sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Erros e inconveniências

O governo federal, desde a gestão Lula da Silva, vem se servindo do modelo das cotas de vagas universitárias como instrumento de inclusão social das populações negras, indígenas, e, agora, também, das brancas, que tiverem cursado por inteiro o Ensino médio em Escolas públicas. A intenção dos criadores e dos defensores deste mecanismo é a melhor possível. Eis que visam a facilitar aos estudantes que integram as minorias oportunidades de Escolaridade superior, cuja freqüência tem sido um privilégio das classes mais bem dotadas da pirâmide demográfica do Brasil. Na verdade, se há erros e inconvenientes na adoção dessa política, são eles fruto menos da natureza do instituto das cotas em si do que da conveniência, da oportunidade e da maneira de aplicá-la na esfera das redes universitárias. Por sua natureza, as cotas teriam o condão de igualar para ricos e pobres oportunidades democráticas sem distinção.
Mas, na realidade, não é isso que costuma acontecer. E as situações que seguem nesta reflexão parecem contraporem o bom-mocismo das intenções à crua avaliação dos resultados dessas medidas, onde quer que tenham sido adotadas. A primeira consequência está no despreparo intelectual dos beneficiários das cotas, que, depois de matriculados, têm abandonado em grande número os cursos, dado o mau desempenho no processo Ensino-aprendizagem.
A segunda materializa-se na troca do mérito dos que arduamente se preparam para disputar vagas nas faculdades, com os que, sem preparo, apenas se credenciam às matrículas, por razões alheias ao seu esforço pessoal de convívio com os estudos. Cria-se uma espécie de conquista de status, mediante uma carteirada política, no lugar do suor e das lágrimas exigidos pela natureza do Ensino superior da parte dos que aspiram a cursá-lo.
Outras conseqüências negativas tendem a se acumular na vida universitária e social, como, por exemplo, a exacerbação dos sentimentos racistas de brancos contra negros e índios e vice-versa. Isso sem levar em conta que as altas percentagens das vagas por cota (em certos casos, chegam a 50% ou mais) acabarão por destituir as universidades da sua principal finalidade de criadoras de novos saberes, em função da inevitável falência da competência de mestres e Alunos para com os deveres inerentes à pesquisa científica.
Paulo Nathanael P. de Souza, doutor em Educação, in: Correio Braziliense (DF)

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