segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Educação e combate à desigualdade


Há uma década o Brasil iniciou uma profunda transformação ao fixar que sua prioridade era reduzir a desigualdade a partir do crescimento econômico pautado na formação de um mercado interno de massas.
Os números desse período são reveladores quanto ao êxito das políticas adotadas: em 2003, a população brasileira se dividia em 32% de excluídos, 22% classe média baixa, 20% classe média intermediaria, 16% classe media alta e 10% de classe alta; em 2011, esses percentuais eram, respectivamente, de 28%, 18%, 26%, 19% e 9%. Ou seja, em dez anos, diminuímos a desigualdade, retirando 21 milhões da linha da pobreza extrema.
Tal transformação social se sustentou no aumento da renda da população, decorrência de políticas especificas de transferência de renda e de valorização salarial, que permitiram as camadas mais baixas da sociedade acessar bens de consumo básicos.
Uma das conseqüências positivas desse movimento e a geração de altos índices de empregos com carteira assinada, que alimentam o ciclo positivo que se formou com a ampliação da renda e do poder aquisitivo.
De fato, renda mais elevada e acesso a bens de consumo são fatores de redução da desigualdade. Já defendi a importância de ampliarmos os investimentos em educação, ciência e tecnologia e inovação, sem os quais não completaremos esse ciclo virtuoso em formação.
Afinal, nosso desenvolvimento requer, cada vez mais, qualificação profissional. No entanto, o que sabíamos em teoria ficou cristalino com os dados de pesquisa Datafolha divulgada ha poucos dias: o nível e a qualidade da educação é fator decisivo para ampliar o combate à desigualdade, favorecendo a mobilidade social, e também para proteger a população nos momentos de oscilação econômica, pois representa diferencial nas estratégias para lidar com as crises.
A pesquisa mostra que 77% da classe alta têm nível superior de escolaridade, enquanto que 99% da classe média baixa tem apenas o nível fundamental completo. Os números são retumbantes. Quase que sentenciam que, sem curso superior, jamais se chega à classe alta.
Ciente de que a educação é um dos eixos do desenvolvimento social, o governo Lula investiu como nunca: entregou 126 campi universitários federais, 214 escolas técnicas e 552 polos de educação a distancia. Colheu também melhorias no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Aperfeiçoou o Enem e criou o ProUni como meios de acesso ao ensino superior. Portanto, o que a pesquisa Datafolha confirma e que a condução das políticas socioeconômicas na ultima década foi acertada, permitindo reduzir as desigualdades.
Mas revela também que nosso caminho rumo a uma sociedade mais justa e igual depende do aprofundamento da diretriz de melhorar e ampliar a estrutura de educação publica ao mesmo tempo em que qualificamos o ensino.
Ou seja, aproximar a educação dos investimentos em tecnologia e inovação. por isso, o lançamento do Pronatec e do Proinfancia. Esse e o norte que o Brasil precisa e, felizmente, e o caminho que o governo Dilma Rousseff tem trilhado.
José Dirceu, in: Brasil Econômico (SP)

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