo e o canto) e a evolução (a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba que está sendo executado e com a cadência da bateria).
Imaginem agora as nossas escolas (estou falando das instituições escolares) com este mesmo pique. Nossa Comissão de Frente formada por pessoas bem preparadas para receber nossa comunidade (alunos e pais), tendo bons gestores, responsáveis por “puxar bem o samba-enredo” não o deixando “atravessar na avenida”, com alas de professores, orientadores pedagógicos e alunos fazendo bonito. Não faltando os adereços e as fantasias que darão o colorido ao espetáculo, a velha guarda cantando...
Podemos metaforizar à vontade, fazendo os possíveis paralelos entre as duas escolas, porém algumas perguntas podem ser levantadas:
    1. Será que enquanto instituição escolar, pensamos somente o processo em vez de focarmos no objetivo maior que é a preparação do aluno para o mundo?
    2. Estão faltando harmonia e entrega a maioria de nossos integrantes?
    3. Como que uma escola de samba com 4.000 pessoas consegue manter tanta sintonia e encantamento, enquanto que em pequenas instituições escolares o trabalho às vezes se torna tão difícil?
    4. Por que numa escola é só alegria enquanto na outra prevalece o tédio e a chatice?
    5. Por que eles que não recebem nada pelo trabalho têm tanta disposição e alegria, enquanto nós que recebemos (pouco, devo reconhecer!) vivemos sempre lamuriando e achando tudo sem graça?
Reconheço que as questões expostas são provocativas (e a intenção é exatamente essa!), mas as respostas ficarão por conta de cada um. Enquanto isso vamos imaginando o que podemos fazer após o período de folia, para que no final do ano letivo possamos colher os bons frutos de nosso trabalho. Pelo menos, em sala de aula, poderemos e deveremos fazer a grande diferença!
Deixo aqui "o meu pedido final: não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar...”
Prof. Erivelton R. Almeida

Nenhum comentário:

Postar um comentário