A partir deste ano, as escolas estaduais de São Paulo vão contar com dois professores em sala de aula, tanto no ensino fundamental quanto no médio.
Eles serão chamados de professores auxiliares e terão de dar suporte aos titulares na assistência a alunos com dificuldades de aprendizagem. Não serão vagas para estagiários, mas para quem já é formado e leciona na rede como efetivo, estável ou a candidato à contratação temporária.
A ideia, que faz parte de um novo sistema de recuperação pedagógica da Secretaria Estadual de Educação, é que os alunos que estejam com dificuldades sejam recuperados no momento em que os problemas de aprendizado apareçam, sem esperar o fim do ano e do ciclo escolar.
A ação recebeu o nome de recuperação contínua. Além dela, haverá outra modalidade: a recuperação intensiva. O professor auxiliar poderá atuar em classes do ciclo 1 do ensino fundamental com mais de 25 alunos. Em cada turma, esse professor poderá auxiliar em até dez aulas por semana.
Já no ciclo 2, apenas as turmas com mais 30 estudantes terão esse docente. No ensino médio, o auxílio será para as salas com mais de 40 alunos.
Em ambos os casos, o professor auxiliar atuará em até três horas-aula por semana, distribuídas em até três disciplinas. O número de professores auxiliares será definido após a atribuição de aulas e início do ano letivo.
Escolha
As escolas terão autonomia para aderir ao projeto e para definir como lidarão com a proposta e em quais disciplinas esse professor atuará. Na prática, o professor auxiliar poderá ajudar em todas as atividades, desde o planejamento escolar até dar aula em conjunto com o docente titular.
De acordo com a secretaria, é a primeira vez que dois professores habilitados são colocados em sala de aula.
Hoje, o projeto Bolsa Alfabetização, vinculado ao programa Ler e Escrever e do qual muitas escolas participam, oferece universitários que cursam Letras ou Pedagogia, chamados de "alunos-pesquisadores", para atuar junto com o docente titular nos primeiros anos do fundamental.
"Independentemente desse aluno bolsista, vamos colocar outro docente, já formado, para trabalhar em parceria com o docente titular", afirma o secretário adjunto João Cardoso Palma Filho.
Ele admite que pode faltar professores para algumas disciplinas, especialmente no ensino médio, onde já existe dificuldade para encontrar docentes de física e química, por exemplo.
"Nesse caso, se não houver professor, a recuperação não acontece", diz Palma. "Mas isso pode ser minimizado se esses professores completarem suas jornadas atuando como auxiliares."
A secretaria ainda vai implementar avaliações semestrais para alunos dos 6.º e 7.º anos do fundamental e 1.º e 2.º do médio. A ação, denominada Avaliação da Aprendizagem em Processo, visa a diagnosticar a situação dos alunos e promover a melhoria do aprendizado durante o mesmo semestre.
A resolução que regulamenta o novo modelo de recuperação e de avaliação deve ser publicada hoje no Diário Oficial do Estado.
Alunos com dificuldades terão turmas especiais
Além da recuperação contínua, a secretaria vai instituir a recuperação intensiva. A proposta é formar classes especiais de até 20 alunos que reprovaram ou que apresentaram dificuldades no ano anterior. O modelo vai funcionar em quatro momentos do ensino fundamental. As classes serão organizadas a partir da indicação dos docentes.
A primeira etapa dessa recuperação é no 4.º ano. A turma será formada por alunos que mostraram defasagem de conteúdo nos anos anteriores.
A segunda é no 5.º ano, nos moldes da anterior, mas com a diferença de que os alunos que reprovaram também serão atendidos - hoje, com o sistema de progressão continuada da rede estadual, os estudantes só podem repetir o 5.º e o 9.º ano.
O terceiro momento da recuperação será no 7.º ano, para quem teve dificuldades durante o 6.º. Por fim, a quarta etapa se dará no 9.º ano, para aqueles que precisarem estudar mais um ano do fundamental antes de irem para o médio.
Este ano poderá ser cursado em sala regular quando os alunos tiverem resultados ruins em mais de três disciplinas - a decisão é da Escola. Com isso, o governo acaba com o atual sistema de recuperação paralela, no contraturno, para quem repetiu o 5.º e o 9.º ano.
O projeto preocupa a educadora da USP Silvia Colello. "Dividir os alunos em bons e ruins prejudica a autoestima e incorpora a ideia do fracasso." / M.M.
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário