terça-feira, 2 de outubro de 2012

Como educar?

 
“Estudo divulgado, no dia 11 de setembro, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, entre 2000 e 2009, o Brasil foi o segundo país, entre 35 nações, que mais aumentou a parcela do PIB investida em Educação. A cifra passou de 3,5% para 5,5%, aumento de 57%, inferior apenas ao registrado pela Rússia, com 90%. Agora, portanto, a relação entre investimento (público e privado) em Educação e PIB se aproxima, no Brasil, daquele realizado pelas nações desenvolvidas: 6,2%, em média. Mais dinheiro, contudo, não foi suficiente para evitar que o país terminasse o período muito mal colocado no Pisa, avaliação internacional organizada pela própria OCDE, desta vez com 65 nações” (http://veja.abril.com.br).
Esse comentário da Veja carece de esclarecimentos. A princípio, parece que os 5,5% do PIB que o Brasil investiu, em 2009, no setor da Educação, estão próximos dos 6,2% do PIB, média do percentual de investimento dos países da OCDE. Na verdade, estamos comparando percentuais de valores completamente diferentes. O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em certa região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
O valor do PIB do Brasil, em 2011, foi de US$ 2,48 trilhões e o dos EUA, no mesmo ano, foi de US$ 13,3 trilhões. Isso significa que o PIB norte-americano foi 5,36 vezes maior do que o do Brasil. Assim, 5,5% (percentual do PIB brasileiro investido em Educação) de US$ 2,48 trilhões são US$ 136,4 bilhões; e 3,6% (percentual do PIB norte-americano investido em Educação) de US$ 13,3 trilhões são US$ 478,8 bilhões, ou seja, de forma absoluta, os EUA investem 3,5 vezes mais que o Brasil, e o percentual do PIB é bem menor! Logo, percentuais de PIB não podem ser comparados como maior ou menor investimento em um dado setor, principalmente em Educação, no qual as demandas (tecnologia, cursos de pós, etc,) possuem o mesmo custo no mundo inteiro!
Dessa forma é bom examinar valores reais investidos em Educação e não sofismar com percentuais relativos! Acho, também, que o Brasil tem investido de forma errada na área da Educação. Para melhorar esse perfil, que tal começar a colocar Educadores no MEC e demais órgãos que cuidam do desenvolvimento intelectual?
Wilson Barretto, professor e diretor da Faculdade ESUDA, in: Diário de Pernambuco (PE)

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