Com a expansão do ensino a distância, é cada vez maior o número de professores de ensino básico que estão se formando por meio de cursos online, com as aulas transmitidas por computadores e televisão.
O sistema funciona por meio da distribuição de apostilas e livros e de uma plataforma na internet, que permite aos estudantes acessar aulas e sugestões bibliográficas.
Ao final do período letivo, vários cursos aplicam provas escritas e provas práticas presenciais, enquanto outros se limitam a pedir fichamentos de leituras, relatórios de atividades de pesquisa e um trabalho de conclusão.
Em 2005, 11 mil pessoas concluíram licenciaturas a distância. Em 2010, foram quase 72 mil. Nesse período, o número de professores de ensino básico formados em cursos presenciais caiu, em média, 3,6% ao ano. Atualmente, os alunos de cursos a distância representam 30% do total de estudantes matriculados em licenciaturas. Há cinco anos, eles eram 5%.
Se esse ritmo se mantiver, em 2015 o número de professores de ensino básico graduados em licenciaturas online será maior do que o número de docentes formados nos tradicionais cursos presenciais. Por terem mensalidades muito baixas, os cursos a distância são os mais acessíveis para grande parcela da população, especialmente nas cidades do interior.
Mas, se por um lado, a expansão das licenciaturas a distância permitirá ao País atender quantitativamente à demanda por professores de português, matemática, física, química, geografia e história, por outro lado, muitos especialistas encaram os cursos online com reservas, questionando a qualidade da formação por eles oferecida.
Segundo o Anuário Estatístico de Educação Aberta e a Distância, do MEC, o aluno de um curso a distância está na faixa etária de 30 a 35 anos, é casado, fez o ensino básico numa escola pública, trabalha de dia e tem um rendimento mensal de até três salários mínimos.
Os defensores do ensino a distância dizem que o sistema ganhou credibilidade e que há cursos online tão bons quanto os tradicionais cursos presenciais.
Mas, há três anos, o MEC suspendeu cursos de graduação a distância de quatro instituições públicas e privadas de ensino superior que, juntas, atuavam em mais de 1,2 mil municípios e atendiam quase 55% do total de alunos dessa modalidade educacional. Os cursos estavam defasados, a infraestrutura era precária e as apostilas eram fracas.
"Ninguém é contra o ensino a distância. Acontece que há um grande arsenal de conteúdo e tecnologia, mas que não é usado. Por exemplo, as instituições não dispõem de equipes suficientemente adequadas para o desenvolvimento dos cursos", diz a professora Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas.
"As críticas à qualidade do ensino a distância são generalizações sem evidência. Inverto a pergunta. Como está a qualidade no curso presencial?", afirma o presidente da Associação de Educação a Distância, Fredric Michael Litto.
Lançada no País há 30 anos pela Universidade de Brasília, com base em experiência desenvolvida por universidades inglesas, a Educação a distância teve um crescimento vertiginoso na última década.
Em 2000, havia 10 cursos desse tipo na graduação, com um total de apenas 8 mil alunos. Em 2008, estavam credenciados no MEC 349 cursos de graduação, com 430 mil estudantes matriculados, e 255 cursos de pós-graduação lato sensu, com 340 mil estudantes.
No início, a Educação a distância se limitava a cursos de especialização e fazia parte de programas de extensão universitária. Com o tempo, o número de cursos de especialização foi suplantado pelo número de cursos de graduação criados com o objetivo de formar professores para as escolas da rede pública de ensino fundamental e médio situadas em cidades do interior ou em zonas rurais.
Para os especialistas, o que deflagrou a expansão do ensino a distância foram os programas de substituição, na rede pública, dos docentes que não tinham diploma por professores devidamente graduados. Vencida essa etapa, o desafio agora é assegurar às licenciaturas a distância a mesma qualidade dos cursos presenciais.
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
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