sábado, 15 de dezembro de 2012

Educação pública: por que é tratada assim?

Nos últimos anos alguns dados estatísticos parecem camuflar o que há de pior na Educação pública brasileira. O número de Escolas e de universidades espalhadas em cada esquina do país, a quantidade de Professores "formados" por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, a participação mesmo que de forma indutiva nas discussões em torno da Educação, são os principais exemplos dessa amplitude de oportunidades.
Em contrapartida, o resultado do NEM realizado em novembro do ano corrente foi pior que o do ano anterior. Aqui faço alusão ao Tocantins, haja vista que sou funcionário do mesmo, e por isso ressalto que Este talvez, seja um dos estados que mais gasta em Educação, considerando o salário dos servidores, os programas oriundos de outros estados, as "formações continuadas" e o excesso de funcionários "engabinetados" que muito pouco contribuem para a prática educativa, que teve o resultado do citado exame também arruinado, inclusive pior que do vizinho Estado de Goiás tão criticado em função das mazelas arraigadas na Escola pública. O Tocantins, assim como outros, não teve entre as primeiras Escolas com as melhores notas, nenhuma completamente pública estadual, já que os Institutos são Federais e o Colégio Sagrado Coração de Jesus é conveniado.
A aprovação quase obrigatória é outro exemplo de preocupação com números e não com a qualidade. É óbvio que essa é uma questão de avaliação que vem se arrastando há décadas, ou seja, supõe-se que a Escola conheça os modelos de avaliação (diagnóstica, formativa, continuada, etc), no entanto, não a utiliza e se o faz, não condiz com os resultados de aprendizagem vistos principalmente nas avaliações externas, pois se não se ensina, logo, não há o que se avaliar. Então, se passa o Aluno com o ideário de que a Alfabetização se faz ao longo do percurso Escolar, tornando-o mais um Analfabeto funcional.
Ressalta-se que o texto ora escrito não é uma crítica infundada, mas um chamado para uma reflexão tanto dos que governam, quanto do próprio Professor, este, engrenado na máquina do "Estado" acredita que tem feito sua parte e não consegue perceber o abismo que separa a Educação pública brasileira de outros países.
A propósito, cito o último ranking elaborado pela Consultoria Economist Intellegence Unit, a qual aponta o Brasil em penúltimo lugar entre os quarenta pesquisados, atrás inclusive de países menos importantes do ponto de vista econômico.
É verdade que o novo Plano Nacional de Educação tem projetos interessantes e com o aumento da parcela do PIB brasileiro de 5% para 10%, muito pode melhorar os níveis de Educação, isso se os gestores dos recursos disponíveis os administrarem corretamente.
Para conclusão do texto talvez sejam necessárias algumas perguntas que façam com que o leitor se interesse pelo assunto e busque compreender a inoperância da Escola pública em relação à qualidade propriamente dita. Por que em pleno século XXI as Escolas públicas em vários estados brasileiros têm que ter seus gestores indicados politicamente? Por que o Professor tem que ministrar aula em turmas com 35 e 40 Alunos mesmo em espaços insuficientes? Por que o salário de um Professor é tão insignificante em relação aos das demais classes trabalhadoras se o país é hoje o 5º no ranking da economia? Embora seja o 39º em qualidade da Educação. Por que o negro tem que se submeter a um sistema de cotas para ter direito a uma vaga na universidade?
Essas são perguntas que talvez justifiquem a discrepância entre os números e a qualidade propriamente dita. É preciso que a sociedade civil, Professores, pais, Alunos independente da categoria comecem já a exigir direitos que são negados há décadas. É imprescindível que haja "cabeças" que pensam e não apenas que mandam fazer através de projetos utópicos que terminam o tempo de vigência sem cumprir as metas (último Plano Nacional de Educação). É preciso respeito a uma classe que morre silenciosamente. Os Professores.
Fonte: Jornal de Tocantis (TO)

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