terça-feira, 20 de novembro de 2012

A meritocracia como método para melhorar a Educação

Até 2009, o Ensino médio estadual do Rio de Janeiro patinava num melancólico penúltimo lugar do Índice de Desenvolvimento da Educação básica, que mede o desempenho das redes públicas de Ensino do país. Nos dois anos seguintes, o estado teve uma melhoria sensível, pulando para o 15º lugar entre as 27 redes estaduais. O Rio de Janeiro, que até então ficara estagnado numa pontuação de 2,8 do Ideb, registrou, nesse período de avanço, um crescimento de 0,4 ponto, alcançando a nota de 3,2. Uma boa performance, mas ainda assim a Educação fluminense permanece abaixo da média nacional (de 3,7), ocupando a última posição entre os estados da Região Sudeste.
São números positivos se avaliados apenas pela nota obtida na aferição mais recente. Mas, traduzidos para a realidade das salas de aula, evidenciam que ainda há muito o que fazer para melhorar os índices de desempenho do estado. Implicitamente, o governador Sérgio Cabral assume essa perspectiva: sua meta declarada é colocar o Rio de Janeiro no top 5 nacional em 2014.
Para chegar lá, o estado precisa investir mais no setor. Para essa empreitada, devem-se atacar as demandas em duas frentes. Uma, é a melhoria física das Escolas e a ampliação da oferta de vagas, onde for necessário, com a criação de novas salas de aula, entre outras providências materiais de responsabilidade exclusiva do governo; a outra são a valorização e o aperfeiçoamento dos profissionais do Ensino, missão que deve ser compartilhada entre o poder público e a própria categoria.
Em relação a este segundo ponto, do qual depende a qualidade do Ensino, é positiva a iniciativa da Secretaria estadual de Educação de implementar, já a partir deste mês, um projeto-piloto para medir a eficiência dos Professores nas salas de aula. Cerca de cem Escolas da rede fluminense serão visitadas por coordenadores pedagógicos designados pela secretaria e treinados pelo Banco Mundial, para elaborar um mapa de onde atuam os melhores mestres do estado.
O projeto já foi testado em mil Escolas de Minas, Pernambuco e do município do Rio. Em Washington, um programa semelhante descobriu uma fornada de excelência nas salas de aula e, aplicando-se a meritocracia, os salários dos bons mestres dobraram.
Apesar de a meritocracia beneficiar as duas pontas do Ensino (os Alunos e os mestres), sua adoção é objeto de críticas dos tradicionais bolsões corporativistas. Questiona-se a validade de um modelo que estimula o crescimento profissional, contrapondo-se a essa salutar prática de incentivo ao saber e à competência a renitência sindical a quaisquer iniciativas que ponham em xeque anacrônicos privilégios do funcionalismo. A melhoria do perfil educacional do estado deve juntar governo e agentes educacionais, sem brechas para ideais que perpetuam o atraso nas salas de aula.
Fonte: O Globo (RJ)

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