segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A crise da escola pública

Repete-se e amplia-se, na última edição do Exame Nacional do Ensino médio, a conclusão de que a realidade das Escolas públicas é desalentadora. O desempenho dos colégios mantidos pelos Estados piorou no ano passado em relação a 2010. Dos 50 melhores educandários do país, apenas três são públicos, e todos são federais – na edição anterior, eram seis. É uma disparidade grande demais, que não se explica apenas pelo conjunto de distorções do programa encarregado de avaliar estudantes e Escolas do Ensino médio. Entre as deficiências apontadas, denuncia-se com frequência que o Enem faz o confronto da Escola pública com instituições privadas que selecionam seus alunos.
O exame seria assim um duelo desigual de estudantes de colégios muitas vezes precários com Alunos de Escolas de elite. Há dados que comprovam as falhas, como o fato de que, entre as 10 melhores Escolas, em sete eram menos de cem os Alunos que estavam concluindo o Ensino médio e fizeram o teste. Essa seletividade não é suficiente, no entanto, para alterar o conjunto dos resultados e sustentar pretextos desqualificadores do exame. O Enem deve ser mantido e aperfeiçoado, com a correção de eventuais falhas.
Os números divulgados pelo MEC são incontestáveis: 92% das Escolas estaduais tiveram nota abaixo da média geral do país, que já é insatisfatória. E esse não é um problema localizado nas regiões mais pobres. Nenhum Estado conseguiu registrar mais de 20% das Escolas com notas acima da média nacional. A precariedade revelada pela amostragem exige, há muito tempo, reações do setor público.
O descaso com a formação básica assumiu a conotação de desprezo com parcela da população que mais depende do suporte dos governos. Alunos de Escolas públicas são, em sua maioria, de famílias de baixa renda. Privá-los de um bom Ensino é uma forma de ampliar as privações e negar-lhes a chance de crescer econômica e socialmente através da Educação.
Fonte: Jornal de Santa Catarina (SC)

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