sábado, 24 de novembro de 2012

O desafio de ensinar para o século XXI

Gordon Freedman, ex-vice presidente de estratégias globais da Blackboard, deixou o mundo corporativo em 2011 para se dedicar a uma missão: descobrir formas inovadoras de transformar a Educação. Para isso, fundou nos Estados Unidos o Laboratório Nacional para Transformação da Educação (www.nlet.org), que, em parceria com a Universidade Texas Austin, Universidade Califórnia Santa Cruz e o Laboratório Nacional Los Alamos, quer transformar o atual modelo de educa- ção do século passado em um Ensino do século XXI. Em visita ao país para participar do Fórum de Educação 2012, promovido pela Blackboard, Freedman afirmou que não existem fórmulas prontas e que até mesmo modelos bem sucedidos como o de Cingapura não respondem às demandas educacionais do presente. E também que há mais semelhan- ças nos problemas educacionais entre Brasil e Estados Unidos do que se imagina. A seguir, algumas de suas observações. Crise de paradigmas Hoje queremos pessoas que possam pensar por elas mesmas, por que para a economia funcionar, alguns terão que criar novos negócios, afinal, a velha economia de manufatura não é capaz de sustentar as demandas atuais.
Logo, os estudantes de hoje têm novos desafios ao sair da Escola. Mas o sistema de Ensino é o mesmo. Eles têm acesso há tanta informação fora da Escola, mas na sala de aula têm de se adaptar a um modelo criado na época da revolução industrial, com foco na conformidade social. Educação significa um sistema formal, mas aprender não é algo formal. Esse modelo de classe de estudantes não funcionará no futuro — o Ensino tem que ser individual.

O papel do governo

Governos não sabem o que fazer com a Educação. Veja nos EUA, Cingapura ou Coreia - há muita experimentação na Educação e muito dinheiro de fundações e governos. Eles estão fazendo o básico, tentando arrumar o que está errado, sem olhar para o problema. Mas não é a culpa só dos governos.

Desafio dos EUA

Em uma economia avançada como nos Estados Unidos, temos que levar os estudantes à faculdade, porque não é possível fazer como antigamente, quando um Aluno terminava o Ensino médio e conseguia um emprego na indústria ou no McDonald’s. Hoje as fábricas estão no Mexico, Vietnã, China. Mas antes da faculdade, temos que conseguir mantê- los na Escola. Eles abandonam o Ensino médio porque é chato, assim como no Brasil.

O papel da tecnologia

Você conhece a Khan Academy, é o trabalho de um cara que estava frustrado porque seus sobrinhos na Índia não iam bem na Escola. Ele decidiu fazer um ídeo para ensiná-los. O modelo não é brilhante, qualquer um podia fazer isso. Não é questão só de tecnologia, é de acesso. O Aluno pode pegar as aulas online e ir para a Escola discutir os problemas.

Custo da inovação

Educação não é só uma questão de custo. Não adianta pôr mais dinheiro ou dar mais livros. Aliás, a tecnologia ajudar nessa questão.

Hoje fazemos compras on-line, pagamos contas on-line e não é mais caro. A Amazon está chegando no Brasil, com isso vocês terão maior acesso aos livros online. Nos EUA, podemos dar download de livros que antes custavam US$ 20, por US$ 3. Mais do que recursos, temos que usar todos os métodos científicos possí- veis para saber onde somos bem sucedidos e onde não somos. Sozinhos, os Educadores não vão conseguir mudar essa situação. Precisamos de um esforço de toda a comunidade.

Quem faz inovação

Visitei 89 países para ver quem está fazendo sistemas alternativos em Educação e não encontrei nada. Cingapura é capaz de fazer os estudantes terem uma performance altíssima, mas o país não é capaz de ter inova- ção. Hoje eles estão correndo o mundo para entender como funciona a inovação. Mas veja, estamos falando de um país que tem um Ensino conservador. Essa não é a resposta.

Soluções

Por que os estudantes não aprendem a programar, por exemplo. Se um marciano pousar aqui e for ver o que acontece nesse planeta,
verá que tudo é controlado por computador, mas isso não foi incorporado na Escola. Tudo que tocamos é feito por computador.

Um Aluno que aprende a programar, entende lógica, álgebra.

Fonte: Brasil Econômico (SP)

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