Não há documento oficial, pronunciamento público, especialmente aqueles oriundos de autoridades, que não salientem a prioridade dos projetos nacionais. A Constituição de 1988 estabelece, de forma clara, em seus dispositivos datas para que se supere o analfabetismo, com ou sem adjetivos.
De outra parte, nosso país assinou documento da Unesco, numa das últimas décadas do século, no qual se apontou o ano de 2000 como aquela data fatal para a erradicação daquilo que hoje se chama de patologia social.
O que se observa, entretanto, é que não se vê definido um plano para superar aquilo que se apresenta como a mais importante meta a ser atingida. Agora mesmo, nos próximos dias, deve ser nomeado o novo ministro da Educação, e o noticiário aponta como candidato forte político vinculado à área de sustentação parlamentar do governo.
Não é o nome de alguém experiente na área educacional. Dir-se-á que o político é o técnico das ideias gerais, mas, até hoje, a experiência tem demonstrado que a Nação não foi convocada para estabelecer um esquema para construir um plano nacional, com a colaboração de toda a Nação, para o enfrentamento do analfabetismo.
O combate a este pode ser tratado isoladamente, mister se torna que integre uma visão global da Educação, da base até o topo da pirâmide, de forma que o todo se complete, se identifique e se exprima não como um sonho, mas como uma realidade palpável.
Deve ainda ser levado em conta que formamos uma unidade na diversidade e, como tal, cada estado possui realidades socioeconômicas, culturais diferenciadas, mas não conflitantes. O planejamento nacional a ser estabelecido deve ter presente essas realidades de tal maneira que, para cada igarapé da região da Amazônia, se possa flexibilizar à aplicação do plano.
É urgente, ainda, a preparação de alfabetizadores do Oiapoque ao Chuí, cuja preparação deve ser cuidadosamente feita com a colaboração de educadores de todas as unidades da Federação. Não bastam palavras, mas devem ser praticados atos concretos, aceitando o que somos e buscando o que queremos ser.
Fernando Affonso Gay da Fonseca (professor), in: Correio do Povo (RS)
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