sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O doutor que optou por ensinar crianças

Pedro Cabral Junior tem 51 anos e metade deste tempo passou em sala de aula. Depois de 25 anos estudando, é dono do título de doutor. Todo o conhecimento adquirido repassa para seus alunos da Educação Básica. Como ele, há outros 41 Professores doutores em Santa Catarina no Ensino fundamental – o que representa 0,1% dos 41.787 profissionais. O índice está acima da média nacional, que é de 0,08%.Os dados são do Ministério da Educação, referentes a 2011. O Estado com mais doutores é o Rio de Janeiro, com índice de 0,3%. Baixos salários e até mesmo um entendimento de que lugar de doutor é na universidade levam Educadores a deixarem as Escolas básicas.
Cabral Júnior pensa diferente. A caminho de um pós-doutorado, o Professor de artes, de 5º a 9º ano, do colégio municipal Beatriz de Souza Brito, em Florianópolis, nunca cogitou sair da Escola.
– Aqui é onde eu consigo atingir com mais intensidade as coisas que eu acredito. A revolução que a gente tanto prega é feita no teu espaço de trabalho e na base. É onde eu escolhi estar e ser feliz. Sou Professor por opção, e eu gosto de estar aqui. Me divirto em sala de aula – afirma o doutor em História da Educação pela Universidade de São Paulo (USP).
O Professor Cabral acredita que a Escola é onde começa a construção do conhecimento, das ideias e dos valores. Além de estar no lugar que escolheu, ele também diz que o salário está dentro do que considera justo para um Professor com doutorado, levando em conta seus 28 anos de serviços na rede municipal.
Cabral acredita que há poucos doutores no Ensino fundamental por uma ideia de que ter doutorado e dar aula para crianças é muito pouco. Quando fala que tem doutorado, as pessoas perguntam em qual universidade ele trabalha.
– O status te impõe e obriga que seja Professor universitário e até existe uma desconfiança das pessoas que pensam que não estou na universidade porque não passei em concurso – observa Cabral, que já deu aula em universidade.
Apesar de serem poucos os doutores no Ensino fundamental, ele acredita que a especialização faz bastante diferença em seu trabalho.
– Quando voltei do doutorado, eu brincava: vocês não notaram como eu estou diferente, como estou melhor? Sair do dia-a-dia e ir para os bancos Escolares, estudar e depois voltar para o espaço de onde saiu é ótimo. Ver que existe outras possibilidade de fazer diferente. O dia-a-dia nos cega, impede até que a gente leia e estude. Mas a saída te dá esse refresco – finaliza.
Fonte: Diário Catarinense (SC)

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